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Adolescente narra rotina de isolamento na Itália por causa do coronavírus

Rossella Valletti, de 18 anos, não está com o vírus, mas não pode sair de casa e a escola em que estuda está fechada: "muito ruim não poder beijar os avós"

Por Isabella Otto Atualizado em 13 mar 2020, 13h15 - Publicado em 13 mar 2020, 13h15
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CAPRICHO/Divulgação

Em 2018, Rossella Valletti veio fazer intercâmbio no Brasil. A italiana com alma de brasileira, como ela mesma gosta de dizer, hoje mantém contato com os amigos através das redes sociais, inclusive com os que fez no Brasil, para se distrair. Faz quase uma semana que a adolescente de 18 anos não vai à escola nem sai de casa por causa do regime de quarentena geral que a Itália adotou na última segunda-feira, 9, devido à pandemia de coronavírus. Em entrevista à CAPRICHO, a jovem que mora em Herculano, situada no sul do país, perto de Nápoles, famosa pelas ruínas deixadas pelo vulcão Vesúvio, conta que até então tem cerca de 12 casos confirmados de pessoas infectadas pelo COVID-19 na cidade onde vive.

Escola onde Rossella estuda e as aulas estão paralisadas. Divulgação/Divulgação

“O coronavírus chegou ao Sul da Itália depois, porque alguns italianos viajaram para o Norte e o vírus se espalhou. Ninguém pode sair da própria cidade até 3 de abril, inicialmente. Não posso sair de casa nem para ir para a escola“, conta a adolescente, que cursa o último ano do ensino médio no Liceo Alfred Nobel, colégio que fica na cidadezinha vizinha chamada Torre del Greco.

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Na escola, os alunos têm cinco aulas por dia e cumprem o horário das 8h15 às 15h15. Devido ao isolamento, os estudantes estão tendo aulas à distância, mas Rosella admite que não é a mesma coisa. “Os professores estão dando tarefas pra gente fazer e estou mantendo uma rotina de estudos também. De manhã, temos aulas por videochamada e à tarde focamos nos deveres que foram passados, mas não é com a mesma regularidade que se o colégio estivesse aberto“, garante. Além disso, apesar de nada ter sido oficialmente confirmado, a jovem acha que a prova final que os alunos do último ano do ensino médio precisam fazer no meio de ano será adiada por causa da pandemia de coronavírus. “Estou no último ano do ensino médio e, antes de acabar, eu tenho que fazer uma prova final, escrita e oral, para seguir para a universidade. Ela tinha que rolar em junho/julho, mas deve atrasar para julho/agosto, porque vamos ‘perder’ um mês de aula. Mas ainda está tudo meio em aberto”, conta.

Fotos tiradas por Rossella da janela do apartamento, de um atendimento de vítima de coronavírus prestado nesta semana. Arquivo Pessoal/Reprodução

A fã de Riverdale, que está animada para ver a próxima temporada de Elite e está assistindo no momento à October Faction, conta com a Netflix para se distrair durante a quarentena. Rossella não está infectada com o COVID-19, contudo segue à risca as instruções da OMS e do Governo italiano para evitar o surto do vírus. Ela não está com medo, mas sente uma espécie de pavor em saber que as chances de morrer por causa do coronavírus é pequena, mas que pode transmiti-lo para outras pessoas que estão no grupo de risco, como maiores de 60 anos. “É muito ruim não poder beijar os avós“, lamenta. “Estou com minhas primas aqui agora, estudo, vejo séries, faço exercícios em casa, cozinho e ajudo minha mãe(…) As pessoas só pensam no corona. Esperamos que a situação não piore“, diz a jovem, que afirma que os veículos de comunicação italianos só falam sobre a pandemia, mas que a televisão mostra outras coisas para que a população se distraia um pouco e não surte.

Essa é a Rossella, que veio para o Brasil em 2018. Arquivo Pessoal/Reprodução

A derradeira vez em que Valletti saiu de casa foi na última segunda-feira, 9, dia em que a quarentena generalizada de Norte a Sul foi instalada. “Já naquele dia não tinha quase ninguém na rua. O governo diz que não é seguro sair. Só podemos deixar nossas residências para comprar comida ou bebida, e mesmo assim temos que levar sempre uma prova de onde estamos indo, caso sejamos parados. Além de precisarmos colocar uma máscara no rosto”, relata a adolescente, que só não se sente tão sozinha por causa da internet, que é como se comunica com professores e amigos. Mesmo em situação de isolamento, Rossella está esperançosa e diz que o clima na Itália é o de que “ninguém está sozinho”.

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Há relatos de lugares no país europeu em que carros de polícia estejam fazendo rondas e alertando a população dos perigos de desrespeitar a quarentena. Na última quinta-feira, 12, a Agência de Proteção Civil informou que o número de casos de coronavírus na Itália já ultrapassa 15 mil e que, nas últimas 24h, houve um aumento de 23% na taxa de mortes de infectados. Devido a questões climáticas e etárias (a Itália é o país que tem a população mais velha da União Europeia), o COVID-19 fica mais forte e se espalha com maior facilidade.

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