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Amadurecimento musical de Jaloo ganha força nas raízes do Pará

Cantora convidou Gaby Amarantos para uma performance especial no C6 Fest, que acontece neste fim de semana.

Por Arthur Ferreira Atualizado em 29 out 2024, 15h48 - Publicado em 18 Maio 2024, 09h01

“Estava sentindo falta de festivais. Essa conversa é uma conversa invisível para os artistas independentes. Eu tenho a impressão de que a gente está tocando menos, mas não sei se é algo exclusivo do meu trabalho”, compartilhou Jaloo sobre a falta de artistas indies em espaços como o C6 Fest, que acontece entre hoje, sábado (18) e domingo (19), em São Paulo.

“Ter esse lugar agora me deixou muito feliz e empolgada para o que virá. Festivais celebram vários artistas diferentes e permitem que novas pessoas conheçam o meu trabalho. Isso é muito importante”.

Expoente da música indie e eletrônica paraense, ela trará ao palco a poderosa voz de Gaby Amarantos, sua conterrânea. Em entrevista exclusiva para a CAPRICHO, Jaloo revelou detalhes da performance. Vem com a gente:

Jaloo, nome artístico de Jade de Souza Melo, começou a ganhar destaque após o lançamento de seu aclamado primeiro disco, o #1. Uma das características que mais chamam atenção em seu som é a fusão única das influências culturais do Pará com elementos contemporâneos.

Festivais como o C6 têm uma curadoria diferenciada, focando no talento ao invés de apenas números. Me sinto honrada em representar o Brasil entre artistas tão talentosos. Meu setlist será bem brasileiro, focando na nossa cultura

Jaloo sobre sua apresentação no C6 Fest

A parceria entre Jaloo e Gaby é de longa data e a aproximação entre as artistas aconteceu após o lançou do primeiro disco de Gaby, Treme. Na época, Jaloo fez um remix da faixa Chuva e, posteriormente, lançou sua própria versão da música com um novo arranjo para seu disco de estreia. Ambas são ícones da vibrante cena musical do Norte do Brasil e têm sido reconhecidas por suas contribuições inovadoras e autênticas à música brasileira.

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“A ideia do convite foi do festival. Primeiro, me convidaram para fazer parte do evento, o que foi incrível. Depois, veio a ideia de incorporar alguém que admiro, e o nome da Gaby surgiu naturalmente. Eles toparam na hora,” revelou Jaloo sobre sua participação no festival e a colaboração com Gaby Amarantos.

A expectativa para o show é grande, tanto para Jaloo quanto para os fãs.

“A repercussão foi linda. Recebemos um feedback muito positivo nas redes sociais. Estou mais ansiosa do que preocupada, porque adoro me divertir no palco e a Gaby também. Estamos fazendo o nosso melhor, então essa ansiedade é de saber como vai ser bom o show,” comentou Jaloo sobre a reação dos fãs ao anúncio da colaboração.

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Jaloo apresentará sucessos de sua discografia e músicas do recém-lançado álbum Mau, de 2023. Este terceiro álbum de estúdio marca uma fase de amadurecimento artístico e pessoal, abordando temas como identidade e sexualidade.

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“Fiz tudo sozinha neste álbum, desde a composição até a produção, o que foi um grande desafio, mas me trouxe muito amadurecimento. Eu tenho plena noção do que eu faço hoje em dia, antes eu tinha muita incerteza se o que eu fazia era bom, se fazia sentido, se eu usava as palavras corretas. Hoje em dia eu escuto minhas músicas e tenho esse amadurecimento de falar ‘nossa, tá bom para caramba'”, refletiu.

A sociedade que a gente vive atualmente é muito focada no bom, na Luz, de cada um. Só que a gente também tem a nossa sombra e eu acho que esse disco diz muito para você não colocar isso para debaixo do tapete. Eu gosto muito de celebrar o meu lado mau

Jaloo sobre seu último disco, Mau

Ela ainda nos contou que, em seus primeiros discos, ela tinha receio de soar esquisita, mas agora não se importa tanto com isso.

