Embora hoje seja conhecido por fazer maquiagens artísticas supertrabalhadas e reproduzir visuais de várias celebridades, Emerson Damascena começou a gravar vídeos com o pouco equipamento que tinha, somente quando sua mãe saía de casa, usando produtos de pintura. O jovem de 22 anos conta que era tímido e superou obstáculos devido à falta de recursos. “Moro com a minha mãe, e a nossa casa tinha apenas dois cômodos, um quarto que eu dividia com ela, uma cozinha e um banheiro. Eu era muito tímido e tinha vergonha, então eu só gravava quando ela não estava. […] Isso era uma dificuldade, fora a questão de equipamento, porque eu também não tinha nada de qualidade, um celular bom, iluminação, era tudo adaptado, colocava uma gaveta em cima da outra, com livros e cadernos e apoiava o celular. Eu fiz acontecer com o que eu tinha e dava para fazer”, lembra.
Em entrevista à CAPRICHO, ele recorda início como produtor de conteúdo na internet, fala sobre sua relação com maquiagem, que nem sempre foi tão próxima assim, e ressalta a importância dela como arte e forma de expressão para a comunidade LGBTIQAP+.
“Comecei com vídeos de dublagem e dancinha no musical.ly, que é o atual TikTok. Depois de um tempo, passei a gravar vídeos de maquiagem artística, mais tarde ampliei para maquiagem social, e hoje tento explorar e qualificar cada vez mais os dois tipos de conteúdo. Aos poucos, consegui fechar trabalhos legais, e construímos dois quartos e um banheiro, aí foi ficando melhor porque tinha meu cantinho de gravação. Eu sinto que ainda estou nesse processo de evolução diariamente e sigo nele, sim”, conta Emerson.
Apesar do talento parecer nato, o influenciador revela que nunca imaginou que fosse trabalhar com maquiagem. “Eu fazia coisas completamente diferentes e, quando me encontrei [na maquiagem], fiquei passado e falei: ‘É isso que eu quero’. No musical.ly, rolou uma hashtag de Halloween, que sempre foi minha data comemorativa preferida, e os vídeos com ela ficavam em destaque no aplicativo. Aí, eu fiz uma festa com meus amigos e gravei a minha maquiagem. Eu nunca tinha feito uma maquiagem; na verdade, já tinha arriscado, mas não sabia das técnicas. Não conhecia nada de produto e usava itens de pintura. Gravei esse vídeo, postei, deu mais de duas mil curtidas e fiquei muito feliz. Então, percebi que poderia produzir mais conteúdos como esse.”
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“A partir disso, resolvi aperfeiçoar até para falar com mais propriedade. Fui estudar ao ver que poderia viver disso e precisava abrir meu leque de opções. Até cheguei a fazer um curso de pele retinta e aprendi várias técnicas que uso hoje. O Emerson de seis anos atrás não imaginava que estaria trabalhando com isso, e agora eu vejo o quanto faz sentido, porque sempre amei desenhar e tinha muita facilidade, e sinto que isso me ajuda muito a executar as maquiagens“, completa. “Minha mãe tem maquiagem, mas ela nunca foi de se maquiar muito. No começo, eu pegava bastante os produtos dela, tem até uma paleta de sombras cintilantes, daquelas marcas bem antigas, que eu usava.”
O que ele mais gosta é do poder transformador desse mundo da beleza. “Dá para ser muito criativo. Consigo me transformar em um personagem de desenho, em um artista, em uma garotona babadeira, em um boyzão. Maquiagem de ilusão de ótica, uso de prótese, desenhar coisas… Adoro essas nuances.”
A maquiagem vem da liberdade que tenho de usar e fazer o que quiser
Emerson Damascena
Ele também reforça a liberdade que a maquiagem proporciona para ele, como pessoa preta e LGBTQIAP+. “Eu nasci em uma geração mais evoluída em relação a essas pautas. Então, já tenho essa liberdade de ser quem eu quiser e fazer o que eu quiser. Ainda precisamos melhorar muito [como sociedade], mas, comparado ao passado, a maquiagem vem um pouco disso, dessa liberdade de eu poder usar e fazer o que quiser. Colar pedrinhas, fazer um olho todo colorido, delineado, usar batom, gloss… Maquiagem, para mim, é um acessório e usa quem quiser. Sinto que sou muito privilegiado, porque, querendo ou não, faço parte de dois grupos sociais minorizados e consumo um nicho tradicionalmente ‘de mulher’. Poderia ter sofrido diversas situações, mas isso nunca aconteceu. Eu quero passar isso para as pessoas também, essa liberdade, de não ter essa preocupação com o que as outras pessoas vão pensar e usar a maquiagem ou a arte que for para se expressar.“
@emersondamas Essa nova estética da @Melanie Martinez é tudo pra mim! 💕#Portals #MelanieMartinez #PortalsMakeup #Melanie #MakeupArtistic #makeup
Um dos últimos videos queridinhos que o mais deixa orgulhoso é o do visual inspirado na cantora Melanie Martinez. “Esse vídeo que eu postei é o segundo que gravei, porque o primeiro deu tudo errado. Deu tudo errado para depois dar muito certo, porque eu amei o resultado, e o retorno das pessoas foi bem positivo.” E o mais trabalhoso que ele se lembra foi o conteúdo inspirado na música A Meia Noite, de Pabllo Vittar e Gloria Groove. “Eu fiquei um mês nessa produção. Quis levar ao pé da letra, então quando falava de bruxa, quis fazer uma bruxa, fiz Wandinha, Sabrina… Tive que me transformar em seis ou sete personagens. E queria muito que tivesse a maquiagem da Pabllo e da Gloria, o look delas também, eu mandei fazer algumas peças. E eu amei o resultado!”
Daqui pra frente, Emerson pretende continuar aprimorando seu trabalho e inspirando as pessoas que o acompanham. “Quero conseguir qualificar cada vez mais o meu espaço de produção, continuar entregando conteúdos cada vez mais interessantes, de qualidade e que ajude as pessoas de alguma forma”, afirma. E ele ainda tem um conselho para seus seguidores que fazem parte da comunidade LGBTQIAP+. “É importante saber que maquiagem pode ser usada como uma forma de expressão, realçar ainda mais nossa beleza e que não tem nada a ver com sua orientação de gênero. Então use-a ao seu favor e arrase na criatividade!“, finaliza.
@emersondamas É óbvio que nesse feat das mamães @Gloria Groove e @Pabllo Vittar eu precisava entregar! 🕯️🖤 Demorei, mas veio aí! 😂#ameianoite #GloriaGroove #PablloVittar #halloween #ameianoitechallenge #challenge
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