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6 tabus que Sense8 quebra e as lições que podemos tirar deles

Viva, Sense8!

Por Marcela Bonafé Atualizado em 11 dez 2016, 10h59 - Publicado em 10 dez 2016, 16h09

No último final de semana, dias 3 e 4, parte do elenco de Sense8 participou da Comic Con Experience, em São Paulo. Durante o evento, eles realizaram uma coletiva de imprensa e deram um show ao falar sobre diversidade! Miguel Angel, por exemplo, contou sobre a escolha de seu personagem, o Lito, que é homossexual, e ainda disse que espera que a homofobia acabe um dia (nós também, Miguel).

Enquanto temas como esse estão cada vez mais em pauta pelo mundo, eles ainda não são tão representados em filmes e séries – e aí surge, no ano passado, Sense8. Yeah! A original da Netflix conta com personagens marcantes e simbólicos que representam vários tabus que não deveriam ser tabus da sociedade. O mais legal é que, apesar disso, eles são retratados como pessoas individuais, com seus desafios, lutas, conquistas e sonhos. Se você nunca assistiu, te damos um panorama dos principais tabus que a série quebra. E se já assistiu, nunca é demais recordar, né?! Vem logo, segunda temporada!

1. Homossexualidade

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Em Sense8, Lito (Miguel Ángel) é um grande astro de cinema mexicano, que tem papéis sempre muito reconhecidos, além de ser “um dos gays mais sexy do mundo”. Mas guarda como segredo sua homossexualidade e seu relacionamento com Hernando (Alfonso Herrera). Sua colega de cena em filmes, Daniela (Eréndira Ibarra), descobre isso meio sem querer ao dar em cima dele e acaba se aproximando muito do casal, o que rende até um “relacionamento de fachada”. Contudo, o plano vai por água abaixo quando um ex-namorado ciumento dela descobre e chantageia Lito. Sem mais spoilers, o fato é que você passa o tempo inteiro adorando o casal Lito e Hernandes, e bate uma revolta ao perceber que ele quer/sente que precisa esconder sua orientação sexual por causa de sua imagem. Aqui fica a primeira questão para se pensar: e daí se ele ama um homem ou uma mulher? Isso não deveria, em momento algum, prejudicar sua imagem e seu trabalho.

2. Transsexualidade

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Nomi Marks é transsexual e, melhor, é interpretada por uma atriz trans, a Jamie Clayton. Durante os episódios, você consegue acompanhar o preconceito que ela sofre, a não-aceitação da família sobre sua transformação e a história de amor dela com a namorada Amanita (Freema Agyeman) – que é a única que fica ao seu lado quando querem submetê-la a uma cirurgia a força. Ela é uma transsexual lésbica e que namora uma negra. Precisa de mais tabu para quebrar aqui? O amor não tem forma, não tem cor, não tem gênero. Ele é simples e só acontece, e é nisso que mora sua beleza. Além disso, o importante é você acordar, se olhar no espelho e se sentir feliz com o que vê (no caso de Nomi, é se enxergar como mulher). Ninguém tem o direito de estragar isso, seja por desinformação, preconceito ou qualquer outro motivo, e a Nomi está aí para abrir os nossos olhos.

3. Sexismo

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Vice-presidente e diretora financeira de uma grande empresa sul coreana, Sun Bak (Doona Bae) passa por uma cena em que um empresário prefere conversar com seu irmão a falar ela. Para completar, o cara ainda diz que “mulheres não fecham coisas, elas abrem”. Depois disso, ela vence uma luta de kickboxing, esporte em que arrasa! Só por isso dá para perceber que uma mulher toda empoderada, forte e superinteligente era subestimada o tempo todo pelo simples fato de ser mulher. Mais para a frente na série, ela tem inclusive sua liberdade tirada – mas aí já seria dar spoiler demais. Enfim, ela é a responsável na série por escancarar o sexismo. Sun luta contra uma cultura milenar de submissão.

4. Violência policial

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“Bandidos odeiam tiras, tiras odeiam bandidos. É natural”, um amigo do policial Will (Brian J. Smith) comenta. Se você costuma acompanhar jornais, provavelmente viu nos últimos tempos várias notícias sobre policiais terem matado pessoas sem motivo para isso – e não apenas no Brasil. Nesse cenário contemporâneo de violência policial excessiva, Will surge como uma exceção. Durante uma operação da polícia, ele se depara com um menino ferido, que estava envolvido com uma gangue, e escolhe levá-lo até o hospital. Lá, os dois ainda conversam e a atitude surpreende a criança. Embora essa seja uma questão polêmica, Will mostra, na série, que quando se lida com seres humanos, há muito a se considerar e sair atirando não seria a solução.

5. Casamento sem amor

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A indiana Kala (Tina Desai) é pedida em casamento pelo filho do CEO da empresa farmacêutica onde trabalha. Ele é superatencioso, apaixonadíssimo por ela e ainda daria boas condições para ela e sua família. Não à toa os pais de Kala ficam superfelizes com o pedido e isso acaba levando-a a aceitá-lo. Só que tem um porém: ela não ama o cara. Isso a faz sofrer ainda mais quando ela se apaixona por Wolfgang, outro Sense8. Sua história, que ainda tem muito a se desenrolar na próxima temporada, faz refletir sobre várias coisas que vêm agregadas a um relacionamento onde não há amor.

6. Condição social

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Capheus (Aml Ameen na primeira temporada) é uma das pessoas mais cativantes dentro da série e ele evidencia uma realidade que muita gente desconhece. Negro, pobre, em uma Nairobi violenta, ele tenta conseguir de forma honesta recursos para cuidar da mãe doente, que precisa de alguns medicamentos para conseguir ir se mantendo viva. Não à toa, ele é um grande admirador do lutador e ator Van Damme – e esse se torna até seu apelido. Capheus surge como alguém que, mesmo diante de todos os desafios, tem coragem, vontade de lutar e subir na vida, sem precisar prejudicar ninguém para isso.

Fora tudo o que já foi apontado aqui, Sense8 ainda tem personagens que chamam atenção sobre o uso de drogas, a criminalidade e a vingança. Claro que ainda existem muitos detalhes que não são abordados na série, mas já é um passo bem legal em termos de diversidade e representatividade!

O mais legal é que, no fim das contas, mesmo as personagens sendo tão individuais e aparentemente não tendo nada em comum, conforme elas vão se conectando dá para perceber que não são tão diferentes assim. São todos seres humanos, que, independentemente de raça, religião, orientação sexual, identidade de gênero ou qualquer outro aspecto, têm momentos bons e ruins, desafios e sonhos e acendem uma empatia enorme dentro das pessoas. 

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Viva, Sense8!

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