“Me subestimam por ser cadeirante, mas isso me dá força para tentar mais”
Ana Clara Moniz, de 20 anos, tem Atrofia Muscular Espinhal (AME) e dá aula de autoestima todos os dias em suas redes sociais
Ana Clara Moniz é o tipo de garota que você quer ser amiga, sabe? Em seu Instagram, a jovem de 20 anos compartilha um pouco da sua experiência como cadeirante e inspira muitas pessoas que, assim como ela, ainda sofrem com olhares tortos por conta da deficiência. No seu primeiro ano ano de vida, a estudante de jornalismo foi diagnosticada com uma doença rara chamada Atrofia Muscular Espinhal, conhecida por muitos como AME.
“Conforme fui crescendo, minha mãe percebeu que eu era muito molinha e não estava conseguindo me desenvolver como as outras crianças da minha idade. A minha doença ela é genética e além de ser neuromuscular, também é degenerativa. Isso significa que todos os músculos dos meus corpos são afetados e com o tempo ela vai piorando”, explicou em entrevista à CAPRICHO.
Por muito tempo, seu corpo foi motivo de insegurança, mas hoje é sinônimo de orgulho. “A adolescência sempre é difícil, mas principalmente para mim que nunca tive contato com outros jovens com deficiência e só fui conseguir isso quando criei minhas redes sociais. Até então, sempre fui muito única – não no sentido positivo da palavra”, afirma Ana, que garante que apesar de todas as suas limitações, nunca abriu mão dos seus sonhos e da sua independência. “Sempre fiz o que eu queria fazer. As pessoas costumam me subestimar por ser cadeirante, mas uso isso a meu favor, e tenho ainda mais força para tentar“, completa.
Recentemente, ela fez um vídeo se maquiando em seu perfil no Instagram chamado “Esse não é um tutorial de maquiagem“. De fato, foi muito mais que isso! O mundo da beleza entrou na sua vida sem querer. Quando tinha mais ou menos 13 anos, uma maquiadora trabalhava na casa da Ana para ajudar a cuidar dela enquanto seus os pais estavam fora. “Ela adorava me arrumar e eu comecei a gostar disso. Aos poucos, fui tentando fazer sozinha. Eu nunca fui uma pessoa muito vaidosa, talvez porque eu quisesse evitar chamar atenção, então preferia o básico. Mas isso é um momento de autocuidado e valorizo isso“, disse.
Os desafios se tornam ainda maiores quando os produtos não são pensados para pessoas com deficiência. A falta de acessibilidade é uma realidade e, por isso, Ana precisa adaptar suas técnicas. “Talvez eu não faça certo, mas funciona para mim. Procuro a melhor forma e faço do meu jeito. Esse é o único jeito de aprender”, conta.
“Eu, por exemplo, não consigo levantar tanto meus braços, então preciso descer minha cabeça com força para conseguir fazer o traço delineado. Eu quero isso, é importante para mim. Se você quer, vale a pena tentar. Não ouça o que as outras pessoas dizem sobre isso. É preciso ter paciência. Pode ser que não fique perfeito, mas a verdade é que o resultado final não importa tanto, o processo é muito mais divertido“.
Infelizmente, a falta de inclusão não acontece apenas no mundo da beleza. De acordo com a Ana, a moda também deixa a desejar. “A modelagem do meu corpo é diferente, então é muito difícil eu conseguir encontrar roupa, porque além de ser muito pequena, também tenho dificuldade para vesti-las sozinhas. Apesar de existir peças adaptáveis, ainda é muito difícil encontrar looks que seguem tendências, eles costumam ser muito simples”, fala.
Por fim, Ana reforça a importância de consumir conteúdos de pessoas que te inspiram e te fazem sentir uma pessoa ainda mais incrível. Para te ajudar nessa, ela indicou três contas do Instagram que são inspiradoras, inclusivas e muito empoderadoras! Se liga só:
Maria Paula Vieira – @mpvfotografia
Michele Simões – @micsimoes
Zannandra Fernandez – @zannandra
Que força, hein? <3