u sei que o voto é secreto, e talvez eu esteja muito longe de você para poder palpitar em qualquer coisa. O meu voto também é secreto. Mas existem algumas coisas que são escancaradas, que até a própria urna eletrônica devia vir com um aviso. Tudo deveria ser válido para evitar que, por descuido ou ilusão, a gente se deixasse levar por quem não está nem aí. Pois é, não vote nele: ele não está nem aí.
Ele não está nem aí para a saúde dos outros, e incentiva ações que resultam em morte. Ele não está nem aí para você, que está se tornando uma mulher que representa muita coisa do que ele odeia, mas eu destacaria: coragem. Não vote nele, ele sequer é corajoso.
Não vote nele porque, se ele não se importa com mulher, também não se importa com adolescentes. E, nossa!, como seu voto importa. No Brasil inteiro, os adolescentes somam mais de 1,8 milhão de votantes. É coisa à beça. E se na sua cidade as coisas estão muito disputadas, cada voto conta. Inclusive, um voto desatento nele. Mas a gente não quer isso.
Eu sei que você abre a janela e vê fumaça, sai na rua e sente receio de ser assaltada (ou coisa pior!), vê notícias ruins e se sente meio de saco cheio. Mas a solução para tudo isso não é uma solução fácil, nem simples, nem imediata. Reconstruir uma cidade leva tempo, exige capacidade técnica e política, exige respeito a você e a todos os cidadãos. Você votaria em quem não acredita nisso? Nem eu.
Além de não votar nele, lembre-se que existem boas pessoas para o cargo de vereador ou vereadora em todas as cidades. Ainda que a gente não esteja deixando um mundo muito melhor, talvez seja a partir de você que tudo melhore. Um vereador é responsável por fazer leis na cidade, fiscalizar o trabalho dos órgãos públicos – incluindo saúde e educação – e garantir que o orçamento seja aplicado da melhor forma. Não dá para ser desperdiçado, também.
Além de não votar nele, lembre-se que existem boas pessoas para o cargo de vereador ou vereadora em todas as cidades. Ainda que a gente não esteja deixando um mundo muito melhor, talvez seja a partir de você que tudo melhore.
Lola Ferreira, colunista da CAPRICHO
Eu sei que você não é obrigada a votar. Mas se você tirou seu título, alguma coisa tem. Então, sem falar nossos votos, proponho um acordo: eu não voto nele, nem você. E ao fim deste texto, vamos pesquisar e decidir pessoas comprometidas com as crianças, com as mulheres, com as pessoas com deficiência, com a população negra e LGBT+.
Vamos encontrar futuros vereadores e vereadoras que respeitem o trabalhador, e que gostem de trabalhar. Alguém com boas referências, boas propostas e boas ideias. Não é ele, nem ninguém perto dele.
É difícil reconstruir uma cidade, leva tempo. E começa naqueles 30 segundinhos em frente à urna.