Desmatamento na Amazônia bate novo recorde em junho, em plena pandemia

Mas tudo bem, porque, segundo o ministro das Comunicações, "temos 87% de Mata Atlântica na Amazônia"... Pera! O quê?!

Por Isabella Otto Atualizado em 14 jul 2020, 16h14 - Publicado em 10 jul 2020, 12h13

Assim como aconteceu em abril, e vem acontecendo nos últimos anos e durante toda a pandemia de coronavírus no Brasil, o desmatamento na Amazônia bateu um novo recorde no mês de junho. O crescimento foi 10,6% maior que o registrado no mesmo período de 2019 e 24,3% maior que o registrado em maio deste ano. As informações foram atualizadas pelo sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real, do Inep.

luoman/Getty Images

Nos três primeiros meses do ano, o Ministério Público Federal já havia divulgado que o desmatamento na região tinha aumentado 51%, muito motivado pela “cortina de fumaça” causada pela COVID-19. Com as atenções voltadas para a saúde, com razão, o governo reduziu a fiscalização na floresta e aprovou medidas que incentivam a grilagem e favorecem a bancada ruralista.

 

É sabido que a indústria do agronegócio é a principal responsável pelas queimadas na floresta, em suma para a criação de pastagens. Isso porque o Brasil é um dos países que mais consome carne no mundo, além de exportá-la para vários lugares. Apesar disso, Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro, bateu o pé na última quinta-feira (9), durante reunião com investidores estrangeiros, e disse que o compromisso do Brasil é com a preservação do meio-ambiente. “Não vamos aceitar pressões que culpam o agro pela destruição da Amazônia”, afirmou.

No mesmo dia, outra declaração dada por um representante do governo, Fábio Faria, ministro das Comunicações, chamou a atenção. Numa tentativa de sair em defesa das políticas públicas voltadas ao meio-ambiente, em entrevista à CNN, ele falou que, “na Amazônia, temos 87% de Mata Atlântica”. Na verdade, apesar de ambas serem florestas tropicais e estarem sofrendo como nunca antes com o desmatamento, a Amazônia e a Mata Atlântica são biomas diferentes e estão localizadas em regiões completamente distintas.

Publicidade