Infelizmente, ainda hoje, muitas mulheres negras possuem dificuldade em encontrar maquiagens adequadas para o seu tom de pele. Apesar disso não ser um segredo para o mercado de beleza – que há muito está em débito com essa parcela da população -, uma pesquisa inédita feita pela Avon em parceria com a consultoria Grimpa mostrou que a situação é extremamente alarmante. Segundo levantamento, 70% das mulheres negras entrevistadas estão insatisfeitas com as opções de produtos específicos para elas encontrados no mercado.
A pesquisa entrevistou 1.000 mulheres pardas e pretas, entre 18 e 60 anos, em todo o Brasil e de todas as classes sociais. O levantamento focou nas categorias de base, pó e corretivo, que estão diretamente ligadas ao tom de pele de suas consumidoras. Segundo 46% das entrevistadas, um dos principais problemas na hora de comprar a maquiagem é a cor, que dificilmente é compatível com suas peles.
Enquanto as mulheres brancas possuem uma vasta opção de produtos, com diferentes funcionalidades e acabamentos, as mulheres negras ainda sofrem para encontrar versões básicas que se adequem a sua cor. De acordo com 61% das participantes, elas buscam por fórmulas multifuncionais quando vão comprar base, por exemplo, e esse tipo de cosmético dificilmente é encontrado.
A carência de maquiagem para esse público no mercado nacional é tão grande que 56% disseram que procuram por opções importadas ocasionalmente por acharem os cosméticos mais interessantes, com maior qualidade ou por encontrarem cores compatíveis com seu tom de pele apenas nas maquiagens de marcas internacionais.
Outra informação alarmante é que 57% das entrevistadas revelaram que compram ou já precisaram comprar mais de um tom de base para misturá-los e chegar à sua cor. Além do trabalho extra, essa atitude gera um gasto a mais para esse público.
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Apesar da percurso para suprir as demandas das mulheres negras e criar uma indústria de beleza mais inclusiva ainda ser longo, grande parte das entrevistadas, cerca de 80%, disse que percebem ações de marcas para mudar esse cenário. Vale dizer que dos 209 milhões de brasileiros, 56% se identificam como negros, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ou seja, vivemos em um cenário em que mais da metade da população não é contemplada pelos produtos disponíveis. Quando fala-se em racismo estrutural, a exclusão dos negros até de setores como o de cosméticos mostra ainda o preconceito presente em nossa sociedade e o quanto ainda é necessário fazer para construirmos um país mais igualitário.