Você está apaixonada mesmo ou só obcecada pela pessoa?

As sensações podem até ser parecidas, mas, na obsessão, o desejo da relação é tão intenso que você acaba fazendo de tudo para tê-lo (até mesmo se perder)

Por Mavi Faria 12 out 2025, 13h00
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ensar o dia inteiro na pessoa desejada, reler as mensagens e interações que vocês tiveram nas redes, pensar em formas de puxar assunto, ouvir músicas de amor e imediatamente pensar nela, desejar a todo custo estar com a pessoa… Bom, os sentimentos da paixão são muito intensos e costumam ser avassaladores. Mas você já parou para pensar na linha tênue entre a paixão e a obsessão?

Enquanto estar apaixonada faz parte do processo de conhecer alguém até realmente amá-la (ou não), a obsessão não é natural nem equilibrada, traz malefícios para você e para a outra pessoa, pode te adoecer e nasce da forma que enxergamos o amor. É bem comum pensarmos, incentivados pelos filmes e livros de romance e por uma construção social do que é o amor ideal, que encontrar o amor será como encontrar nossa alma gêmea, aquela parte que sempre faltou.

Contudo, a psicanalista e escritora Ana Suy, no livro ‘A Gente Mira no Amor e Acerta na Solidão’*, já defende que não é bem assim. Para ela, o amor não é uma parte que sempre fez falta e que só agora te faz completa; mas sim é uma nova parte, que não existia e, a partir do encontro, fará falta. Na definição da psicanalista, ninguém fica completo quando encontra uma pessoa para dividir a vida, a famosa tampa da panela. A chegada dessa pessoa, na verdade, é uma novidade na sua vida, um novo espaço a ser ocupado no seu coração — percebe como você deixa de ser refém dessa espera pelo amor?

E o que isso tem a ver com a paixão e a obsessão? Os exemplos ficcionais e a própria expectativa social ensina, especialmente às mulheres, a procurarem pelo grande amor de suas vidas para só assim estarem completas e terem a vida perfeita juntos, construindo uma família. É uma pressão intensa a serem instigadas a encontrar o par perfeito de forma muito ilusória, que coloca o relacionamento como o principal objetivo de vida, quando essa não é a realidade.

Mas se essa sensação acaba dominando, a obsessão leva a pessoa a se submeter a muita coisa nessa empreitada de agradar e ser escolhida, seja se comportando e falando de um jeito diferente, frequentando lugares que não costuma e se adaptando a cada pessoa que pode lhe proporcionar este objetivo. A criadora de conteúdos sobre relacionamentos, Estela Aguiar, chegou até a desabafar nas redes sobre como a obsessão passa a colocar a outra pessoa como prioridade da vida da mulher.

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Na prática, ela se deixa de lado: os hobbies, os gostos, os limites pessoais e toda a sua personalidade é constantemente substituída pelo que o outro quer e gosta, e, sem perceber, o tão almejado amor verdadeiro deixa de ser realidade. Até porque, se o outro não te conhece verdadeiramente, das faces mais feias às mais bonitas, como pode existir um amor recíproco?

Fora que, nessa ideia de que a mulher não é suficiente se não estiver em um relacionamento, a obsessão é cada vez mais impulsionada até o ponto em que a própria pessoa não se reconhece e se vê vivendo uma vida completamente dedicada ao outro, mas que, se tirá-lo da equação, ela não entende o que sobrou de si ou quem é.

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Como entender se estou obcecada, e não apaixonada?

A resposta para essa pergunta é bem pessoal e vai variar de acordo com a sua experiência de vida, traumas, desejos, sonhos e por aí vai. Uma forma prática de começar a suspeitar pode ser refletindo se você se sente mais atraída e desejosa pela concretização desse sonho de encontrar alguém, ou pela pessoa, exclusivamente. Além disso, alguns sinais de que você está apaixonada podem ser:

  • Sente vontade de mandar mensagem e conversar com a pessoa o tempo todo;
  • Quando acontece alguma coisa, boa ou ruim, a pessoa é a primeira que você quer contar;
  • Consegue pensar em qualidades e defeitos do outro e, mesmo nas características não tão legais, você ainda quer estar por perto;
  • Se sente mais feliz e calma quando está perto do outro;
  • Se sente confortável para desabafar e ser você mesma.

Alguns outros indícios de que você está se apaixonando podem ser encontrados nesta outra matéria aqui. Se a dúvida persistir, a CAPRICHO também preparou um ótimo teste para você entender se é paixão ou carência, o que já te ajuda a entender os seus próprios sentimentos.

Agora, independente disso, só você e talvez um terapeuta, podem realmente entender se você está mais obcecada do que apaixonada, de onde esse sentimento vem e o que fazer a partir disso. O mais importante é lembrar que, em qualquer tipo de relacionamento, mas principalmente no romântico, é preciso manter os seus hobbies, sua personalidade, seus gostos e ser você, já que é a junção de todas essas coisas, incluindo a relação amorosa, que traz a felicidade. E se você se sentir pressionada a transformar sua vida no relacionamento, ou a pensar que só será feliz quando estiver com alguém, lembre-se que até mesmo Taylor Swift está lidando com esse julgamento. 

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Com o lançamento do álbum The Life of a Showgirl, uma galera nas redes vem criticando as letras da música, afirmando que a cantora não sabe escrever liricamente bem quando está feliz, assumindo que esse sentimento é exclusivamente relacionado ao noivo Travis Kelce. Na verdade, quando você para e analisa as partes da vida dela que conhecemos, fica claro que Kelce é apenas uma parte de uma harmonia feliz, que inclui a carreira em seu auge, amizades consolidadas, hobbies cultivados, familiares felizes e em sintonia. 

E você, já chegou a confundir paixão com obsessão?

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