Orca morre após ingerir quase um metro de plástico e pedir ajuda a humanos

"Encontramos algo como se fosse um tapete de carro, um plástico duro, além de sacolas", lamentaram os especialistas

Por Isabella Otto Atualizado em 23 dez 2022, 13h31 - Publicado em 22 dez 2022, 14h23
Orca morre após ingerir quase um metro de plástico:
Materiais plástico encontrados dentro da orca, incluindo o item de quase um metro Instituto Orca/Reprodução

No início desta semana, viralizou nas redes sociais o vídeo de uma orca interagindo com mergulhadores na região de Nova Almeia, em Grande Vitória, no Espírito Santo. O que era para ser uma cena curiosa e até um tanto quanto alegre, na realidade, era um registro trágico. “Um pedido de socorro”, segundo especialistas em animais marinhos.

“É um comportamento atípico permitir aproximação de alguém e deixar tocar. O animal deveria estar em estado bem grave, machucado. As orcas andam em grupo, mas, quando um dos animais fica doente, o animal pode se desgarrar e procurar a beira da praia”, explicou o diretor Instituto Orca, Lupércio Barbosa.

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Ele estava certo. Um dia após a interação ser filmada, a baleia foi encontrada morta nas areias de uma praia em Nova Almeida, com quase um metro de material plástico no estômago. “Encontramos algo como se fosse um tapete de carro, um plástico duro. Também tinha tampa de vasilha plástica, vários tipos de plástico. Não encontramos mais nada dentro do animal além desse material, o que significa que ele não estava conseguindo se alimentar”, disse João Marcelo Ramos, gestor ambiental do Instituto Orca.

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Além do material, que provavelmente causou uma obstrução digestiva no animal, foi encontrado também sacolas e outros itens de origem plástica. De acordo com os especialistas, a orca não estava conseguindo se alimentar há tempos e estava subnutrida, o que justificava o estado de letargia em que se encontrava.

Em casos como este, o bicho apresenta chance de recuperação apenas se for capturado com vida, o que é um trabalho pra lá de delicado, uma vez que a recomendação é que humanos mantenham uma distância de pelo menos 100 m durante a observação desses cetáceos. “Eles se aproximam quando se sentem interessados”, revela Paulo Rodrigues, oceanógrafo do Projeto Baleia Jubarte.

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Tanto os macro quanto os microplásticos preocupam os cientistas. Afinal, estima-se que haja mais de 5 trilhões de pedaços de plástico à deriva no oceano, segundo informações do VIVA Instituto Verde Azul. Em 2019, funcionários do museu D’Bone Collector, nas Filipinas, trabalharam no resgate de uma baleia da espécie bicuda-de-cuvier que tinha cerca de 40kg de plástico no estômago. O animal, como era de se esperar, não sobreviveu.

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