“Às vezes eu ficava até preocupada de não estar me preocupando tanto. Antes, eu era obsessiva com minha arte, a maneira como eu performava, com as críticas. Eu ouvia muitas críticas e não elaborava um pensamento sobre elas, só absorvia. Agora encontrei um equilíbrio. Aceito as críticas, mas me permito ser mais livre e plena na minha arte,” explicou Jaloo sobre essa transição e como isso afetou sua abordagem criativa.”

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Após sua primeira edição em 2023, O C6 Fest está de volta com uma nova edição do festival. O C6 Fest acontecerá nos dias 17, 18 e 19 de maio de 2024, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, e os ingressos você encontra no site oficial do evento.

Leia a entrevista completa:

CAPRICHO: Como está sendo a preparação para sua participação no C6 Fest, especialmente considerando a colaboração com Gaby Amarantos?

Jaloo: A ideia do convite foi do festival. Primeiro, me convidaram para fazer parte do evento, o que foi incrível. Depois, veio a ideia de incorporar alguém que admiro, e o nome da Gaby surgiu naturalmente. Eles toparam na hora. Eu e a Gaby temos uma história longa. Conheci ela pessoalmente em 2011 ou 2012, quando lançou o primeiro disco dela, Treme. Tinha uma música chamada Chuva que nos aproximou muito, porque anos depois fiz um remix dela e, mais tarde, essa música acabou entrando no meu disco. A gente já tinha essa conexão musical.

Vocês são dois ícones da música do Norte. Como foi ver a repercussão dos fãs quando esse anúncio surgiu?

A repercussão foi linda. Recebemos um feedback muito positivo nas redes sociais. Estou mais ansiosa do que preocupada, porque adoro me divertir no palco e a Gaby também. Estamos fazendo o nosso melhor, então essa ansiedade é de saber como vai ser bom o show. Fizemos alguns ensaios e a Gaby é uma excelente profissional e tem um feeling de artista incrível. Até as entradas e deixas das músicas, ela já pegou de primeira. Trabalhar com ela é encantador.

Você está com duas turnês recentes, a de Mau e a 3 eras. Qual delas veremos no C6 Fest?

Sim, começamos a turnê de divulgação do meu último disco Mau e temos esse show especial chamado 3 Eras, que fizemos em algumas capitais. É um outro formato, é um show mais longo, com troca de figurinos, focado nos três álbuns, mas no C6 Fest será focado no Mau

Tem alguma música específica do Mau que você gosta muito de tocar ao vivo?

Tenho duas queridinhas: Profano e Ocitocina. Cada uma vai para um lado diferente. Os meus fãs gostam muito de uma coisa mais melancólica, eu já entendi isso. Profano tem uma vibe melancólica de relacionamento, enquanto Ocitocina fala sobre afeto e família. São músicas que gosto muito e tem mensagens muito bonitas.

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No seu último álbum, Mau, você abordou temas como identidade e sexualidade. Como essas músicas têm sido recebidas pelo público e como você planeja transmitir a energia do disco durante a sua performance no festival?

O primeiro show da turnê 3 eras foi muito importante, porque foi quando eu toquei o Mau inteiro pela primeira vez ao vivo. A recepção foi mista no começo, porque tem muitos fãs que são apegados ao que você já lançou no passado. Eu estava meio ansiosa em pensar que ele não seria tão celebrado, mas a repercussão acabou sendo muito positiva. Fiquei surpresa com a celebração das músicas pelo público. É um processo longo para entender essa recepção, mas agora vejo que elas realmente amam o disco.

Sua música é uma fusão única de influências paraenses e contemporâneas. Como você vê a importância de festivais como o C6 Fest para a promoção da diversidade musical brasileira?

Eu acho incrível. Festivais como o C6 têm uma curadoria diferenciada, focando no talento ao invés de apenas números. Me sinto honrada em representar o Brasil entre artistas tão talentosos. Quero muito representar o Brasil. Meu setlist será bem brasileiro, focando na nossa cultura. 

Recentemente, você foi anunciada no Sarará de BH. Como tem sido receber esses convites para festivais?

