Karol Lannes: “Minha busca pela felicidade é como mulher, lésbica”

Neste Dia da Visibilidade Lésbica, a artista de 20 anos conta para a CAPRICHO como foi se assumir sendo uma pessoa pública

Por Gabriela Junqueira Atualizado em 29 ago 2020, 21h28 - Publicado em 29 ago 2020, 10h04

“Me assumir foi a grande chave que virei na minha vida, e sendo uma pessoa pública ela foi dividida em dois momentos, sair do armário pra minha família e posteriormente pra mídia. Eu fui criada em um ambiente que sempre teve o diálogo como principal pilar familiar. Acabei contando sobre minha sexualidade depois de chegar de uma festa com uma marca no pescoço, meu pai começou o famoso discurso de gravidez na adolescência e eu logo soltei que havia sido uma menina (rindo de nervoso).

Acredito que meus pais tenham sofrido coisas inimagináveis por conta das suas próprias sexualidades. Houve um receio inicial da parte deles de que eu sofresse o mesmo, mas sempre houve apoio e compreensão. Porém, infelizmente, não fui eu que contei pro resto da minha família! Foi a mídia.

Durante uma entrevista sobre o quanto Ágata, personagem que interpretei em Avenida Brasil, havia mudado, eu discuti algo com a minha companheira na época e o jornalista ouviu pelo telefone. Assim, a matéria mudou de “veja como está a Ágata de Avenida Brasil” para “atriz se assume lésbica”.

Karol, que além de atriz também é digital influencer, conta que tenta mostrar nas redes sociais quem é na vida real Acervo pessoal/Reprodução

O impacto não foi pequeno. Junto com milhares de seguidores vieram milhares de ameaças, comentários maldosos, fotos inapropriadas e por aí vai. Eu gostaria de ter contado pra minha avó, ela ficou chateada de saber junto com o Brasil inteiro.

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O ato de ser já é se posicionar e o ato de se posicionar por si só traz consequências. Eu tento ser nas redes sociais a mesma da vida real, e nem sempre quem eu sou é quem as pessoas esperavam de mim. Agradar a si mesmo é sinônimo de não agradar a todos, foi difícil, mas eu tenho vivido e acreditado nisso.

Sempre respirei arte, em todas as suas formas, trabalhando como atriz, DJ, professora, escritora e criadora de conteúdo. Para mim, tudo em que colocamos nossa essência e compartilhamos para que toque um outro alguém é arte. Minha busca pela felicidade é essa, como mulher, lésbica, fora dos padrões, artista, almejo sempre viver da arte e para a arte, existir através das pessoas que eu conseguir tocar e alcançar com quem eu sou.

Espero nunca ter medo de dar voz e visibilidade às causas, o mundo está aos poucos entendendo que o valor da vida está na essência, na troca de experiências e conhecimento, fico feliz de fazer parte disso. Mulheres, somos tão incríveis e capazes, tenhamos empatia sempre, juntas realmente somos mais fortes.”

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