Gautier Lee
Gautier Lee é cineasta, não-binária, negra e lésbica. Trabalhou em séries para a Amazon, Netflix, Globoplay e Comedy Central, tendo escrito as séries Auto Posto, Depois Que Tudo Mudou e De Volta aos 15, da qual também é diretora. É apaixonada por comédias românticas e narrativas teen.
Gautier Lee
Gautier Lee é cineasta, não-binária, negra e lésbica. Trabalhou em séries para a Amazon, Netflix, Globoplay e Comedy Central, tendo escrito as séries Auto Posto, Depois Que Tudo Mudou e De Volta aos 15, da qual também é diretora. É apaixonada por comédias românticas e narrativas teen.

Sempre que puder, assista aos filmes nacionais no cinema

'Ainda Estou Aqui' quebra barreiras e mostra o todo o potencial que o cinema nacional tem.

Por Gautier Lee, colunista da CAPRICHO 26 fev 2025, 09h00
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aramente acompanho premiações. Geralmente as cerimônias duram horas e eu acabo me cansando de acompanhar. E isso porque nem estou incluindo o red carpet nessa conta. Mas nos últimos anos isso tem mudado. Em 2023, tive a oportunidade de comentar o Oscar com o pessoal do Omelete e a experiência foi incrível. E além de incrível, me fez perceber que é muito mais divertido assistir premiações acompanhada.

E também foi incrível ver a Miley, que eu acompanho desde a era Hannah Montana, ganhar o Grammy com Flowers em 2024. Esses dois eventos em específicos mudaram um tanto a minha relação e a minha experiência com premiações. E recentemente uma amiga me apontou um ponto óbvio: eu mesma já havia participado (e sido premiada) em diversos festivais de cinema, e inclusive criei e dirigi meu próprio festival de cinema, no qual fiquei quase duas horas apresentando a premiação.

Desde então eu decidi ser menos autocentrada e acompanhar premiações nas quais eu não estava participando. E esse ano existe uma premiação em especial que eu (e muitos outros amantes do cinema) estou muito animada pra acompanhar: o Oscar. Todo ano tento assistir o Oscar e todo ano eu falho em ver além das premiações de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Roteiro Adaptado.

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Em minha defesa, eu sou 100% parcial quando se trata dessas categorias em específico. Mas mesmo tentando, todo ano eu falho em assistir às dezenas de filmes indicados. Só que nesse ano algo especial aconteceu: um filme brasileiro está concorrendo não apenas em uma ou duas, mas em três categorias do Oscar. Isso é marco quase que inacreditável para o cinema brasileiro.

Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles e escrito por Murilo Hauser e Heitor Lorega, quebra barreiras e mostra o todo o potencial que o cinema nacional tem. Eu até pensei em listar todos os prêmios que o filme ganhou até agora, mas, pela minha conta, o número já ultrapassa mais de 20 láureas. E meus dedos doem só de pensar em escrevê-los um por aqui.

Pra quem não conhece ainda, o filme é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, que também é um dos personagens do longa. A narrativa acompanha a ativista e advogada Eunice Paiva, mãe do autor, e sua luta após o desaparecimento do marido, Rubens Paiva, durante a Ditadura Militar.

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É um filme denso e bastante impactante, e eu mesma tive que esperar estar em um bom estado emocional para assisti-lo. Talvez dramas históricos e biográficos não seja o seu gênero cinematográfico favorito. Mas mesmo assim, eu recomendo demais que você corra até a sala de cinema mais próxima para apreciá-lo. Ao ir ao cinema, além de ver um filme excelente, você também estará apoiando o cinema nacional.

Como diretora e roteirista de cinema, eu conheço todas as dificuldades de realizar um filme no nosso país. Apesar de já ter trabalhado com grandes streamings como Netflix e Globoplay, a maior parte do meu trabalho foi feito de forma independente. Meu primeiro curta, Desvirtude, foi feito com nenhuma grana, mas com o apoio de muitas pessoas e até de algumas empresas. Meu primeiro e meu segundo longa só puderam existir por meio de incentivos públicos, e eu sou muito grata a cada instituição de cultura. Por isso reforço: sempre que puder, assista aos filmes nacionais no cinema.

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