O que é ‘cushioning’ e por que a prática é considerada traição
O comportamento, que evidência o medo do indivíduo de ficar sozinho, pode ser bem desonesto com o parceiro ou parceira
im, na vida, muitas vezes, é sensato ter um plano B para caso as coisas não saiam como o planejado. Mas isso vale para o amor também? Algumas pessoas acreditam que sim e, por isso, acham prudente, ao entrar em um relacionamento, manter contato e flerte com outras pessoas como uma forma de segurança, se porventura o namoro não der certo. Essa prática ganhou até um nome: cushioning, ou “amortecimento”, na tradução livre.
E, como o próprio termo sugere, a ideia é usar os contatinhos para “amortecer a queda” se acontecer o rompimento do relacionamento, minimizar o sofrimento e não correr o risco de ficar sozinho. Esse comportamento evidência a dificuldade de muitas pessoas de ficarem sem um parceiro ou parceira, o que resulta em relacionamentos rebotes, como explicamos nesta outra matéria aqui.
Enquanto está na fase da “ficada”, a prática do “cushioning” é bem comum e até faz sentido, mas as coisas ficam mais complicadas mesmo a partir do momento que o casal sela um compromisso. Por isso, em especial quando nos referimos a relacionamentos fechados, o cushioning é considerado por muitos como uma traição, sim, mesmo que não aconteça uma relação física com a outra pessoa.
Isso porque, na maioria dos casos, o parceira ou parceiro não está ciente deste comportamento e não sabe da existência das conversas com outros possíveis interesses amorosos – o que configura uma quebra de confiança. É o que muitos chamam de traição emocional ou afetiva, ou seja, a pessoa está investindo e recebendo uma energia emocional fora do relacionamento.
Além disso, ao manter as opções em aberto, a pessoa também dá a entender que tem insegurança em relação ao seu namoro ou casamento. E, sim, no amor sempre há riscos, mas alimentar esse medo do fim soa para muitos como um preparo para uma relação já fracassada. Inclusive, o cushioning pode aparecer tanto no início do namoro, ao manter contatos de quando tinha uma vida de solteiro, como ser uma consequência de uma crise em uma relação mais longa.
Em entrevista ao Huffpost, a coach de relacionamentos e escritora Samantha Burns aconselhou que quem sente a necessidade de praticar o cushioning deve fazer uma autoanálise e se questionar por que precisa de atenção e validação externas.
“Isso está compensando algumas necessidades que não estão sendo atendidas em seu relacionamento? Isso está distraindo você de reconhecer que está infeliz ou desconectado de seu parceiro?”, exemplifica sobre as perguntas que podem ser feitas. A partir disso, será mais fácil entender se realmente quer permanecer no relacionamento e conversar com o parceiro ou parceira abertamente, já que, segundo ela, “casais bem-sucedidos se voltam para dentro, não para fora”.
E aí, já tinha ouvido falar sobre ‘cushioning’?