Figurino de A Mulher Rei, filme com Viola Davis, tem elementos históricos

Curiosidades sobre o trabalho de Gersha Phillips, preparo físico das atrizes e mais!

Por Taya Nicaccio 3 out 2022, 19h08

Se você é entusiasta de bons filmes, especialmente aqueles que contam histórias reais, entregam um figurino impecável e têm um elenco representativo, com certeza está de olho em A Mulher Rei, novo filme da Sony Pictures, que segue liderando o primeiro lugar em diversos cinemas ao redor do mundo desde sua estreia em setembro. 

O longa de Gina Prince-Bythewood conta a extraordinária história das Agojie, uma força de elite de guerreiras, constituída unicamente por mulheres que protegiam o Reino Africano de Daomé no século 19. A Mulher Rei segue Nanisca, interpretada pela vencedora do Oscar Viola Davis, responsável por treinar a próxima geração de guerreiras e prepará-las para a batalha contra um inimigo determinado a destruir a liberdade e tudo o que ela acredita e defende. Nesta matéria, a CAPRICHO te conta os principais destaques da trama quando o assunto são looks, curiosidades e bastidores!

 

Para o figurino da produção, que também conta com Thuso Mbedu, Lashana Lynch, Sheila Atim, Hero Fiennes Tiffin e John Boyega no elenco, a figurinista Gersha Phillips se baseou na tradição africana e implementou uma mistura de técnicas autênticas e práticas para representar as Agojie.

Durante sua pesquisa, ela descobriu que as guerreiras Agojie na África Ocidental usavam calças largas durante o período histórico ambientado no filme. Inicialmente, projetou roupas nesse estilo, mas, depois, incorporou saias envelope, também vistas em arquivos históricos. Além disso, Phillips teve que considerar a funcionalidade das peças – afinal, todo mundo tinha que lutar, e isso diz muito sobre o preparo físico do elenco.

Preparo físico das atrizes

No século 19, o mundo ocidental estava cheio de armas de fogo na guerra, mas as Agojie ainda dominavam as batalhas no combate corpo a corpo. Para se prepararem para os papéis e cenas de alta intensidade, todos os atores foram submetidos a dietas rigorosas e treinamentos, que levavam em torno de cinco horas ou mais todos os dias, e, depois, mais três horas e meia de artes marciais, para que, assim, dominassem o uso das espadas, dos socos e a utilização assertiva dos cotovelos. Dá só uma olhada nesse processo: 

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Dito isso, todas as roupas criadas foram necessárias para suportar acrobacias e movimentos extremos. “Imediatamente, nós [equipe de figurino] pedíamos para fazer os ajustes para que tivéssemos uma ideia de como seriam seus movimentos quando estivessem nos figurinos”, disse a figurinista ao The Credits.

“Uma das coisas que acabamos fazendo foi transformar a parte de cima do short em um short de spandex [material muito utilizado no desenvolvimento de uniformes de ginastas artísticas], para que eles [o elenco] pudessem lutar. Isso lhes daria muito mais movimento. Isso realmente ajudou muito. Espero que não haja nenhum lugar na câmera que realmente vejamos isso”, brincou Gersha Philips. “Esse foi o nosso pequeno truque.”

Criação, desenvolvimento e tingimento dos tecidos

Para ganhar tempo e criar milhares de figurinos, a equipe de Gersha não podia dedicar tempo a técnicas artesanais de construção, mas eles compravam e produziam seus tecidos com métodos tradicionais o mais rápido possível. Em uma das cenas, dá até para ver um grupo de mulheres tecendo um tecido, como referência aos costumes do fazer manual da época, que seguem vivos até hoje. Inclusive, as belas estampas em muitos tecidos do filme foram o resultado do uso de técnicas africanas habituais.

