Covid-19: 71% das adolescentes moram com alguém do grupo de risco

Pesquisa mostra um dos motivos do isolamento vertical ser criticado por médicos e pela própria OMS

Por Isabella Otto Atualizado em 24 abr 2020, 13h19 - Publicado em 4 abr 2020, 10h01

A pandemia de coronavírus no mundo vem preocupando a todos e uma pesquisa realizada pela área de Inteligência e Pesquisa de Mercado da Abril, em parceria com a MindMiners, nos ajuda e entender melhor de que forma o cenário atual está afetando as adolescentes.

Justin Paget/Getty Images

No geral, a maioria delas está mais preocupada com a situação do mundo num todo do que somente com a realidade do Brasil. Entretanto, a maior preocupação de 89% das 581 entrevistadas é com a superlotação dos hospitais e que não seja possível atender a todos os doentes (contaminados pelo vírus ou não) no país. Na sequência, as jovens brasileiras têm se mostrado apreensivas com a segurança de amigos e familiares, algo extremamente relevante, já que, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), crianças e adolescentes são os principais vetores do SARS-CoV-2, podendo ser assintomáticos e transmitir o vírus para pessoas em grupos de risco, com doenças respiratórias crônicas e idosos acima de 60 anos. Apenas 51% delas se dizem preocupadas com sua própria segurança. A menor angústia delas no momento, de 22% das entrevistadas, é que grandes empresas entrem em falência. Para as jovens brasileiras, a manutenção da saúde da população vem antes da manutenção da economia.

Outro fato interessante é que 71% das entrevistadas estão no grupo de risco ou moram com alguém que está, o que justifica a paralisação de muitas escolas do país, que estão optando por seguir o calendário letivo através de aulas online, praticando o ensino à distância. Essa medida, somada a outras, como o distanciamento social voluntário de grande parte da população, é o que chamamos de isolamento horizontal – o defendido pela OMS e pelos profissionais da saúde. Outro tipo de isolamento é o vertical, em que apenas pessoas do grupo de risco praticariam o distanciamento social. Ele, contudo, não é defendido pelos especialistas, dentre muitas razões, pelo fato de jovens serem vetores do vírus, podendo se contaminar e levá-lo para casa.

 

Se medo e ansiedade são os principais sentimentos que as adolescentes andam tendo no momento, a maioria delas busca alívio na televisão, na internet e em livros. Inclusive, 78% delas acreditam que a pandemia deve durar no Brasil entre 1 e 4 meses, mas não é possível afirmar nada, o que só faz a ansiedade aumentar. Apesar de grande parte das entrevistadas concordar com as medidas de restrição, elas confessam que o isolamento em casa tem afetado suas rotinas, não só de estudos, como de alimentação. 33% das jovens estão descontando a aflição sentida na comida. Considerando essa parcela, 61% garantiram que estão comendo mais e 58% não têm mais horário para fazer as refeições

Se a alimentação anda desregrada, a higiene pessoal nunca esteve tão em dia! As medidas mais comuns citadas no levantamento foram lavar as mãos e usar álcool gel com maior frequência, não participar de encontros presenciais com outras pessoas e limpar objetos, roupas ou sapatos que tenham sido usados fora de casa. 74% delas ainda sentem medo de que faltem suprimentos importantes para a saúde da população em farmácias, como remédios, álcool em gel, máscaras e etc, algo que já está acontecendo em algumas localidades.

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