O caso das influenciadoras investigadas por racismo com crianças no RJ

A advogada e especialista em direito antidiscriminatório, Fayda Belo, disse, nas redes sociais, que o que aconteceu foi uma 'monstruosidade'

Por NAIARA ALBUQUERQUE Atualizado em 29 out 2024, 18h40 - Publicado em 1 jun 2023, 14h32

As influenciadoras Kérollen e Nancy estão sendo investigadas por ‘racismo recreativo’ com crianças negras no Rio de Janeiro. No TikTok, o canal delas tem mais de 13 milhões de seguidores, mas alguns vídeos recentemente publicados por elas repercutiram de uma forma polêmica e controversa.

Nos vídeos, as influenciadoras aparecem pedindo para que crianças negras escolham entre dinheiro e um presente. Quando elas escolhem o presente e o abrem ganham macacos de pelúcia, em outras ocasiões as crianças receberam banana. Além de expor pessoas menor de idade nas redes sociais, a atitude das influenciadoras foi taxada de ‘racismo recreativo’ – quando há a discriminação racial revestida de uma atitude recreativa.

A advogada e especialista em direito antidiscriminatório, Fayda Belo, disse, em vídeo publicado nas redes sociais, que o que aconteceu foi ‘uma monstruosidade’:

“Vocês conseguem dimensionar o nível de monstruosidade que essas duas desinfulenciadoras tiveram ao dar um macaco e uma banana para duas crianças e ainda postar nas redes sociais para os seus mais de 13 milhões de seguidores? Para ridicularizar duas crianças negras, para incitar essa discriminação perversa que nos tira o status de pessoa e nos animaliza como se fosse piada”, disse Fayda, em vídeo.

Investigação em curso

Nesta quarta-feira (31), a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância abriu uma investigação contra as influenciadoras para saber se o que aconteceu deve ser encarado como um crime de racismo ou de injúria racial. Segundo o jornal Estado de S. Paulo, também será avaliado se a atitude fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

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No Brasil, o crime de racismo é expresso pela Lei n.º 7.716/89, e ocorre quando a ofensa é entendida como algo que fere mais de uma pessoa. Nesse caso, o crime é inafiançável e o acusado pode ficar em reclusão até 3 anos. No caso de injúria racial, previsto no artigo 140, parágrafo 3º do Código Penal, o crime é entendido como uma ofensa para um único indivíduo e há possibilidade de pagamento de fiança.

Após o ocorrido, as influenciadoras publicaram uma nota aberta à imprensa: ”A assessoria jurídica ressalta que as influenciadoras estão consternadas com as alegações que foram feitas e repudiam veemente qualquer forma de discriminação racial. Reforçam, ainda, o compromisso em promover a inclusão, diversidade e igualdade em suas plataformas”.

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Alguns vídeos chegaram a ser apagados pelas influenciadoras, mas o conteúdo segue circulando em outras contas.

Nas diretrizes do TikTok, a rede social se define como um local onde as diferenças devem ser respeitadas. ”Não permitimos nenhum comportamento de ódio, discurso de ódio ou promoção de ideologias de ódio”, segundo trecho da diretriz.

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