Ah, e sabe o tecido da saia azul? Ele passou por um processo de impressão. “Nosso tecido de saia também era autêntico. É chamado de ‘impressão de tambor’. [Ele] foi feito por um produtor local na Gâmbia, que imprimiu isso. Mesmo que não tenhamos usado tecido autêntico (feito do zero), por si só, usamos métodos autênticos tanto quanto podíamos. Então, fizemos muito desse método de impressão de cera índigo e coisas assim também”, explica a figurinista.

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Imagem mostra, na primeira fila, da esquerda para direita, Lashana Lynch como Izogie, Viola Davis como Nanisca, Shelia Atim como Amenza. Na segunda fila, Sisipho Mbopa, Lone Motsomi e Chioma Umeala como Tara.
Na primeira fila, da esquerda para direita, Lashana Lynch, Viola Davis e Shelia Atim. Na segunda fila, Sisipho Mbopa, Lone Motsomi e Chioma Umeala. Sony Pictures/Sony Pictures

Mais curiosidades

Sabendo que o filme é baseado em fatos reais, você deve ter se perguntado até que ponto o figurino e outros elementos foram fiéis à época, né? Apesar dos avanços na tecnologia desde que as Agojie estavam no auge da luta, Phillips trabalhou para garantir que o figurino refletisse a época e, por isso, avaliou criativamente quais seriam os métodos viáveis e acessíveis para confeccionar as peças da produção.

Ela e a equipe tentaram fazer com que as roupas parecessem feitas à mão, sem muitos acabamentos visualmente industriais, sabe? Por isso, até os recortes e caimentos das peças são um pouco diferentes e não vemos costuras muito aparentes. “Também tentamos esconder nossa costura o máximo possível. Quando fizemos os shorts, tivemos que fazer bainhas cegas e coisas similares porque provavelmente seriam cruas. Como o tecido deles era muito mais estreito, você provavelmente acabaria com uma barra mais natural com a qual não precisaria se preocupar. Essa é provavelmente a realidade de seu tecido, das peças da época”, afirma. Mais básicas e naturais possíveis, mas, ainda assim, muito bem trabalhadas e elaboradas.

Imagem mostra, da esquerda para direita, Thuso Mbedu como Nawi, Lashana Lynch como Izogie e Shelia Atim como Amenza.
Da esquerda para direita, Thuso Mbedu caracterizada como Nawi, Lashana Lynch como Izogie e Shelia Atim como Amenza Sony Pictures/Sony Pictures
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A experiência de Gersha como figurinista no filme Star Trek Discovery pode parecer muito distante de A Mulher Rei, mas a verdade é que ambos projetos têm um elemento criativo comum. Nenhum dos personagens teria utilizado uma máquina de costura. Para a saga espacial, Phillips imaginou onde a tecnologia nos levaria além de costura e zíperes.  

“É meio o inverso de Star Trek, porque, com Star Trek, você também está tentando esconder todas as suas técnicas e sua construção de costura porque a ideia é que as coisas sejam impressas”, conta. “Eu realmente não sei como seriam as roupas estampadas. Já vi algumas coisas, principalmente as peças de Iris van Herpen. Tentar imaginar isso era algo que eu estava fazendo em Star Trek, e agora eu estava fazendo uma versão diferente disso. Semelhante, mas diferente porque você está tentando fazer com que pareça não construído e o mais simples possível.”

Imagem mostra, da esquerda para a direita, Thuso Mbedu caracterizada como Nawi, Viola Davis como Nanisca e Shelia Atim como Amenza.
Da esquerda para a direita, Thuso Mbedu caracterizada como Nawi, Viola Davis como Nanisca e Shelia Atim como Amenza. Sony Pictures/Sony Pictures

CH Indica: Segundo a Sony Pictures, A Mulher Rei é, pela segunda semana consecutiva, o filme número 1 do Brasil! E, se você ainda não viu essa obra-prima, nossa dica é que você não deixe de assistir! São 2 horas e 14 minutos de muitas emoções. Vale a pena cada segundo, cada reviravolta, riso, choro, suspiro e chuva de aplausos!

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