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2019 termina com beleza negra reinando nos concursos de Miss pelo mundo

Depois do Miss Teen USA, do Miss America, do Miss USA e do Miss Universo, a Miss World também é negra!

Por Isabella Otto Atualizado em 17 dez 2019, 12h20 - Publicado em 17 dez 2019, 10h19
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CAPRICHO/Divulgação

Por séculos, a beleza negra foi apagada ou sexualizada. A erotização da mulher negra começou na escravidão. Além de muitos donos de fazenda usarem o corpo negro apenas para saciar seus desejos sexuais, já que, para a reprodução, usavam o corpo da mulher branca, os próprios escravos eram forçados a enxergarem as negras como “ferramentas de reprodução”, para apenas gerar mais escravos. De acordo com artigo publicado pela National Humanities Center, na época da escravidão, cada homem negro deveria engravidar pelo menos 12 mulheres negras por ano. No Brasil, não era diferente. O antropólogo Marcel de Almeida Freitas, da Universidade Federal do Sergipe, destaca o fato de que, no país, era culturalmente aceito que jovens escravas, na faixa etária dos 10 anos, fossem abusadas sexualmente pelos senhores de engenho.

Da esquerda para a direita, Kaliegh Garris, Nia Franklin, Cheslie Kryst, Zozibini Tunzi e Toni-Ann Singh. Arun Nevader/Steven Ferdman/Paul Morigi/Paras Griffin/Yui Mok/Getty Images

A erotização da mulher negra era inversamente proporcional ao fato de que o padrão de beleza mundial era o europeu. Zozibini Tunzi, da África do Sul, vencedora do Miss Universo deste ano, cuja cerimônia aconteceu no último dia 8, reforçou isso em seus discursos pós-coroação: “a sociedade foi programada durante muito tempo para não ver a beleza negra, mas agora estamos entrando em um tempo em que finalmente mulheres como eu podem saber que somos bonitas”, disse.

Por isso, é um marco histórico o fato de que encerramos 2019 com negras no topo dos cinco principais concursos de beleza do mundo! Primeiro, tivemos Kaliegh Garris, de 19 anos, vencendo o Miss Teen USA. Depois, veio Nia Franklin, de 26, eleita Miss America. Cheslie Kryst, de 28, venceu o Miss USA e, mais recentemente, como já falamos anteriormente, Zozibini Tunzi, também de 26, ganhou o Miss Universo. Agora foi a vez da jamaicana Toni-Ann Singh, de 23 anos de idade, receber a coroa do Miss Mundo!

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Veículos de comunicação do mundo todo estão repercutindo esse marco, já que esses concursos, para tantos vistos como ultrapassados, são marcados por reforçar o padrão de beleza europeu e premiar mulheres brancas e de cabelo liso. Em uma matéria publicada pelo The New York Times, o professor de estudos africanos da Universidade de Cornell, Noliwe Rooks, explica que esse novo quadro retrata o fato de as mulheres negras estarem mais confortáveis com a própria pele, principalmente em lugares públicos.

Além de reforçar a importância da representatividade, as cincos vencedoras incomodam muita gente. Não é raro se deparar com comentários de pessoas dizendo que elas só venceram porque esses concursos estão precisando de ibope ou porque “ser negra está na moda”. Depoimentos do tipo só escancaram o racismo estrutural que ainda é forte em nossa sociedade, reforçando ainda mais a importância de Kalieghs, Zozibinis, Tonis, Izas, Taíses, Elzas, Oprahs, Michelles, Violas, Lupitas, Lelles…

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