O livro que Anitta lia em silêncio na live e por que chamou atenção

Ele é um dos títulos mais procurados por pesquisadores, religiosos e interessados em assuntos da diáspora africana.

Por Andréa Martinelli 25 ago 2025, 20h55
E

m um mundo em que o barulho das redes sociais muitas vezes fala mais alto do que o conteúdo, Anitta fez o contrário e parou a internet nesta segunda-feira (25). Sem aviso ou alarde, a cantora abriu uma live despretensiosa no Instagram, ficou sentada em silêncio por cerca de 30 minutos, de fone de ouvido, lendo um livro.

E, ainda assim, milhares de pessoas pararam para assistir, viu? Rapidamente os fãs e público descobriram que a ação faz parte de uma publicidade do Mercado Pago — banco em que ela atua como embaixadora; mas, mesmo assim, uma pergunta dominou os comentários: qual livro ela está lendo?

A CAPRICHO foi investigar e descobriu que o livro é Lendas Africanas dos Orixás (R$ 79, Amazon*), do fotógrafo, etnólogo e escritor Pierre Verger, com ilustrações do artista Carybé, publicado lá em 1985 e reeditado em 2019 pela Fundação Pierre Verger.

A leitura de Anitta faz sentido se considerarmos os últimos interesses da cantora. Recentemente, a cantora visitou o Xingu, uma região indígena e participou de um ritual sagrado (bem longe das redes sociais).

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“Fomos até o Xingu, na aldeia Ipatse, do povo Kuikuro, onde vivenciei de perto o Kuarup, ritual que celebra a memória e a trajetória daqueles que já fizeram passagem. Além disso, tive a honra de conhecer o Cacique Raoni, na Terra Indígena do povo Kayapó, esse homem que dedica anos da sua vida à defesa da floresta, à proteção dos territórios indígenas e ao futuro da humanidade”, contou em suas redes sociais – claro, depois do ritual. Cada vez mais, ela tem se conectado com religiões de matriz africana também e exposto sua experiência nas plataformas.

Voltando ao livro: ele é um dos títulos mais procurados por pesquisadores, religiosos e interessados em assuntos da diáspora africana (ou seja, no momento em que os africanos foram retirados à força de seus territórios em detrimento do trabalho escravo e da colonização).

Como diz o nome, a obra traz um compilado de lendas, cuidadosamente coletadas por Verger em 17 anos de sucessivas viagens pela África Ocidental, desde 1948, período em que se tornou Babalawô (1950) e quando recebeu do seu mestre o nome de Fatumbi.

Apesar de Verger ser conhecido mundialmente por seu trabalho fotográfico, o livro não tem nenhuma fotografia dele e, sim, ilustrações do Carybé, também seu amigo de longa data. As imagens buscam traduzir a sensibilidade e do espírito da magia dos orixás.

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