Cosplayer negra é barrada de evento após pente garfo ser considerado arma
Enquanto isso, outros tipos de pente passaram tranquilamente pela segurança: "Debocharam de mim quando disse que era racismo", relata Juliana Andrade
Em depoimento nas redes sociais, a modelo, performer e cosplayer Juliana Andrade (@bondedajuju) disse ter sido vítima de racismo no Anime Friends, maior festival de cultura pop asiática das Américas, que acontece anualmente, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ela foi barrada ao tentar entrar no evento com um pente garfo. O caso aconteceu no último domingo (17), durante edição carioca da feira geek.
Na entrada do Anime, Juliana foi barrada pela segurança, que classificou seu pente garfo como uma arma em potencial. Só que a própria cosplayer havia reparado que várias pessoas já haviam passado tranquilamente pela vistoria com outros modelos de pente na bolsa. O problema, ao que tudo indica, foi estritamente o objeto que serve para pentear cabelos afro.
“Eu provei várias vezes enfiando em mim mesma [o pente garfo] que eu não conseguiria cortar ninguém com ele. Fui humilhada pelos seguranças, que debocharam de mim e que acharam ruim quando eu disse que era racismo“, relatou em vídeo.
Além do constrangimento causado por esse momento, a performer não conseguiu entrar a tempo de realizar sua inscrição para participar do concurso de cosplay.
Confira o vídeo na íntegra a seguir:
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Em entrevista para a CAPRICHO, Juliana contou que foi difícil tomar a decisão de expor o ocorrido, mas que, após conversar com pessoas próximas e refletir sobre o alcance que tem em suas redes sociais, decidiu fazer a publicação. “Não é algo aceitável. A questão do pente garfo foi muito extrema e, divulgando isso, descobri que acontece com várias pessoas em outros espaços também, em que o pente garfo é lido como uma arma e pentes para cabelos lisos, não“, disse a criadora de conteúdo.
“Meu maior medo é o relativismo e o negacionismo. Estou mal, com vergonha e com medo de não entenderem que eu não quero briga com ninguém, só não quero que isso se repita. É muito ruim rever o vídeo e lembrar que eu passei por isso, e tentaram me tirar de louca ainda”, desabafou.
Juliana Andrade garantiu que, apesar do ocorrido, que mexeu bastante com ela, não pretende parar de ocupar esses espaços e incentiva seus seguidores: “Não se calem e não se omitam em frente a nenhuma injustiça, seja ela o racismo ou o preconceito com várias outras coisas”.
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A cosplayer contou que, após a repercussão do vídeo, a organização do Anime Friends colocou-se à disposição para escutá-la e se comprometeu em trabalhar para que isso não aconteça novamente.
Pente garfo não oferece perigo. Perigoso é o racismo!