O que seu artista preferido revela sobre seu perfil psicológico?

Sim, seu gosto musical pode indicar traços importantes sobre você e suas emoções, se você souber analisar

Por Juliana Morales Atualizado em 29 out 2024, 15h26 - Publicado em 24 ago 2024, 13h00
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ocê já parou para pensar o que sua playlist pode revelar sobre você? Mais do que mostrar se você tem um bom gosto musical ou não – o que é bem relativo, as músicas revelam diversas emoções e sentimentos que, muitas vezes, não conseguimos externalizar de outra forma. Analisar as letras das canções com essa perspectiva é um exercício bem interessante.

É isso que o psicanalista Kályton Resende faz no seu TikTok. Ele que usa as redes sociais para divulgar seu trabalho e discutir temas densos, como ‘trauma da pobreza’, que é seu maior objeto de estudo, achou uma forma de trazer um alívio cômico para seu conteúdo, por meio de um quadro sobre música. Em cada vídeo, ele analisa o perfil psicológico de quem escuta um determinado artista, levando em consideração os temas principais tratados pelo cantor ou cantora nas letras de suas músicas.

Em um vídeo recente, por exemplo, ele fala sobre o perfil dos fãs de Jão. “Você provavelmente possuiu uma sensibilidade emocional notável. As letras de Jão carregadas de emoção e experiências pessoais, como ‘Imaturo’ e ‘Me Beija com Raiva’, encontram endereço em seu coração”, analisa.

“O processo de criação dos vídeos envolve a análise cuidadosa da obra do artista em questão, sobretudo das letras. Eu não falo da figura do artista ou de sua vida pessoal, o que me interessa é o que elas dizem e a maneira que as músicas são percebidas pelo público”, conta em papo com a CAPRICHO.

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@kalyton

Perfil psicológico de quem escuta Jão @JÃO | Este conteúdo tem finalidade de entretenimento e não se presta a realizar diagnóstico ou prescrever tratamento, caso você se identifique com as questões tratadas neste vídeo, entre em contato comigo pelo link que está na descrição do perfil. #jao #perfilpsicologicodequemescuta #kalytonpsi

♬ som original – Kályton Psicanalista

Assim como sinaliza na legenda de todos os vídeos do quadro, ele reforça durante a entrevista que esses conteúdos, em específico, “tem finalidade de entretenimento e não se presta a realizar diagnóstico ou prescrever tratamento”. “Os vídeos são feitos com um toque de humor, criatividade e, às vezes, até com um pouco de sarcasmo e ironia, mas sempre respeitando os limites éticos profissionais da psicanálise”, esclarece.

“O intuito é provocar reflexões leves e, talvez, até ajudar as pessoas a se identificarem com certas emoções e comportamentos de forma mais lúdica. Essa é a beleza da Psicanálise aplicada ao cotidiano, que é o meu objetivo: ela nos permite pensar sobre nossas vidas de maneira mais consciente mesmo em contextos aparentemente leves”, completa.

O poder da música

Mesmo com essas ressalvas sobre seu conteúdo ter finalidade de entretenimento, Kályton diz que isso não exclui o fato de que a música tem a capacidade de revelar muito sobre nossos desejos, medos e estados psíquicos. “Sabe quando você escuta uma música e depois, do nada, ela fica repetindo na sua cabeça? Ela se impõe em você, funcionando, muitas vezes, como um espelho para os nossos estados emocionais e de identidades”, diz e conta que percebeu isso a partir de sua própria experiência.

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O psicanalista explica que, quando escutamos uma música, estamos nos conectando com uma linguagem que ultrapassa as palavras, atingindo o nosso subconsciente. “A melodia, o ritmo e a letra se combinam para criar uma experiência emocional, que pode tanto tranquilizar quanto agitar dependendo do contexto da história pessoal da pessoa que escuta”, diz.

Kályton propõe que pensemos, ao apreciar uma música, o que aquilo está transmitindo, o que está dizendo sobre nós. Inclusive, a música pode atuar também como uma ferramenta de regulação emocional, ajustando o nosso humor de acordo com a necessidade do momento.

“Quando estamos tristes, por exemplo, podemos buscar músicas que refletem essa tristeza para validar nosso sentimentos e extravasá-los, e não negar ou retê-los. Ou, então, é possível optar por músicas mais animadas para tentar mudar nosso estado emocional, aí seria num sentido de reprimir, ou simplesmente dizer chega de ficar triste, vamos animar”, explica, enfatizando que a escolha da música pode servir como uma forma de autoexpressão e cuidado.

O psicanalista usa ainda como exemplo a importância da música, principalmente para homens héteros, que ainda ficam presos na ideia de que não podem demonstrar sentimentos, de encontrar uma forma de sentir, colocar seus afetos e processar suas emoções a partir do que um rapper, trapper ou outro artista falou em suas letras.

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@kalyton

Perfil psicológico de quem escuta Veigh | Este conteúdo tem finalidade de entretenimento e não se presta a realizar diagnóstico ou prescrever tratamento, caso você se identifique com as questões tratadas neste vídeo, entre em contato comigo pelo link que está na descrição do perfil. #veigh #perfilpsicologicodequemescuta #kalytonpsi #trapbrasil #rapbr

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A relação de fã e ídolo na visão de um psicanalista

Kályton ressalta que a função da música de acessar afetos e emoções acontece projetada no outro (que, no caso, é o artista por trás dela). Para o psicanalista, a relação de fã pode ser compreendida como expressão do desejo e identificação.

“Na Psicanálise, entendemos que o sujeito busca através do outro, que um dia foi o ‘outro materno’, uma forma de preencher ou compreender algo de si mesmo no outro”, diz. Nesse sentido, o artista pode ser responsável por encarnar ideias, valores e até mesmo aspectos reprimidos do inconsciente do fã.

“A criança imita o ‘papai’ e a ‘mamãe’ na fala e fica repetindo o que é dito para imprimir ali o lugar dela no mundo. Ela repete até que vire uma fala dela própria, Com o fã acontece algo parecido: ele se apropria do que o artista fala para colocar para fora o que, muitas vezes, fica reprimido”, explica.

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“Esse vínculo é alimentado pela identificação projetiva onde o fã se vê refletido no artista. Por isso, essa relação pode ser intensa, já que toca em questões profundas de identidade, pertencimento e desejo”, acrescenta.

Kályton diz que os artistas que mais conseguem se aprofundar nas relações com os fãs são aqueles que tem um eu-lírico definido, ou seja, que consegue transmitir esse conteúdo subjetivo no seu trabalho. Para o psicanalista, o maior exemplo é o Baco Exu do Blues, mas ele também cita outros artista como Lana Del Rey e o próprio Jão, que já foi citado.

@kalyton

Perfil psicológico de quem escuta Baco Exu Do Blues | Este conteúdo tem finalidade de entretenimento e não se presta a realizar diagnóstico ou prescrever tratamento, caso você se identifique com as questões tratadas neste vídeo, entre em contato comigo pelo link que está na descrição do perfil. #baco #bacoexudoblues #kalytonpsi #perfilpsicologico

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E aí, o que seu artista favorito revela de você? Reflita…

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