Apenas 19% das indicações gerais ao Oscar são de mulheres
Com 90 anos de história, o Oscar foi e continua sendo uma premiação machista. Saiba os porquês.
A primeira cerimônia do Oscar aconteceu em 1929 e, desde então, a premiação continua sendo a mais importante do mundo do cinema. Mas, assim como em tantas outras áreas, as mulheres nunca tiveram muito espaço nela. E ainda não têm.
Segundo uma pesquisa feita pelo Women’s Media Center, as mulheres representam somente 19% das indicações de categorias gerais ao Oscar, que são as que não julgam atuação. Ou seja, categorias de trabalhos feitos por trás das câmeras, como melhor roteiro, direção e fotografia.
De acordo com dados de 19 categorias das premiações, entre 2006 e 2015, mulheres receberam 327 indicações, enquanto homens tiveram 1.387. Mulheres também somaram 24% dos produtores concorrentes ao troféu de melhor filme e apenas 13% dos nomeados ao melhor roteiro. Normalmente, as indicações femininas acontecem com mais frequência nas categorias de melhor figurino, direção de arte, curta metragem e documentário. Até o Oscar deste ano, nenhuma mulher havia sido nomeada ao prêmio de melhor fotografia.
Em 2016, a Academia de Hollywood sofreu diversas acusações pela falta de indicações de mulheres e atores negros. Eles até chegaram a estudar mudanças que pudessem ampliar a diversidade no Oscar, mas os números ainda continuam baixos. No mesmo ano das críticas, as indicações femininas subiram para 22%. Ainda assim, a porcentagem não chega perto nem de um terço do geral.
Completando 90 anos de premiação, a edição de 2018 já carrega alguns marcos da representatividade que entrarão para a história:
1. Rachel Morrison é a primeira mulher nomeada na categoria de direção de fotografia, por Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississippi;
2. Dee Rees é a primeira mulher negra a concorrer ao melhor roteiro adaptado, junto com Virgil Williams;
3. Agnès Varda se tornou a pessoa mais velha a concorrer em qualquer categoria do Oscar, aos 89 anos. Ela é apenas oito dias mais velha que James Ivory, indicado ao melhor roteiro adaptado;
4. Greta Gerwig é a quinta mulher nomeada a categoria de melhor diretor em toda a história do Oscar;
5. Jordan Peele é o quinto homem negro a concorrer ao prêmio de melhor diretor. Caso ele vença, também se tornará o primeiro cineasta negro a ganhar a estatueta;
6. Yance Ford é o primeiro transgênero indicado na premiação, pelo documentário Strong Island.
Embora a premiação deste ano tenha um pouco mais de representatividade, os números ainda são extremamente baixos. Na lista de nomes, os homens continuam representando bem mais que a metade e as mulheres ocupam um espaço que não chega a 30%. Além de exigir mais nomeações femininas, também é preciso reivindicar mais contratações para que as mulheres tenham reais oportunidades de ter o trabalho reconhecido.