Estou muito feliz. Estava sentindo falta de festivais. Essa conversa é uma conversa invisível para os artistas independentes. Eu tenho a impressão de que a gente está tocando menos, mas não sei se é algo exclusivo do meu trabalho. Fizemos um show em São Paulo com ótima recepção, ótimos números, mas meu nome estava demorando para circular nesses eventos. Ter esse lugar agora me deixou muito feliz e empolgada para o que virá. Festivais celebram vários artistas, permitindo que novas pessoas conheçam o meu trabalho. Isso é muito importante.

Tem algum outro artista do line-up do C6 que você está ansiosa para ver?

Estou muito animada para ver o Daniel Caeser, a Raye e a Romy do The xx. Admiro muito o trabalho dessas pessoas.

Mau marca seu retorno após um hiato de quatro anos. Como foi o processo de criação deste álbum e como você vê esse processo de amadurecimento artístico?

Mau tem uma abordagem literal e metafórica sobre a sombra e a luz dentro de nós. A sociedade que a gente vive atualmente é muito focada no bom, na Luz, de cada um. Só que a gente também tem a nossa sombra e eu acho que esse disco diz muito para você não colocar isso para debaixo do tapete. Eu gosto muito de celebrar o meu lado mau. 

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Fiz tudo sozinha neste álbum, desde a composição até a produção, o que foi um grande desafio, mas me trouxe muito amadurecimento. Eu tenho plena noção do que eu faço hoje em dia, antes eu tinha muita incerteza se o que eu fazia era bom, se fazia sentido, se eu usava as palavras corretas. Hoje em dia eu escuto minhas músicas e tenho esse amadurecimento de falar “nossa, tá bom para caramba”.

Como foi fazer tudo sozinha? Teve momentos de dúvida?

Eu estava confiante na minha capacidade. Eu sabia que eu ia dar conta, então não houve momentos de dúvida. Foi um processo divertido e, quando finalizei as 10 faixas, senti que estava tudo ótimo. 

Você já disse que, nos primeiros discos, tinha receio de soar esquisita, mas agora não se importa tanto com isso. Como foi essa transição de preocupações e como isso afetou sua abordagem criativa?

Às vezes eu ficava até preocupada de não estar me preocupando tanto. Antes, eu era obsessiva com minha arte, a maneira como eu performava, com as críticas. Eu ouvia muitas críticas e não elaborava um pensamento sobre elas, só absorvia. Agora encontrei um equilíbrio. Aceito as críticas, mas me permito ser mais livre e plena na minha arte.

Você mencionou anteriormente que Mau é sobre fazer as pazes com sua própria sombra e vulnerabilidade. Como você acha que esse tema ressoa com seus fãs e como você acha que isso influencia sua conexão com sua audiência?

Isso é interessante. Cada um está no seu percurso e, apesar de alguns fãs ainda estarem vivendo uma vibe mais parecida com a minhas outras eras, percebo que muitos ainda estão lidando com suas sombras. Tento oferecer um convite para eles fazerem as pazes com suas fraquezas.

Além do C6 e do Sarará, você tem mais algum projeto vindo?

Não posso dar muitos spoilers, mas estou sempre trabalhando em algo novo. Eu não paro de trabalhar. Tenho ideias legais para sair da minha zona de conforto e explorar novas colaborações, produzir outros artistas.

Jaloo, nos seus trabalhos você sempre traz uma força imagética muito grande, não só nas músicas, mas nos visuais também. Como foi o processo de criação da arte visual para Mau e o que podemos esperar do seu show nesse sentido?

Sim, eu já estou vendo as pessoas nesse lugar de ser capetinha, fazendo chifrinhos, sem se negar a isso de forma lúdica, e acho isso muito bonitinho. Acho que a imagética do disco só vai crescer, especialmente com a capa. Estou abraçando um demônio, uma figura demoníaca, mas ao mesmo tempo, algo que amo nessa capa é a dicotomia do demônio ser muito afetuoso. Ele está me abraçando com muito carinho, e eu tenho uma expressão meio maléfica. É como se o anjo e o demônio não fossem necessariamente o que parecem ser.

Gosto de brincar com esses signos, até invertidos, considerando o tanto de coisa péssima que foi feita no mundo, tanto atualmente quanto antigamente, em nome de algo celestial, algo puro, para mim.

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