Antes de tudo, DesiRée Beck entrou em Drag Race ‘para ser controversa’
Em entrevista à CAPRICHO, a drag baiana fala sobre sua quase desistência, pressão estética e como transformou cada momento em puro entretenimento.

a segunda temporada de Drag Race Brasil, DesiRée Beck deixou claro que não estava ali para passar despercebida. Em apenas seis episódios, a drag baiana viveu todas as posições possíveis na competição — e ainda colecionou momentos memoráveis, como a vitória no Snatch Game com sua icônica Xuxa Verde e um lip sync histórico ao lado de Mellody Queen ao som de Brasil, de Gal Costa.
Mas nem tudo foi glamour. Em entrevista à CAPRICHO, DesiRée revelou que quase desistiu do programa no episódio de sua eliminação. “Naquele momento que saí da werkroom, era a minha desistência. Ainda bem que não desisti e consegui terminar o figurino. Eu já fui para o programa com a saúde mental bem desestabilizada e estava muito drenada”, conta.
A pressão não veio apenas pelo ritmo intenso de gravações. Ela também enfrentou um desafio pessoal: a pressão estética. “Nunca foi uma questão para mim, mas de certa forma me afetou. Entrei na besteira de fazer dietas absurdas para perder peso rápido. Tomei coisas que eu não deveria. (…) Eu emagreci 11 kg. A gente não deveria falar sobre o corpo de outra pessoa. Isso é patrimônio dela”, desabafa.
Apesar das dificuldades, a drag diz que sua proposta sempre foi clara: causar impacto. “Entrei para ser controversa, comentada, falada. Eu tenho essa coisa muito kamikaze da minha drag. Eu gosto de causar sensações”, explica.
Durante a temporada, DesiRée também viveu momentos intensos de rivalidade e amizade. A briga com Melina Blley e a troca afiada de falas foram, segundo ela, totalmente profissionais: “Queríamos entregar entretenimento. Fomos profissionais e não levamos nada para o coração”. Já com Mellody Queen, a conexão foi imediata: “A gente tinha uma meta muito parecida. Estávamos ali para mudar a nossa vida. Nos reconhecemos muito uma na outra. Era muito forte a forma como ela me abraçava. Isso foi muito importante para mim na competição”.
Provocativa, divertida e autêntica, DesiRée Beck fez de sua passagem por Drag Race Brasil um espetáculo à parte e, pelo visto, ainda tem muito para entregar.
Leia a entrevista completa com DesiRée Beck:
CAPRICHO: Como foi assistir ao episódio da sua eliminação?
DesiRée Beck: Foi bom porque eu estava em Salvador. Estava em casa então teve aquela comoção total. Eu estava tão mal no dia da minha eliminação, mas acho que esse desfecho deu o pacote completo. Não foi nem pela expectativa que eu fiquei mal, foi mesmo pelo o que senti durante aquele dia. Mas, ontem eu fui muito muito amparada.
CH: No episódio você ficou bem desestabilizada. Em algum momento você pensou em desistir?
DB: Eu meio que desisti. Naquele momento que eu saí da werkroom, era a minha desistência. Ainda bem que eu não desisti. A gente até julga quem desiste de uma grande oportunidade como essa, mas quando a nossa cabeça está de certa forma, não entra mais nada nela. Foi uma alternativa para mim naquele momento, mas ainda bem que eu não desisti e consegui terminar o figurino. Consegui fazer tudo. Eu acho que foi tudo muito bonito como foi exibido.
CH: Foi o medo mesmo de não conseguir entregar?
DB: Não foi essa questão de entregar, eu sou muito desprendida disso. Acho que foi mesmo a questão de chegar no limite da minha saúde mental. Eu já fui para o programa com uma saúde mental bem desestabilizada. Estavam acontecendo muitas coisas fora e, como a gente estava confinada, não sabia como essas coisas estavam sendo desenvolvidas na minha ausência. Essa ansiedade estava muito presente em mim em todo momento ali na competição. Me senti muito drenada. Eu via a câmera e queria viver aquilo, então toda a minha energia era colocada para aquela gravação.
CH: Olhando para a sua eliminação, o que você faria de diferente?
DB: Eu não faria nada de diferente. Não sei se as pessoas entenderam qual era a minha proposta. Entrei para ser controversa, comentada, falada. Eu tenho essa coisa muito kamikaze da minha drag. Eu gosto de causar sensações. As pessoas sabem como é a minha maquiagem e os look que uso fora do programa. Eu queria fazer algo muito mais provocativo, como essa runway do Peru, por exemplo. É a minha favorita. Acho que atingi exatamente o que eu queria com ela. Se eu participasse novamente, talvez a expectativa seria ser bonita e com boas roupas.
CH: DesiRée, em seis episódios, você viveu todas as posições possíveis na competição. Como você vê essa trajetória e qual foi seu momento favorito na competição?
