Slow content: como usar as redes sociais sem se sentir sobrecarregada
Algumas dicas simples podem te ajudar a usar o Instagram e o TikTok de forma mais consciente e saudável

e os conteúdos online fossem alimentos, e os devorássemos na mesma velocidade que rolamos o feed do TikTok, certamente, sofreríamos uma bela má digestão. Isso porque, nos últimos anos, os vídeos estão cada vez mais curtos e com mais estímulos – tudo para ficar mais dinâmico e rápido como o algoritmo das redes sociais pede hoje.
Os impactos disso, no entanto, não demoram muito para surtir na saúde mental da nossa galera. Prova disso é que, em 2024, o termo brain rot, que significa ‘apodrecimento cerebral’, foi escolhido como a palavra do ano pela Universidade de Oxford. A expressão designa “a deterioração da mente de uma pessoa ou do estado de seu intelecto”. Ela é causado por processos causados pelo consumo excessivo de material, em especial online, trivial, superficial e que não seja desafiante – ou seja, que não estimule a mente.
Acontece que o uso das redes sociais está relacionado com a dopamina – neurotransmissor associado aos hormônios da felicidade, que provoca sensações de prazer. Ou seja, quando consumimos em série vídeos no YouTube, TikTok e Instagram, ocorre liberação de dopamina nos centros de recompensa, produzindo uma sensação de satisfação momentânea. Essa gratificação rápida e facilidade no prazer faz com que fiquemos mais tempo nos aplicativos, como um vício. E sair desse ciclo vicioso não é fácil.
Mas é possível…
Na semana passada, Anitta surpreendeu seus fãs e o público ao utilizar as redes sociais de uma forma totalmente contrária a toda essa lógica. Ela entrou ao vivo no Instagram para que seus seguidores pudessem acompanhá-la lendo um livro em silêncio. A cantora estava sem maquiagem, sem um look chamativo, sem trilha sonora, sem nenhum elemento de performance. Durante trinta minutos, foi transmitida a imagem dela sentada em uma poltrona, folheando as páginas de um livro com calma.
O que poderia parecer estranho ou até sem propósito virou algo simbólico. Em tempos em que a atenção — especialmente da galera mais jovem e muito conectada — virou moeda e o algoritmo recompensa a pressa e conteúdos cada vez mais curtos, abrir uma live para não entreter, mas simplesmente estar, é algo que tem se tornado comum desde a época da pandemia (lembra das lives na Twitch?). Em um mundo onde tudo vira conteúdo, essa “não-live” virou um dos conteúdos mais comentados nas redes sociais.
Mas como nós, jovens, fazemos para evitar essa lógica acelerada das redes sociais, CH?
O ideal, que sempre falamos por aqui, é diminuir o tempo de tela o máximo possível, e buscar distrações e hobbies fora da internet. Mas também é preciso levar em consideração que as redes sociais ocupam um espaço muito grande na vida dos jovens, e mais do que aconselhar o certo afastamento delas, é preciso pensar em formas de usá-las de forma mais consciente e saudável.
E, sim, em uma realidade tão veloz e apressada, assistir a conteúdos mais longos ou ler textos maiores que tweets pode soar como remar contra a maré – mas é possível e muito prazeroso. Afinal, essa velocidade ou qualquer regra imposta pelos algoritmos não pode ser maior do que interagir com os amigos ou fazer o que realmente te faz bem.
Então, aqui vão algumas dicas para você para consumir as redes sociais sem se perder ou se sobrecarregar tanto.
Opte por vídeos mais longos
Pode parecer uma dica simples demais, mas, acredite, muita gente não faz isso e nem percebe. Ao invés de ficar rolando a tela do celular vendo vários vídeos curtos, por que você não entra no YouTube e assiste a um conteúdo mais longo e profundo? Resenhas de livros, palestras, entrevistas com seus artistas favoritos. São conteúdos legais também e que vão demandar que você prenda a atenção por mais tempo.
Teste novas plataformas de conteúdo, como o Substack
O Substack , que vêm sendo a nova plataforma queridinha da nossa galera, é voltada exclusivamente para newsletter — boletins informativos que são enviados para os e-mails de seus assinantes a cada dia, semana ou mês. Se você ainda não assina nenhuma newsletter, pode imaginá-las como uma coluna ou um blog escrito por uma pessoa que chega na caixa de entrada dos seu e-mail.
Na plataforma, escritores criam a própria news para escrever sobre o que quiserem, desde artigos, reflexões, notícias ou conteúdo, quaisquer que sejam. Essa, na verdade, é uma das características do Substack que a deixou tão famosa: sua capacidade de ser um meio informativo mais pessoal, exclusivo e com identidade.
No Substack, é comum que os textos compartilhados sejam mais longos e mais profundos justamente porque são, em sua maioria, textos mais pessoais que compartilhem a opinião do autor. Com a ausência tão popular e disseminada dos blogs, como era comum no início dos anos 2000, a plataforma está sendo um espaço de relatos em primeira pessoa, conversando com sua audiência de forma mais íntima e bem mais profunda que nas redes sociais — não há a limitação de espaço e caracteres que o Instagram ou o TikTok possuem, por exemplo.
+ Saiba mais sobre o Substack aqui neste outro texto
Converse com seus amigos
Sim, esta é a dica mesmo: converse com seus amigos pelas redes sociais. Muitas vezes, ver vídeos ou fotos de quem gostamos dá a falsa sensação que estamos em contato com as pessoas, mas, na verdade, acabamos ficando só no feed, sem trocar mensagens para simplesmente saber como o outra está ou para ter papos legais e enriquecedores. Uma das coisas mais legais da internet e das redes é o poder de diminuir distâncias, por que não aproveitamos isso para interagir mais com os amigos?
Tenha atenção com o que você segue
As redes sociais funcionam também por meio do algoritmo pessoal, ou seja, são personalizadas com base em antigas interações do usuário. Portanto, de acordo com o que você segue e curte, você pode mostrar que tem preferências por conteúdos mais informativos e interessantes. Neste outro texto aqui, discutimos como nossa atenção e tempo são preciosos, e por isso é preciso ter mais senso crítico na hora de seguir e acompanhar um influenciador, por exemplo.
+ Quer receber as principais notícias da CAPRICHO direto no celular? Faça parte do nosso canal no Whatsapp, clique aqui.