2025 não tem hits ou 2024 que foi fora da curva?
Depois de meses explosivos na música pop, boa parte das pessoas acredita que este ano ainda não entregou um grande hino. O que explica essa calmaria?

contraste entre os dois anos é gritante. Em 2024, parecia que toda semana surgia um novo hino pop: Espresso, de Sabrina Carpenter, virou trilha das Olimpíadas, dominou as paradas e consolidou a cantora como estrela global; Chappell Roan explodiu com Good Luck, Babe!; Charli XCX transformou BRAT em um fenômeno cultural que foi além da música.
Isso sem falar que Beyoncé, Taylor Swift, Billie Eilish e Ariana Grande lançaram novos álbuns; e Bruno Mars entregou os dois duetos mais comentados do ano com Lady Gaga e Rosé nas faixas Die With a Smile e APT., respectivamente.
Já 2025… está mais morno. A primeira metade do ano trouxe bons lançamentos, mas poucos conseguiram furar a bolha. A própria Sabrina lançou Manchild, Doechii chamou atenção com Anxiety, Chappell Roan emplacou The Subway, e PinkPantheress apostou em Illegal.
O girl group KATSEYE mostrou que chegou com tudo com a viral Gnarly. Lady Gaga voltou ao topo com Abracadabra, do álbum MAYHEM, e quebrou recordes com o show histórico em Copacabana. Mas, mesmo assim, nada se compara ao impacto massivo de Espresso ou Texas Hold ‘Em no ano passado.
Um levantamento da Chartmetric ajuda a entender essa diferença: entre janeiro e junho de 2025, apenas 23 músicas alcançaram status de sucesso global — menos da metade do registrado no mesmo período de 2024, quando foram 49 faixas.
Cadê a música do verão?
Tradicionalmente, os meses de junho a agosto definem a música do verão norte-americano. Mas a escolha deste ano foi polêmica. A Billboard apontou Ordinary, de Alex Warren, como a canção da temporada só que parte do público apontou que a faixa não chegou a furar a bolha da mesma forma que outros sucessos globais.
Enquanto isso, muitas das músicas mais ouvidas atualmente ainda são de 2024, como Die With a Smile, Lose Control (Teddy Swims) e A Bar Song (Tipsy) (Shaboozey). No rádio e no streaming, esses hits seguem firmes, ofuscando parte das novidades de 2025.
O que mudou na ideia de “hit”?
Se antes um sucesso se media por execuções no rádio e vendas expressivas, hoje a equação é mais complexa. Com a fragmentação causada pelo streaming e pelas redes sociais, o que explode em um nicho pode não ter eco global.
No TikTok, por exemplo, uma música pode viralizar em milhares de vídeos sem necessariamente gerar streams suficientes para virar fenômeno mundial. É o caso de Illegal, de PinkPantheress, que virou trilha em mais de um milhão de publicações, mas não se manteve nas paradas por muito tempo.
Muito conteúdo, pouca conexão
Outro fator é o excesso de lançamentos: em 2024, quase 99 mil músicas novas entraram diariamente nas plataformas digitais, segundo a Luminate. Com tantas opções e novidades, é normal que o público se apegue aos artistas e canções que já conhece.
Ainda há esperança de que o segundo semestre entregue momentos maiores. Ainda mais com o lançamento do novo disco de Taylor Swift. Enquanto isso, a percepção geral é de que 2024 foi realmente fora da curva — um ano em que diferentes artistas conseguiram hits globais, com impacto cultural e fôlego prolongado nas paradas.
Já 2025 parece atravessar uma fase de transição: não há mais uma unidade, artistas e músicas de sucesso absoluto em todos os públicos e, sim, uma fragmentação de sucessos vivendo dentro de nichos e nem sempre se tornando “a música de todo mundo”.