CH: Os meus momentos favoritos da competição com certeza foram os mais caóticos. Eu amo o meu Snatch Game. Eu amo o terceiro episódio e tudo que foi desenvolvido nele. A briga da bananeira e a troca que eu tive com a Melina Blley.Se as coisas aconteceram foi porque foram duas pessoas querendo. Por mais que cada uma tivesse vivendo suas emoções, nós queríamos entregar isso para o programa. Consigo ver bastante prazer em ter assistido isso como telespectador e fã do programa. Eu me apaixonei pelo programa quando eu assisti uma briga entre Tyra, Raven, Jujubee e Tatiana. Eu sou assim.
CH: E está tudo certo entre você e a Melina?
DB: Está tudo ótimo. No pós do programa a gente teve uma troca melhor do que lá dentro. Ainda bem que tanto ela quanto eu queríamos a mesma coisa. Queríamos entregar entretenimento para o programa e não levamos nada para o coração. E a gente sempre se ajuda. Eu acho que era um pensamento geral ali. Todo mundo queria fazer acontecer. Fomos profissionais. Ninguém levou nada para o coração. Não teve grandes crises e brigas fora do programa.
CH: Desi, além da piada sobre você estar com a make feia — que você também entrou na onda — ,eu lembro de um post seu no Twitter logo no começo da temporada desabafando por causa de um comentário maldoso feito sobre sua aparência no programa. Você pode me contar um pouco mais sobre isso?
DB: Sim. Eu nunca comentei abertamente sobre isso, mas quando eu estava indo para as gravações, eu tive uma questão com a pressão estética. Nunca foi uma questão para mim, mas de certa forma me afetou. Entrei na besteira de fazer dietas absurdas para perder peso rápido. Tomei coisas que eu não deveria ter tomado, inclusive para a questão hormonal, e isso me afetou bastante. Eu suava bastante, principalmente nos primeiros episódios, porque eu continuava a tomar esses remédios durante as gravações. Isso afetou bastante o psicológico, eu não conseguia dormir e me deixou um estado de alerta total.
Esse comentário foi uma coisa que realmente me deixou chateada. Eu gosto bastante de toda repercussão que tem sobre a minha make estar feia, mas comentários sobre a minha aparência fora da drag era uma questão para mim. Eu emagreci 11 kg. A gente não deveria falar sobre o corpo de outra pessoa. Isso é patrimônio dela.
existem coisas que atingem a gnt, não somos de aço.
quando eu fui pro drag race, eu tive vários problemas sobre meu peso, acabei caindo em jejuns, dietas e recorri a medicação ilegal pra emagrecer, nunca falei sobre isso, mas eu n quero de verdade ler novamente (…) pic.twitter.com/Shh4TxltxV— DesiRée Beck 🦃 (@mrsdesireebeck) July 18, 2025
CH: Você e Mellody Queen fizeram história em Drag Race Brasil com dois lip syncs icônicos. Vimos que vocês ficaram bem amigas também. Como é esse relacionamento com a Melody?
DB: Eu não me senti muito abraçada por algumas meninas quando eu cheguei. Às vezes por estratégia delas por eu ser a mais famosa. E a Melody sempre foi uma pessoa com quem eu tinha uma troca muito boa. A gente se divertia. Nós duas somos muito intensas nas nossas entregas. A gente tinha uma meta muito parecida. Estávamos ali para mudar a nossa vida. Nos reconhecemos muito uma na outra. Era muito forte a forma como ela me abraçava. Isso foi muito importante para mim na competição. As pessoas talvez nem tenham tanta noção.
CH: Você citou sobre esse desentendimento com algumas queens e, assistindo, dava a impressão que você e Ruby Nox não tinha uma rusga real e era só para gerar entretenimento. Vocês tinham um desentendimento de verdade?
DB: Não, eu nem sabia. Eu fui saber dos comentários dela assistindo. Apesar de eu entender uma certa distância que tínhamos, depois eu descobri que a implicância comigo é porque eu não seguia ela no Instagram (risos). Foi uma relação que foi evoluindo naturalmente. Tanto que em certo momento simplesmente não existem mais esses comentários. Talvez se eu soubesse dessa vontade que ela tinha de estar rendendo isso, eu entregasse um feedback, mas eu realmente não sabia.
CH: Os seus fãs e os fãs do programa querem muito que você tenha uma segunda chance. Pensando até na sua frase de despedida, se você for chamada para uma edição “vs the world”. Com quais queens internacionais você gostaria de competir com?
DB: Ah, só dando um status, meu inglês está ótimo. Já tem mais de um ano que eu faço aulas. Eu sou muito fã de drag em geral e também do programa. Dos Estados Unidos, eu adoraria encontrar a Bosco. Do UK, eu queria a Bimini, a Tayce ou a Awhora. Do Filipina, a Marina Summers. Da Espanha, meu sonho seria competir com a Carmen Farala. Betina Polaroid e Hellena Malditta também.
+Quer receber as principais notícias da CAPRICHO direto no celular? Faça parte do nosso canal no Whatsapp, clique aqui.