E aí, pessoal, aqui é a Gyovanna Cabral, vulgo (@poetagy)! Sou poeta do @poesiade1minuto e organizadora do “Slam da Rampa de Paracambi”, junto com a Ray, vulgo aya (@daysofaya). Resumindo, pra quem não sabe, slam é uma batalha de poesia de no máximo três minutos, com jurados escolhidos na hora, em que fica proibido qualquer tipo de objeto cênico, acompanhamento sonoro (sons produzidos com o corpo podem) e preconceito. Ou seja, qualquer frase racista, machista, homofóbica, transfóbica, e por aí. Isso resulta na desclassificação do poeta.
Mas, antes de falar de como foi a final do nosso campeonato, precisamos conversar sobre arte na periferia. A Baixada Fluminense é um lugar muito complicado para se ter arte. Paracambi é o último município da Baixada. Pois é. Pra quem pensa que não existe trem depois da estação Japeri, tem ainda Lages e sóóó depois, Paracambi. Artistas possuem uma agenda insana: voltamos tarde dos eventos e, às vezes, saímos tarde com trabalhos de última hora. O último trem para fora da cidade é às 20h15, e o último para retornar sai às 21h10, e com os ônibus não é nada muito diferente.
Quantas vezes fizemos edições em que várias pessoas se lamentaram por não poder ir por morar longe da cidade e não ter como voltar?! Sem contar que tudo é muito recente, somos pouco unidos para esse tipo de evento, coisa que está começando a mudar com o passar do tempo. O local que rola a galera nem sempre vai para prestar atenção no slam, muito pouco rola a troca de energia bacana, e sempre tem aquilo, né? Os meninos que participam de batalhas de rap não prestam atenção nas minas recitando. Estamos aqui para mudar isso e lutar o máximo possível para que cada vez menos a gente ouça que, para crescer na vida, é preciso sair da Baixada.
No último sábado, 19, realizamos a final de uma jornada que começou no dia 22 de junho, e que continuará no próximo ano (se Oxalá quiser)! E vim aqui contar tudo o que rolou. Tivemos nosso varau, que é um lugar onde prendemos desenhos de artistas locais e da Baixada Fluminense. Contamos com a participação de uma artista talentosíssima da cidade chamada Cassiane (@calufana), que expôs com a gente seus desenhos lindos feitos à mão, e com outro desenhista que está treinando para ser tatuador, diretamente de Nova Iguaçu, o Lucas Martins (@llcs44). Tem todo o tipo de arte aqui, é só chegar e expor!
E, é claro, rolou uma competição aceradíssima entre o Ralph (@odekasa), dono da Casa Uivo de Paracambi, espaço para cultura na cidade, e o Caroi (@caroi.ghll), rapper talentosíssimo local, CEO da produtora @guarahell. No final do terceiro round da batalha, ficou decidido pelos jurados: Ralph foi o vencedor. Ele ganhou o titulo de representante da Baixada no @slamRJ, que acontece nesta quinta-feira, 31, e vai ter a chance de levar para o Slam Brasil e o mundial na França, e também uma poesia gravada pelo @ladonorteprod, que fotografou o evento e que faz vários trampos de filmagem. Em breve, ele vai postar o vídeo do Ralph no seu canal. Fiquem ligados, porque os moleques são talentosos!
Contudo, teve mais emoção durante a final! Enquanto calculávamos as notas, a cantora MC Afrodite (@afroditebxd) quebrou tudo no nosso microfone e cantou seu novo single pela Nuvem Records, Afrodite Se Quiser. No início, a galera tava distraída, mas, conforme ela foi soltando a voz, ninguém aguentou. Rolou até uma roda punk no fim.
Foi basicamente isso que rolou no nosso último “Slam da Rampa de Paracambi”. Não temos apoio da prefeitura e, às vezes, nem tanto dos moradores, mas é lutar pra conquistar respeito. Aparecemos até no jornal “O Dia” da Baixada, junto com o “Slam Poético de Caxias”. Enfim, apoiem duas minas que fazem o corre de maneira independente e não façam como na música da Afrodite e sejam feministas só quando convêm. A arte não para, a arte resiste e resiste na periferia!
Espero que tenham entendido e que eu veja vocês nas próximas edições, hein? É só seguir a gente no Instagram (@slamdarampa) e no Facebook (@slamdarampapbi).
Poesia e resistência são a nossa estampa,
@poesiade1minuto