Felca faz repensar o papel social que influencers têm (ou deveriam ter)

O vídeo sobre adultização evidenciou a força que um influenciador pode ter dentro e fora da internet, tanto para o bem como para o mal

Por Juliana Morales 13 ago 2025, 17h30
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elca conseguiu furar a bolha e alavancar um debate necessário sobre a adultização e sexualização de crianças na internet ao publicar um vídeo-denúncia em seu canal do YouTube. Desde a semana passada, o conteúdo, já com com mais de 34 milhões de visualizações, está mobilizando a sociedade, para além do ambiente digital, e pode gerar mudanças reais – como mostramos neste outro texto aqui.

O conteúdo em si e a repercussão que o youtuber alcançou fez com que muitas pessoas usassem Felca de exemplo para discutir também qual é (ou, pelo menos, deveria ser) o papel do influenciador no cenário atual. Nos comentários do vídeo viral, muitos internautas elogiaram que ele aproveitou a visibilidade para colocar luz em um tema urgente e “usou seu conteúdo para o bem”. Muitos exaltaram também o fato dele não ter ativado a monetização do vídeo, e assim “não ter se aproveitado das denúncias para ganhar dinheiro”.

“Eu sou psicóloga infantil e esse conteúdo foi extremamente necessário. Parabéns Felca! Você me lembra o que realmente um influenciador deve fazer”, escreveu a usuária Sarah Kamilla. “É esse tipo de conteúdo que deve viralizar, ele sim podemos chamar de ‘influenciador'”, escreveu outro seguidor identificado como Luiz Borlone.

Apesar do vídeo ter acendido essa discussão agora, ela não é uma novidade. Com a expansão do mercado de influência digital, muito se fala da necessidade de avançar na profissionalização deste setor, como ficou evidente na polêmica da ‘planilha dos influenciadores’ no ano passado (leia aqui para relembrar), e também da responsabilização devida dos criadores de conteúdo, que cada vez mais acumulam números estrondosos de seguidores, e uma capacidade gigante de convencimento e poder social.

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Este é, inclusive, um dos grandes pontos colocados em pauta na CPI das Bets, que foi criada para entender melhor o impacto das apostas online no bolso das famílias brasileiras — e investigar possíveis crimes como lavagem de dinheiro ou envolvimento com organizações criminosas. Influenciadores digitais, como Virginia Fonseca e Rico Malquides, prestaram depoimento na época, para esclarecer acusações de publicidade enganosa e estelionato. O relatório da CPI pediu responsabilização dos influenciadores que promovem jogos de azar de forma errônea.

E o que isso interfere na nossa vida, CH?

Bom, podemos dizer com propriedade que a nossa galera precisa participar da discussão do papel do influenciador – e deveria ser, aliás, uma das maiores interessadas. Primeiro, por um motivo óbvio: os jovens são os que mais consomem os conteúdos das redes sociais, e, consequentemente, são impactados diariamente pela influência e poder dos produtores de conteúdo.

Em entrevista à CAPRICHO, a influenciadora Lu Foresti, de 22 anos, refletiu sobre essa responsabilidade que ela carrega de inspirar e ser exemplo para outros jovens. “Se antes os adolescentes tinham como exemplo personagens de livro e TV, agora eles se inspiram nos personagens da vida real, que são os influenciadores”, afirmou.

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A outra grande razão de olhar para esse assunto com atenção é que, hoje, muitos adolescentes almejam seguir a profissão de influenciador, guiados pela ideia de que é uma carreira promissora e divertida. Para ter uma ideia, uma pesquisa recente da consultoria Youpix apontou que três de cada quatro integrantes da Geração Z pensam em se tornar influenciadores. E não há problema nenhum pensar em fazer da produção de conteúdo um trabalho, mas, como já alertamos aqui na CH, é preciso pensar nisso com os pés no chão, sem romantizar e, claro, com muita responsabilidade.

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