Lily Allen expõe divórcio de David Harbour: entenda indiretas do álbum

West End Girl, novo disco da britânica, mistura confissão e ficção para falar sobre o fim de seu casamento com o ator David Harbour

Por Arthur Ferreira Atualizado em 29 out 2025, 17h45 - Publicado em 29 out 2025, 15h47
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epois de sete anos sem lançar inéditas, Lily Allen voltou à música com West End Girl, álbum lançado na última sexta-feira (24) e já apontado como o trabalho mais intenso de sua carreira. Em ascensão nas paradas com quatro faixas no Top 50 do Spotify do Reino Unido e Pussy Palace alcançando seu primeiro Top 20 desde 2014, o disco coloca a cantora de volta ao centro das discussões pop, agora em um contexto muito mais pessoal.

O projeto surgiu em meio ao fim de seu casamento com o ator David Harbour, conhecido por interpretar o xerife Hopper em Stranger Things. O relacionamento, que começou em 2019 e terminou no fim de 2024, foi atravessado por boatos de traição e conflitos. Lily compôs todas as 14 faixas do álbum em apenas dez dias, durante o período da separação.

Em entrevista à Interview Magazine, ela explicou que o processo foi uma forma de lidar com o término: “Todos nós passamos por términos, e isso é sempre brutal pra caramba. Mas não acho comum escrever sobre isso enquanto ainda se está passando por isso.”

A artista acrescentou que, embora o disco nasça de um momento de dor, sua intenção não era se colocar como vítima. “Eu queria que soasse brutal e trágico, mas também empoderador, que houvesse alegria em poder expressar isso”, disse.

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Um casamento em colapso

Lily e Harbour se conheceram por meio do aplicativo Raya e se casaram em uma cerimônia discreta em Las Vegas, em 2020. No início de 2025, a separação veio a público, acompanhada da notícia de que a cantora havia se internado em uma clínica psicológica para lidar com os efeitos emocionais do rompimento.

A partir desse contexto, West End Girl funciona como uma espécie de narrativa sem cronologia definida, na qual Lily revisita episódios marcantes do relacionamento, que foi marcado por desconfianças e traições a tentativas frustradas de reconciliação.

Na faixa-título, a artista relembra a mudança de Londres para Nova York e o início do distanciamento do casal. Já em Sleepwalking, fala sobre a ausência de intimidade: “Você não vai me amar, nem vai me deixar. Você não me toca, mas ainda é carente.”

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Em Nonmonogamummy, ela ironiza o acordo de um relacionamento aberto, cantando “serei a mamãe não monogâmica”, enquanto em Pussy Palace detalha o momento em que volta à casa dos dois e encontra objetos íntimos de outras mulheres. “Cabelos longos, brinquedos sexuais, camisinhas… como eu fui parar na sua vida dupla?”, questiona na letra.

Outras canções reforçam a desconfiança de que o ex-marido havia se envolvido com outra pessoa. Tennis e Madeline citam diretamente o nome da suposta amante e expõem o desequilíbrio emocional da cantora diante das descobertas. Em Just Enough, Lily pergunta: “Você engravidou alguém que não sou eu?”.

A ficção dentro da verdade

Embora o álbum tenha fortes referências biográficas, Lily afirma que parte das letras é ficcional. À Vogue UK, explicou que algumas situações foram inspiradas em experiências reais, mas não representam uma reconstrução literal dos acontecimentos. Ela contou que a personagem Madeline não existe e é um símbolo das muitas figuras que surgem na imaginação durante um relacionamento conturbado. “É sobre as complexidades do amor e as projeções que fazemos. É uma história”, afirmou.

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Ainda assim, o público não demorou a ligar os pontos. Logo após o lançamento, fãs resgataram um bilhete escrito por Harbour em 2021, no dia da estreia de Lily na peça 2:22 A Ghost Story, em Londres. Na mensagem, o ator escreveu: “Minha ambiciosa esposa, estas flores são de azar, porque se você for elogiada na peça, ganhará todos os tipos de prêmios e eu ficarei infeliz. Seu amado marido.” À época, o tom foi visto como brincadeira. Agora, com o conteúdo das músicas, o bilhete ganhou novo significado.

Da exposição à reconstrução

Ao longo do disco, Lily também reflete sobre seus próprios limites e recaídas. Em Relapse, canta sobre quase ter voltado a usar drogas e álcool, vícios que deixou há seis anos, em meio à turbulência emocional do casamento.

Já nas faixas finais, Let You W/In e Fruityloop, ela encerra o ciclo de maneira simbólica, reconhecendo que não pode carregar a culpa sozinha: “Não vou absorver sua vergonha. Posso sair com minha dignidade se colocar a verdade na mesa.”

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A artista diz que hoje enxerga o álbum com distanciamento e sem ressentimento: “Na época, eu estava tentando processar tudo, mas agora não me sinto confusa nem com raiva.”

Uma nova era pessoal e artística

Recentemente, Lily colocou à venda a casa que dividia com Harbour no Brooklyn, adquirida em 2020 por US$ 3,3 milhões e agora anunciada por cerca de US$ 8 milhões. Segundo o The Sun, a propriedade de quatro andares, com sauna, quintal privativo e uma cozinha com ilha central está desocupada há meses. “Parece que ninguém mora lá há algum tempo”, relatou um vizinho ao jornal britânico.

Lily, por sua vez, já se mudou de volta para Londres com as duas filhas do primeiro casamento, e segue promovendo o álbum com apresentações e entrevistas.

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