
UM MERGULHO NO DESCONHECIDO
Com o fim de Sintonia, Bruna Mascarenhas (a nossa Ritinha <3) quer explorar novos mundos e se permitir a viver a imensidão de possibilidades.
arioca da gema, Bruna Mascarenhas deixou Niterói em 2018, rumo a São Paulo e a todos os sonhos que poderia construir na capital paulista. Sem plano B, ela só carregava na bagagem a certeza que ia dar certo. A atriz, formada pela Faculdade de Artes Cênicas da CAL (Casa de Artes de Laranjeiras), no Rio de Janeiro, nunca tinha feito audiovisual quando recebeu o convite para fazer um teste para o elenco do que seria a segunda série brasileira da Netflix e uma das mais assistidas no streaming.
Foi assim que ela conheceu a Ritinha, personagem protagonista que mudou sua vida e a vida de tantas garotas que se sentiram representadas e acolhidas por ela. Ao lado de Christian Malheiros e Jottapê, Bruna foi escolhida para contar a história de três jovens oriundos da periferia de São Paulo, que lutam por seus sonhos enquanto precisam lidar com uma série de desafios impostos por suas realidades socioeconômicas. “Nós fomos crescendo junto com a série. Costumo dizer que Sintonia foi minha segunda faculdade”, diz a atriz, cheia de orgulho.
Por Rita, ela precisou deixar o sotaque carioca de lado, aprendeu mais sobre a Bíblia, e entrou em contato com várias nuances e contradições de uma personagem complexa e real. E por isso, muitas vezes, apesar das diferenças entre suas histórias, ela também se viu ali representada por essa jovem que ela criou nas telas, mas que inspirou Bruna, na vida real, a sempre dar o primeiro passo, mesmo que o caminho ainda não esteja tão claro.
Despedir-se da Ritinha, depois de sete anos de projeto, é um misto intenso de emoções. Quando questionada sobre as marcas que a personagem deixa, Bruna fica com a voz embargada e os olhos marejados. A protagonista lhe inspirou a criar um projeto social para oferecer aulas de TV e cinema para adolescentes nas comunidades. E esse é só um dos planos daqui para a frente.
“É muito legal a gente acompanhar essa personagem [a Ritinha] que também viveu altos e baixos: começou a série “marretando” e terminou a série formada, trabalhando em um grande escritório, com uma vida mais estável, acesso a um plano de saúde, e com a oportunidade de fazer terapia”, conta.
Para celebrar essa trajetória e dar boas-vindas ao futuro, Bruna Mascarenhas estampa a capa da edição digital da CAPRICHO de fevereiro. Conversamos com a atriz dias antes da estreia da quinta e última temporada de Sintonia na Netflix. Ela falou sobre a série, o impacto da fama, seu papel nas redes sociais, como se descobriu uma mulher bi e muito mais.
Leia a entrevista completa abaixo:.
CAPRICHO: Deve passar um filme na sua cabeça com o fim desses sete anos de Sintonia. O que você sente quando olha para o passado e para a Bruna antes da Rita, esse papel tão importante para você?
Bruna Mascarenhas: Amadurecimento. Quando assisto ou lembro de alguma cena antiga da série, sempre lembro também do meu momento de vida, o que eu estava passando fora da câmeras. Teve momentos de dificuldade na minha vida pessoal, mas que eu estava ali trabalhando e realizando um projeto, ou momentos muito bons que passei tanto no profissional como na vida pessoal ao mesmo tempo.
Então, nós fomos, realmente, crescendo junto com a série. Costumo dizer que Sintonia foi minha segunda faculdade. Me formei em teatro, mas em audiovisual eu comecei há sete anos, justamente dando vida à Rita. É um privilégio poder fazer cinco temporadas de um projeto, encontrando camadas e aprofundando uma personagem. Isso é um presente para um ator.

Você falou que a série te faz lembrar de momentos da sua vida pessoal. Você se identificou muito com a sua personagem ao longo das gravações?
Quando decidi me mudar para São Paulo, estava muito determinada. Falei para a minha mãe: “Eu vou me mudar e, até dia tal, vou conseguir trabalhar”. Quando ela disse que eu precisava de um plano B, respondi: “mas não tem plano B, meu plano é esse plano, vai dar certo”. Eu tinha uma certeza muito grande de que era para estar aqui [em São Paulo]. Pedi demissão, me despedi dos meus amigos e família e vim. Fiz uma entrevista de emprego na segunda-feira da semana que cheguei, na quinta, já estava empregada, e aí um mês e meio depois apareceu o teste de Sintonia.
Essa garra, disposição, vontade de ir atrás do que deseja é muito parecido com a Ritinha. Por mais que ela tenha começado a primeira temporada sem saber qual era seu objetivo, ela é do tipo de pessoa que mesmo quando não sabe qual caminho seguir, ela sempre dá o primeiro passo, vai adiante, sobe um degrau. Essa é uma coisa que me inspira muito e acho que é um lugar que a gente tem muito em comum.
E o que da Rita vai ficar em você após o fim da série?
Fico até emocionada de falar, porque ela marcou um ciclo na minha vida e que está finalizando agora. E muita coisa mudou. Eu nunca me imaginei dando aula, mas ano passado, me deu vontade de criar um projeto social e começar dar aula de TV e cinema para adolescentes nas comunidades. Acredito que é uma maneira de retribuir tudo que Sintonia e os fãs me deram. Esse projeto já está em andamento e, com certeza, também vem de uma inspiração da Ritinha, que é uma pessoa que sempre quis ajudar e não sabia como. Aí tentou a igreja, depois a política, e se encontrou no direito. Como atriz, também sou uma canalizadora disso.
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