Em 2017, aos 23 anos, a designer gráfica Amanda Areias decidiu criar o projeto social Voice – Inglês para Elas, que empodera mulheres e ensina a língua inglesa à elas. A ideia era ajudar quem não tinha condições de pagar um curso particular, a iniciativa deu tão certo que hoje a escola conta com 90 alunas.
Amanda sempre fez trabalhos voluntários, mas era algo esporádico e ela nunca havia se comprometido com alguma instituição. Porém, em 2015, aos 22 anos, ela decidiu ir para a Índia dar aula de inglês para refugiados durante um mês. A experiência mudou a percepção que a designer tinha sobre ajudar as pessoas e ela voltou da viagem com o objetivo de tornar a atividade algo recorrente na sua vida. “Essa experiência realmente abriu meus olhos. Claro que a gente sabe que têm pessoas que precisam de ajuda, mas fez a minha ficha cair e eu percebi que eu tive que ir para o outro lado do mundo para ver isso. Então, eu pensei ‘no Brasil também têm gente que precisa’”, disse Amanda.
Quando voltou, ela procurou a ONG Adus, que ensina português para refugiados, e passou a dar aulas lá. Com a correria de começar a trabalhar e não conseguir mais encaixar os horários das aulas em sua rotina, Amanda precisou parar com o trabalho voluntário. Porém, ela deixou a ONG já com a ideia em mente de criar um projeto diferente de voluntariado, foi então que ela começou a estruturar a Voice.
“Eu sabia que não existiam muitos projetos que ensinavam inglês para mulheres que não podem pagar cursos particulares, então foi isso que eu decidi fazer. O principal motivo de ser só para mulheres é para tentar diminuir a desigualdade de gênero no nosso mercado de trabalho. Quero auxiliar a capacitar cada vez mais mulheres para ajudá-las a chegar mais longe”, disse Amanda. As aulas da Voice são dadas na comunidade do Jardim Colombo, ao lado da Paraisópolis, na cidade de São Paulo, aos domingos das 16h às 19h, e meninas e mulheres a partir de 14 anos podem se inscrever.
Depois de decidir criar o projeto, Amanda reuniu amigos e colaboradores e começou a pensar no material que seria usado, onde as aulas seriam dadas e como eles fariam a divulgação da escola para as mulheres da comunidade. “Temos uma apostila que nós mesmo desenvolvemos. Cada capítulo é um dia de aula e conta com a parte teórica e a prática. Os professores trabalham em um esquema de revezamento com as turmas. A ideia é não ficar pesado para ninguém e todos poderem contribuir”. Para imprimir as apostilas, que é o principal gasto da Voice, Amanda faz uma vaquinha online para arrecadar o valor necessário.
No começo deste ano, o projeto abriu as inscrições para as salas do primeiro semestre e chegou a ter 100 nomes na lista de espera para 90 vagas. Hoje, ele conta com quatro turmas de diferentes níveis. “Eu nunca imaginei que iria crescer tanto. Ver a Voice aumentando e as pessoas falando disso é demais. Não só por falarem do projeto, mas para que mais meninas conheçam e para mostrar para as pessoas que não precisa de muito para começar uma iniciativa para ajudar os outros. Eu não sou formada em letras, não tinha tanta experiência com isso antes, mas peguei algo que eu sabia e comecei a ajudar”, disse Amanda.
Sobre como foi a reação de seus pais e amigos quando a ideia de criar a Voice surgiu, ela disse que teve apoio de todos: “Quando eu comecei, todo mundo achou bacana. Meus pais sabiam que eu sempre fui envolvida nessa área social, mas eles começaram a achar mais interessante quando viram que começou a dar certo”.
“Uma coisa legal que a gente ouve bastante das alunas é que nem sempre os homens que fazem parte da vida delas, seja tio, pai, namorado ou irmão, apoiam que elas estudem inglês de domingo à noite. E elas também contam que frequentar as aulas é uma das primeiras coisas que estão fazendo sem precisarem da aprovação deles”, finaliza Amanda.
Para saber mais sobre a Voice – Inglês para Elas, visite a página do projeto no Facebook.
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