Bárbara Poerner

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Bárbara Poerner é jornalista, repórter e roteirista de direitos humanos, sociedade e cultura, e clima e meio ambiente. É consultora do Instituto Febre, gestora de projetos na EmpoderaClima e diretora do documentário Monocultura da Energia.
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Gênero e clima tem tudo a ver – e eu vou te contar o porquê

Mulheres e meninas são um dos grupos mais afetados pelas mudanças climáticas, mas também criadoras de soluções e tecnologias para enfrentarmos o problema.

Por Bárbara Poerner, colunista para a CAPRICHO 14 jun 2024, 06h00
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e você leu minha última coluna, sabe de duas coisas: a primeira é que as mudanças climáticas são reais, e a segunda é que elas não afetam de forma igual todas as pessoas. Conforme os marcadores sociais de gênero, raça e classe variam na sociedade, variam também os impactos socioambientais. 

Por isso, os termos em “racismo ambiental”, “gênero e clima” e “modelo socioeconômico” passaram a fazer parte (ou pelo menos deferiam) do repertório da agenda climática. Mas aqui, hoje, vamos falar sobre um em específico: as mulheres e meninas.

Historicamente, a classe feminina sofre com as imposições de gênero, balizadas por ideias machistas e forjadas no domínio do patriarcado. Parece papo de militante, e, de certa forma, é mesmo. Isso significa que recentemente (há bem pouco tempo mesmo, viu?) não podíamos sequer votar, quem dirá sonhar em ter um próprio negócio ou escolher não casar e ter filhos. 

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Criou-se uma disparidade de gênero em todas as esferas da sociedade, do campo à economia, da educação ao mercado de trabalho, da cultura à moradia, da saúde à liberdade sexual, na qual temos acessos limitados a direitos básicos. 

O clima não fica de fora dessa equação. Conforme avançam as mudanças climáticas, as mulheres e meninas tornaram-se mais vulnerabilizadas às secas, inundações, enchentes, fome, insegurança alimentar, casamento infantil, perda territorial e outras violações de direitos humanos, e ainda excluídas dos planos de adaptação. Tudo está conectado. 

Olha só alguns dados que revelam a escala do problema:

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Embora sejam um dos grupos mais afetados, as mulheres continuam excluídas de espaços de negociações e tomadas de decisão. Um levantamento do Greenpeace Brasil, de 2024, mostra que em 28 edições da COP (Conferência das Partes), um dos eventos climáticos mais relevantes do mundo, apenas cinco foram de lideranças femininas. 

Eu gosto de usar a palavra “vulnerabilizadas” invés de “vulneráveis”, pois isso sinaliza que essa não é uma condição dada, natural ou orgânica, mas sim algo construído e arquitetado. Ninguém, magicamente, nasce ou é destinado a sofrer com as mudanças climáticas, mas isso torna-se uma realidade a partir do momento em que escolhemos criar, gerir e intensificar as crises – do clima, da desigualdade de gênero, do racismo e das injustiças sociais – ao invés de combatê-las.

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Ou seja: a crise é sistêmica, portanto exige mudanças sistêmicas. Não é possível combater e mitigar a crise climática sem combater e mitigar a desigualdade de gênero.

Vale destacar que, mesmo com tanta disparidade de acessos e condições, somos criadoras de soluções e inovações, atuais e ancestrais. Não somos apenas vítimas, mas também realizadoras, pensadoras, ativistas e inventoras. Essa é mais uma razão para sermos não só incluídas, mas que tenhamos nossas vozes ouvidas e consideradas em toda e qualquer agenda climática. 

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Pensando nisso, quero te fazer um convite. Lançamos em junho, na Empodera Clima, organização na qual sou Gerente de Projetos, o Programa Empoderando Pelo Clima. Trata-se de uma iniciativa para capacitar e acelerar o ativismo climático de 15 jovens mulheres do Brasil, de todas as regiões.

Iremos oferecer uma bolsa financeira e formações em incidência política e comunicação, para, ao fim do Programa, cada participante implementar um pequeno projeto em seu território. As inscrições estão abertas até o dia 26 de junho, totalmente gratuitas. Bora participar com a gente? 

Ronda Climática

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