Existe quase um abecedário todo para se referir aos tipos de hepatite, então, em meio à tanta variedade, não é estranho dizer que ela pode estar mais perto do que se imagina. Conversamos com a ginecologista Mariana Maldonado, que nos ajudou a desvendar essa doença que atinge o fígado. “Dentre as hepatites virais mais comuns, temos a A, a B e a C”, explica a doutora.
1. Como uma pessoa pega hepatite?
Essa questão depende de qual tipo estamos falando. “É possível contrair hepatite A, por exemplo, ingerindo água e alimentos contaminados, e tendo contato com a secreção de pessoas que estão com a doença”, explica a Dra. Mariana. A hepatite B, por sua vez, é possível pegar por meio de esperma e secreção vaginal, o que faz dela uma doença sexualmente transmissível. Outra forma de contágio é pelo contato com o sangue de quem estiver contaminado, que pode se dar inclusive pelo alicate de unha quando compartilhado. “A hepatite C segue a mesma linha da B. A única diferença é que a via sexual dela não está confirmada. Sabe-se que pode existir uma possibilidade de contaminação sexual, mas a principal forma de contrair hepatite C é por meio do sangue de pessoas contaminadas”, esclarece a ginecologista.
2. É verdade que é possível pegar hepatite pelo beijo?
Pensando que estamos em clima de carnaval e beijar é muito convidativo, é importante destacar que isso é possível, sim! “A hepatite A pode passar de pessoa para pessoa através de secreções, como a saliva”, aponta a Dra. Mariana. Ela ainda lembra que outras doenças podem ser transmitidas pelo beijo, como mononucleose e herpes, por exemplo.
3. Quais são os sintomas?
Os sintomas da hepatite são comuns a todos os tipos dela, o que muda é que você pode tê-los em maior ou menor severidade. Muitas vezes, eles são tão leves que passam despercebidos e a pessoa só descobre a doença quando faz exame de sangue. No geral, (1) a pele, os olhos e a mucos ficam amarelados, (2) a urina fica bem escura, quase marrom, (3) as fezes ficam esbranquiçadas, (4) o paciente pode sentir dor pelo corpo todo, principalmente no abdômen, (5) e a pele fica extremamente sensível por conta de toda a toxina que o fígado não consegue absorver.
4. Qual é a hepatite mais severa e perigosa?
Na verdade, todos os tipos da doença merecem atenção, só que algumas, a curto prazo, são mais letais. A tendência é o corpo cure sozinho a hepatite A, aquela que se pode pegar através da alimentação, mas em alguns casos existe risco: “A hepatite A é a principal causa da hepatite fulminante em adultos. Ou seja, se for pensar em termos de pegar e matar rapidamente, a A é muito perigosa”.
No caso da B e da C, o perigo delas é que podem acabar se transformando em doenças crônicas. “Muitas vezes, essa doença pode ficar por anos na pessoa, sem causar sintoma, mas ela está ali, fazendo mal para o fígado do paciente”, a ginecologista explica. Isso abre portas para que a pessoa tenha, em um futuro nem tão distante, a chance de desenvolver uma cirrose ou até mesmo um câncer de fígado.
5. Como é feito o tratamento?
Depois que você descobre uma hepatite, por exame de sangue, é preciso procurar um médico, de preferência um clínico geral ou hepatologista (que cuida do fígado). “O tratamento é de acordo com o tipo de hepatite. Para a B e a C, geralmente é preciso tomar medicamento. Já para a A, muitas vezes, o tratamento é repouso absoluto”, conta Dra. Mariana.
6. Quais são as formas de prevenção?
Se pensarmos na hepatite B, a forma de prevenir é a mais clássica: use camisinha. “Às vezes, a pessoa fica mais preocupada com o HIV, vírus da AIDS, quando a hepatite B tem 30% de chance a mais de contaminação, se a gente considerar uma relação sexual”, conta a Dra. Mariana. Na questão da transmissão pelo sangue, que vale tanto para a do tipo B quanto para o C, a recomendação é não compartilhar agulhas e seringas, além de tomar cuidado com objetos metálicos cortantes, como alicate e materiais de tatuagem.
Já para evitar a hepatite A, é ideal evitar compartilhar copos, talheres e outros objetos de uso pessoal, como escovas de dente. Urgh! Prefira também se alimentar de comidas que saiba a procedência. Com essa vida corrida, às vezes, é impossível. Então, na hora de comer fora de casa, dê preferências a restaurantes e lanchonetes ~confiáveis~. Além disso, tanto para a A quanto para a B, já é possível tomar vacina. Por fim, a ginecologista Mariana Maldonado recomenda que você esteja sempre com exames de sangue em dia.
Como dizem por aí: é melhor prevenir do que remediar, né?!
+ Leia mais: Mitos e verdades sobre a AIDS e o polêmico Caso Malhação