Nenhuma meta de proteção ambiental foi alcançada nos últimos dez anos
A Mãe Natureza, definitivamente, não é prioridade no mundo, e um recente relatório divulgado pela ONU serve como mais uma prova
Em 2010, representantes de 196 países se encontraram na Convenção da Diversidade Biológica, realizada na cidade de Aichi, no Japão, para discutir questões relacionadas ao meio ambiente e mudanças necessárias para sua preservação. Desta reunião, surgiram as 20 Metas de Aichi, que são medidas estabelecidas com a finalidade de preservar a biodiversidade global e proteger ecossistemas – e que deveriam ser cumpridas até o fim da década, ou seja, até 2020. Entretanto, na última terça-feira, 15, a Organização das Nações Unidas liberou um relatório durante a Global Biodiversity Outlook (GBO-5), que revela: nenhuma dessas metas foi totalmente cumprida.
Não é a primeira vez que uma tentativa do tipo é feita. Nos anos 2000, um acordo visando a preservação da natureza também foi criado e falhou. “A humanidade está em uma encruzilhada no que diz respeito ao legado que deixa às gerações futuras”, diz o relatório da ONU.
Das 20 metas propostas, apenas 6 foram parcialmente atingidas, entre elas a conservação de áreas protegidas, o controle de espécies invasoras e o compartilhamento de recursos financeiros. Apesar do pequeno progresso, que já mostra que é possível ter crescimento econômico e continuar preservando a natureza, a taxa de plástico nos oceanos não diminuiu e mais da metade dos recifes do mundo, responsáveis por grande biodiversidade marinha, estão ameaçados. Além disso, o número de espécies que correm risco de extinção aumentou e os subsídios governamentais para atividades que prejudicam a biodiversidade não foram reduzidos.
Nas vezes em que cita o Brasil, o relatório fala sobre o desmatamento e a falta de investimento para proteger as florestas. “O desmatamento da Amazônia brasileira em 2019 mostrou o maior nível desde 2008, atingindo mais de um milhão de hectares”, diz o levantamento.
“Os sistemas vivos da Terra como um todo estão sendo comprometidos e, quanto mais a humanidade explora a natureza de maneiras insustentáveis, mais minamos nosso próprio bem-estar, segurança e prosperidade“, disse Elizabeth Maruma Mrema, secretária-executiva da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica.
Vivemos uma grande extinção em massa. Para se ter uma ideia, desde o final dos anos 70, a população de animais selvagens foi reduzida em dois terços. A representante da ONU diz que essa destruição da natureza pode aumentar o número de doenças contraídas pelos seres humanos. “À medida que a natureza se degrada, surgem novas oportunidades para a disseminação de doenças devastadoras, como o novo coronavírus”, afirmou Mrema.
Uma nova edição da Convenção da Diversidade Biológica, para discutir os objetivos para os próximos anos e as metas não alcançadas, estava marcada para outubro, na China, mas foi adiada por causa da pandemia de coronavírus.