Quanto tempo dura o luto? Uma reflexão sobre Pedro Rocha, ex de Nara
O ex de Nara Almeida foi criticado por começar a namorar de novo 7 meses após o falecimento da modelo. Será que dá para dizer que ele foi rápido demais?
No dia 13 de janeiro, Pedro Rocha, ex-namorado de Nara Almeida, que faleceu em 2018 depois de uma longa batalha contra o câncer, postou uma foto no Instagram beijando uma menina. Com a imagem, ele oficializou a relação com a modelo Josy Carvalho. “Essa felicidade toda tem nome, sim”, escreveu na publicação. Apesar dos inúmeros comentários positivos, torcendo pelo novo casal, não dá para ignorar aqueles que desejavam o mal de Pedro e de Josy. A justificativa usada por essas pessoas é a de que ele superou Nara rápido demais.
“Amor só de mãe” e “lobo em pele de cordeiro” foram alguns dos comentários que o modelo recebeu na foto postada. Josy também ganhou recadinhos nada agradáveis em seu perfil nas redes sociais. Teve até gente dizendo que ela lembrava a Nara e que isso era uma prova de que o rapaz não tinha superado a ex. Mas será que Pedro realmente foi rápido demais? Quanto tempo dura o luto? Dá para realmente estipular um número exato?
Vamos aos fatos: Nara Almeida faleceu no dia 21 de maio de 2018 e Pedro Rocha oficializou a nova relação no dia 13 de janeiro de 2019. Nós estamos falando de um intervalo de aproximadamente 7 meses ou 227 dias, com mais exatidão. Sobre o luto, é de conhecimento geral que o ser humano passa por 5 fases após perder uma pessoa amada: a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação. Contudo, até mesmo os médicos não conseguem estipular um tempo preciso para delimitar esse período.
Há alguns anos, a sociedade estipulou o que ficou conhecido como “fase de luto”, que dura um ano. É por isso que, antigamente, como é retratado em alguns novelas e filmes de época, a mulher viúva, por exemplo, veste preto durante um ano todinho e pratica o resguardo. Mas isso é uma criação social, ou seja, não há nada que diga que o luto dure exatos 365 dias e que só é aconselhável se envolver em um novo relacionamento depois disso. Cada caso é um caso e para a medicina, é muito mais preocupante quando a pessoa enlutada não consegue superar a perda e desenvolve um quadro chamado luto patológico, que é quando o luto vira uma doença.
De acordo com o mais recente Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria, quando o luto dura mais de duas semanas, já passa a ser considerado depressão. O manual é utilizado pela OMS e tem bastante prestígio, mas não representa uma verdade absoluta. Logo, mais uma vez, não dá para estimular limites de tempo.
A psicóloga Daniela Lemos explica em uma entrevista para o portal UAI que o enlutado precisa ser respeitado, assim como a evolução das fases de seu luto: “os limites precisam ser respeitados. É esperado que, com o tempo, exista oscilação entre momentos em que a pessoa esteja bem e outros não. O que não deve acontecer é permanecer nas extremidades, ou seja, excessivamente voltado para a perda ou excessivamente voltado para a reparação. Nesses últimos casos, indica-se a ajuda profissional”, esclarece. A psicóloga Elaine Gomes dos Reis, especializada em luto, reforça que não existe tempo cronológico para o fim do luto. Às vezes, quando o enlutado começa uma nova relação logo na sequência, ela pode sim representar uma busca desesperada pela pessoa que se foi ou então uma necessidade de tapar um buraco. Contudo, não dá para estipular o que seja esse “na sequência”. Seria um mês depois? Dois? Sete? “Hoje não se fala mais em fim do luto. Falamos em final de um processo de sua elaboração. É quando o enlutado começa a fazer planos sem a pessoa que morreu. No caso de uma viuvez, por exemplo, isso não significa ter um novo namorado ou namorada”, afirma a especialista.
É por isso que a decisão de Pedro Rocha e de qualquer outra pessoa que passou pelo luto precisa ser respeitada. Todo ser humano merece uma segunda chance, um recomeço, e se nem a ciência conseguiu ainda se decidir sobre o tempo que o luto demora para passar, quem somos nós? Cada um sabe de si, da sua história, da sua verdade e do amor que carrega no peito. A nós, cabe torcer pela felicidade alheia – afinal, desejar o mal só atraí energias negativas para nós mesmos.