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Espaço de troca de conhecimento da Galera CAPRiCHO. Um grupo de jovens engajados de 13 a 18 anos que chamamos de leitores-colaboradores e que participam ativamente da vida da redação.
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O hábito de sair para dançar está sumindo?

Um simples costume, que antes era universal, hoje está escasso e difícil de se encontrar. Será que a culpa é nossa também?

Por Karina Souza Atualizado em 14 nov 2025, 15h10 - Publicado em 1 nov 2025, 17h00
Q

uando foi a última vez que você, leitor do Blog da Galera, saiu e dançou? Foi na última festa junina? No aniversário de algum amigo ou parente? Ou o hábito de dançar não faz parte da sua vida? Provavelmente muitos escolheram a última como resposta. Assim, um hábito tão antigo e que traz benefícios à saúde vem perdendo força e se tornando menos comum. E, hoje, iremos conversar um pouco mais sobre isso.

Nos séculos passados, os bailes e as danças eram as oportunidades perfeitas de cortejar alguém (os bailes de Bridgerton que nos diga). Na década de 1950, as lanchonetes com as jukeboxes e espaços para girar faziam as tardes da então “juventude transviada” – diversas cenas de produções como “Grease: nos tempos da brilhantina” e “Garota do momento” mostram esse hábito. Nas décadas de 70 e 80, os adolescentes contavam os minutos para ouvir as músicas que mais gostavam e ver o seu interesse romântico nas matinês/discotecas (pergunte aos seus pais ou tios mais velhos, com certeza, eles têm muitas histórias sobre).

Nos anos 90 e 2000, os jovens passavam a semana inteira ensaiando os passinhos para arrasar nos bailes. Na década passada, as baladas (ou noitadas, como quiser chamar) era o rito de iniciação de todo jovem adulto. O costume de sair e dançar era, por muito tempo, uma das principais formas de socialização e de construção de relações interpessoais. Ele acompanhou inúmeros jovens, casais e causas ao longo de gerações e, atualmente, vejo isso perder a força.

Eu tenho uma irmã mais velha e uma prima de idade próxima a ela. Quando criança, eu assistia elas se arrumando para ir para as baladas e pensava que quando tivesse a idade delas eu iria ter o costume de sair pra dançar também. Hoje, com a idade que elas tinham quando eu era menor, eu não tenho esse hábito. Não só eu como muita gente que eu conheço. Não sei determinar um motivo específico para isso. Tenho certa tendência em culpar o avanço tecnológico, mas também vejo outros fatores afetando esse assunto.

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A razão de culpar o avanço tecnológico é meio óbvio. Temos tudo que precisamos no celular. Se quisermos socializar e criar relações com alguém podemos fazer pelo celular, não precisamos, necessariamente, sair para isso. Além da tecnologia, o aumento da violência em várias cidades brasileiras também pode se relacionar com a redução desse hábito. Com as ruas cada vez menos seguras, os pais e até os próprios jovens não querem sair, principalmente à noite, por medo de algo acontecer.

 Observando mais a fundo, não só fatores externos impactam essa questão, mas fatores internos da adolescência atual também. Hoje está sendo comum ver uma mudança na forma que os adolescentes acreditam que é a forma certa de se divertir. Ir a cafeterias com os amigos, ficar em casa vendo filme, maratonando séries, jogando e muitas outras atividades estão sendo escolhidas no lugar de sair para dançar. Junto a isso, o aumento do conservadorismo na população jovem pode se mostrar como um ramo dessa mudança interna. Muitos tipos de dança são consideradas sinônimos de perdição e pecado pelas classes conservadoras da sociedade. Com muitos jovens se tornando dessa parcela, dançar deixa de ser atrativo.

Também não acho justo colocar culpa somente nos fatores sociais. Acho que causas individuais podem se somar a tudo isso. Muitos adolescentes têm vergonha de dançar, em especial em público, por medo de julgamentos e até por acharem que não dançam muito bem. Outros também acham que é bobo, e até brega, e não se permitem se lançar na experiência de ir para um lugar e dançar.

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É claro que essa questão varia de realidade para realidade. Não é a mesma em todos os lugares e pode ser que em algumas cidades esse hábito seja mais vivo que em outros. Na minha, por exemplo, ele não é e por isso escrevo essa matéria. Quero mostrar como um simples costume, que antes era universal, hoje está escasso e difícil de se encontrar.

Dançar é uma manifestação do nosso ser. Do que somos. Do que gostamos. Do que nos molda. Não acho que o hábito de dançar vá sumir. Pelo contrário, ainda terão boas almas que vão fazer de tudo para ele não morrer. Mas acredito (e me entristeço) que os locais e o costume de sair para dançar vão se tornar cada vez mais raro. Seria uma pena isso acontecer, estaríamos deixando uma tradição tão antiga, cheia de significado e história se apagar no tempo.

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