Conjunto listrado da Riachuelo é acusado de remeter a imagem do Holocausto

Reflexão levantada nas redes sociais aponta semelhança a uniforme usado por prisioneiros nos campos de concentração nazistas

Por Da Redação Atualizado em 29 out 2024, 18h19 - Publicado em 13 set 2023, 13h57

Um conjunto da Riachuelo formado por camisa e calça listradas em branco e um tom de verde-azul acinzentado gerou repercussão nas redes sociais. O comentário feito por Maria Eugênya Pacioni, especialista em Cultura Material, Consumo e Semiótica Psicanalítica pela Universidade de São Paulo (USP), viralizou no Twitter e, segundo ela, a roupa remeteria à imagem de inocentes presos em campos de concentração e ao extermínio feito pelo regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Ela publicou uma foto que tirou na loja de departamento e escreveu: “Tá faltando aula de História (e noção) pros estilistas da Riachuelo”.

O Museu do Holocausto localizado em Curitiba, no Paraná, explicou que o incômodo da imagem da roupa tem um motivo histórico. Isso porque os conjuntos com os detalhes que vimos na arara da Riachuelo – a largura das listras verticais, a escolha das cores, da modelagem e da gola – remetem ao Holocausto, genocídio cometido por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

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Embora existam pessoas dizendo que são ‘apenas listras’ e outros argumentos nesse sentido, a reflexão proposta pelo Museu do Holocausto gira em torno do fato de que o conjunto de listras produz sensações dolorosas, que remetem à perseguição feita pelo nazismo, a partir de um imaginário coletivo. Eles destacam a fala da pesquisadora Maria Eugênya Pacioni sobre o assunto: “Tendências de moda não são isoladas da estética, da semiótica, da história, e nenhuma tendência deve estar acima da decência, da memória e do respeito“.

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Não é que seja proibido usar ou criar peças listradas, mas o que gera incômodo é esse modelo específico, estilo ‘pijama’, a largura das listras, as cores, o corte reto e outros elementos que imediatamente remetem a imagens de prisioneiros do nazismo. Além disso, o argumento proposto pela produtora cultural Maria Eugênya Pacioni é de que a moda não pode se esquecer da história da humanidade e se esvaziar de simbolismos presentes no imaginário coletivo.

Diante da discussão, a Riachuelo se pronunciou dizendo que a escolha das peças foi uma ‘infelicidade’ e que elas serão retiradas das lojas físicas e do e-commerce. Confira a nota emitida pela empresa:

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“Nós, da Riachuelo, prezamos pelo respeito por todas as pessoas, e esclarecemos que, em nenhum momento, houve a intenção de fazer qualquer alusão a um período histórico que feriu os direitos humanos de tanta gente.

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A escolha do modelo das peças e da cartela de cores realmente foi uma infelicidade, e gostaríamos de reforçar que todas as peças já estão sendo retiradas das nossas lojas e e-commerce.

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Entendemos a sensibilidade do assunto, agradecemos o alerta trazido pelos nossos consumidores e pedimos desculpas a todas as pessoas que se sentiram ofendidas pelo que o produto possa ter representado.”

Vale lembrar que essa não é a primeira vez que isso acontece no mundo da moda. Em 2015, por exemplo, a rede norte-americana Urban Outfitters foi alvo de críticas quando colocou à venda peças listradas nas cores branca e cinza com um triângulo rosa, símbolo que prisioneiros homossexuais eram obrigados a usar nos campos de concentração nazistas. Na época, a denúncia foi feita pela organização não-governamental Anti-Defamation League (ADL), que luta contra o antissemitismo e todas as formas de intolerância.

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