Vitória Bueno, a bailarina que nasceu sem os braços: “Você pode tudo!”

"Para dançar, não precisa de um padrão. Para ser feliz, não precisa de um padrão", diz a dançarina profissional de 17 anos

Por Djenifer Dias 2 out 2021, 10h02

A jovem bailarina Vitória Bueno, de Minas Gerais, encanta por onde passa, seja por seu talento natural para dança ou por seu carisma e alegria. Com apenas 17 anos, ela nasceu sem os braços devido a uma má formação congênita, fator que nunca a atrapalhou na hora de seguir seus sonhos. Em conversa com a CAPRICHO, ela conta detalhes sobre seu amor pela dança. Sempre gostei muito, desde pequena. Todos os lugares em que eu ia eu já começava a dançar“, relembra.

Quem serviu de incentivo para Vitória se matricular em uma escola foi sua fisioterapeuta. Ela revela que desde que pisou na academia de dança nunca mais saiu. Apesar da pouca idade, ela já foi aprovada nos exames da Royal Academy of Dance, de Londres, e já se apresentou até na Alemanha. “Eu dancei e foi um momento muito especial por eu ter chegado até lá. Estou muito feliz, passei para a final do concurso que eu participei. São conquistas que me deixaram muito emocionada, feliz e realizada“.

Foto com borda colorida e uma bailarina sentada e sorridente.
Vitória Bueno, bailarina que nasceu sem os braços Vitória Bueno / Arquivo Pessoal/Reprodução

Multitalentos, a bailarina não consegue escolher um ritmo favorito. “Eu faço balé, jazz e sapateado. Todo mundo me pergunta qual eu gosto mais, porém eu gosto de todos. É tipo como um filho, não dá para escolher um preferido. Cada um deles tem uma conexão diferente com o meu corpo”.

Sobre sua adaptação por não ter os braços, Vitória brinca ao falar que não dá para sentir falta de algo que ela nunca teve. “Eu nasci sem os dois braços, por uma deficiência de má formação congênita, então para mim foi muito normal. Ninguém precisou dizer para mim como eu tinha que fazer. Minha mãe me contou que desde a minha primeira mamadeira eu já levantei os pés. Eu sempre tive em mente que tudo que todo mundo fazia com as mãos, eu teria que fazer só com os pés. Eu ia na APAE para fazer fisioterapia e ter mais habilidade”.

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Foto com borda colorida e uma bailarina posando com uma das pernas levantadas.
Vitória Bueno durante apresentação Vitória Bueno / Arquivo Pessoal/Reprodução

Seu amor pela dança lhe ensinou que ela não precisava seguir padrões para ser feliz, e é essa mensagem que ela tenta levar para seus seguidores. “Eu não consigo imaginar minha vida sem a dança. Eu acho muito importante essa representatividade, eu posso mostrar para as pessoas que para dançar não precisa de um padrão. Para ser feliz não precisa de padrão. Então, fazendo o que você gosta, você pode tudo“.

Na infância, a bailarina chegou a sofrer bullying, mas explica que aprendeu a lidar com o preconceito, após aceitar que isso, infelizmente, seria parte da sua vida para sempre. “Minha mãe me ensinou que ontem não seria a primeira vez, e hoje não seria a última que aconteceria comigo. Então coloquei isso na cabeça e decidi não me importar com os outros. Teve uma vez que eu estava em uma festa e fizeram alguns comentários sobre eu estar comendo com os pés, primeiro eu pensei em parar, mas depois eu repensei e não parei. Mostrei que era daquele jeito que eu sabia e não ia deixar de fazer por isso. Aprendi a conviver e não me importar. A gente fica triste, mas passa. Se não ligarmos, a gente consegue seguir em frente. Gosto de focar nos comentários positivos”.

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Foto com borda colorida ao redor de uma imagem de uma bailarina saltando.
Não é sobre superação! Cuidado com frases capacitistas, hein? Vitória Bueno / Arquivo Pessoal/Reprodução

Seu maior sonho é continuar dançando e levando a arte para o mundo. Além da dança, seu outro grande amor é o mundo das maquiagens. “Fugindo da dança, mas sem fugir da dança tanto assim, eu puxei esse lado de gostar de maquiagem da minha tia, ela nunca ficava sem. Então até para eu ir na padaria, eu já tinha que usar pelo menos um batom. Quando eu entrei na dança, juntei as duas paixões. Já que temos que nos arrumar para as apresentações. Minha maquiagem favorita é aquelas bem chamativas, com delineado gatinho e cílios postiços.”

Vitória revela que suas professoras da Academia de Dança Andrea Falsarella sempre foram grandes fontes de inspiração para ela, e que é fã das bailarinas Ana Botafogo e Ingrid Silva, além de ser apaixonada pela dupla Jorge e Mateus.

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Acreditamos que a história de Vitória Bueno é inspiradora, e traz o que há de mais bonito no ser humano, a capacidade de se reinventar e inspirar os outros através da alegria, determinação e simpatia para encarar a vida de um jeito positivo, mesmo com todas as dificuldades.

Desejamos ainda mais sucesso na trajetória da Vitória, e que ela sirva de inspiração todas as meninas! <3

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