Saiba como colocar o DIU pelo SUS
Desde 2017, o SUS oferta, gratuitamente, o DIU de cobre, cuja validade é de 10 anos em média
Pílula anticoncepcional ou DIU (Dispositivo Intrauterino): qual é o melhor método contraceptivo? Bom… Essa é daquelas perguntas que não tem uma resposta direta. Cada corpo é um corpo, por isso, quem deve te ajudar a respondê-la é um(a) ginecologista, que avaliará, de fato, qual método contraceptivo é mais indicado a você.
Quando falamos do DIU, por exemplo, existem ainda duas opções: o DIU de Cobre e o DIU Hormonal. Se você junto com o seu médico entender que o primeiro deles (o de cobre) é o melhor para você, temos uma ótima notícia: desde 2017, é possível colocá-lo pelo SUS, de graça.
A seguir, te explicamos como funciona a parte mais burocrática!
Como colocar o DIU pelo SUS?
Por enquanto, o DIU de cobre, revestido por fios de cobre que afastam e repelem os espermatozoides e impossibilitam a fecundação, é o único ofertado pelo SUS. Se você precisar de doses hormonais, esse método não será eficaz para você e o DIU hormonal ou o próprio anticoncepcional podem ser uma escolha melhor.
Para colocar o DIU no SUS, é preciso passar por uma consulta com um especialista na Unidade Básica de Saúde mais próxima da sua casa para que ele avalie se o DIU funciona para você e fazer um encaminhamento. Depois disso, é só comparecer na hora e data marcada.
Importante lembrar que é preciso estar cadastrado em uma Unidade Básica de Atendimento, então se você não estiver, o ideal é já providenciar isso. Quanto aos documentos, é necessários apresentar para o procedimento:
- RG e CPF;
- Prescrição médica;
- Caderneta de vacinação;
- Cartão SUS;
- Comprovante de Residência.
O DIU de cobre tem uma validade média de 10 anos e uma eficácia entre 99,2% e 99,4 – em comparação, o anticoncepcional possui eficácia em torno de 91%!
A polêmica recente sobre o direito ao DIU
Nas últimas semanas de janeiro, a jornalista Leonor Macedo compartilhou em suas redes sociais que, no Hospital São Camilo, em São Paulo, mulheres não podem colocar DIU, à menos que estejam com endometriose grave, pelos preceitos religiosos católicos seguidos pela instituição. Em pouco tempo, a postagem dela no X, antigo Twitter, alcançou 2 milhões de visualização com diversos usuários revoltados com o pensamento e atitude antiquada do estabelecimento, uma vez que o DIU é um método contraceptivo simples, eficaz, com alta durabilidade e facilmente reversível.
Vocês acham que é fácil ser mulher? Ontem fui a uma consulta no Hospital São Camilo e à médica me informou que não pode colocar o DIU em mulheres porque isso vai contra os valores religiosos da instituição. 🫠🫠🫠
— Leonor Macedo (@subversiva) January 23, 2024
Por meio da rede, Leonor contou que a instituição a procurou para explicar que não fazem vasectomia ou implantam DIU por seguirem a Igreja católica.
O Hospital São Camilo me ligou pra explicar que não fazem procedimentos como DIU e vasectomia, que só colocam o DIU no caso de endometriose grave, mas não como método contraceptivo. Explicou que é uma instituição religiosa e que segue os preceitos da Igreja Católica e do Vaticano
— Leonor Macedo (@subversiva) January 23, 2024
Com a repercussão do caso, o Ministério Público abriu um inquérito contra o Hospital a pedido da deputada estadual Andréa Werner (PSB). Na terça-feira (01), o juíz Otavio Tioiti Tokuda, da 10ª Vara da Fazenda Pública, negou o pedido da Bancada Feminista do PSOL de que o São Camilo parasse de recusar procedimentos contraceptivos. Segundo o juiz, a recusa do Hospital é legítima e que “ninguém é obrigado a procurar justamente uma instituição de orientação católica para adoção de método contraceptivo”.
Segundo ele, obrigar a instituição a realizar um procedimento que vai contra suas diretrizes é infringir a Lei de Liberdade Religiosa. “A vida é direito inviolável para o católico, inclusive na defesa do nascituro, e a busca por métodos anticoncepcionais impede o direito à vida, por mera busca de prazer sexual, situação que afronta a moralidade cristã“, afirma em informações adquiridas pelo g1.
A decisão do juíz ainda está em análise e a bancada feminista continua argumentando que a rede de hospitais São Camilo são conectados ao SUS, com hospitais da rede funcionando com o sistema público, ou seja, uma determinação nacional como o de implantação do DIU deveria ser seguido pelo Hospital.