Ciência explica a trend “meu sistema nervoso não sabe diferenciar”
Nossos pensamentos têm um papel importante nesse processo, sabia?

ocê já reparou como a reação de algumas pessoas vendo uma barata pode ser muito similar a de quando elas encontram uma cobra venenosa? Essas semelhanças desproporcionais nas reações virou assunto no TikTok. Mas por que será que isso acontece? Nós vamos te explicar!
Na trend intitulada “meu sistema nervoso não sabe diferenciar…”, medos divertidos e muito diferentes uns dos outros são colocados como geradores da mesma reação, e muitos usuários estão percebendo como essa reação similar é algo bem comum. Uma conta publicou, por exemplo, que “meu sistema nervoso não sabe diferenciar entre ter uma arma apontada para a minha cabeça e alguém pedindo pra eu escolher entre duas opções”.
Outra escreveu “infelizmente meu sistema nervoso não sabe a diferença entre eu estar pegando fogo em um incêndio e um pombo estar andando ou principalmente voando perto de mim”. Se você tem pavor de agulhas ou de tirar sangue, essa outro publicação deve te fazer se sentir representada: “infelizmente meu corpo não sabe a diferença entre ser atacada por um urso e fazer um exame de sangue”.
@feeh.carolinee
@isadorabigotto meninas que tiram sangue apenas quando estão realmente necessitadas 😣
@by_lullyy Tenho pavor de aranha 🫨 #aranha #medo #viral_video #sistema
A trend nos rende boas risadas e muito reconhecimento, até porque não é difícil se ver nestas mesmas situações e reagindo a coisas com perigos tão diferentes. Pode até parecer bobo e somente uma similaridade engraçada, mas você sabia que existe uma resposta científica que explica o porquê de reagirmos dessa forma?
Em entrevista à CAPRICHO, a neuropsicóloga Lilian Vendrame explica que nossa reação é igual nestes casos porque o cérebro realmente não diferencia elas: para ele, é tudo medo. “O nosso cérebro tem um centro emocional chamado de amígdala, que, quando um pensamento de medo surge, ele manda mensagem para os nervos simpáticos. Esses nervos vão mandar uma mensagem para nossa glândula supra-renal produzir a adrenalina que faz o coração bombear para as nossas pernas, pés e braços. A mensagem enviada é para sair correndo”, diz.
Toda essa cadeia envolvendo áreas do cérebro, nervos, glândulas e adrenalina reproduz o sentimento de pavor como forma de preparar o corpo para enfrentar esse medo. Vamos para um exemplo que muitos de vocês, leitores da CH, vão se identificar: “para o nosso cérebro, fazer uma prova de vestibular é a mesma coisa que estar de frente com o leão selvagem numa floresta”. Faz sentindo: isso porque assim como o leão representa um medo real de se machucar, o vestibular desencadeia pensamentos como “se eu não passar nessa prova, vou ter que fazer cursinho novamente” ou “não vou conseguir ter a carreira que eu quero”.
@fariiass3 n sabe!!! #pov #enem #vestibular #aprovação #viral_video
Essa reação do cérebro e do corpo também é capaz de explicar porque, no caso dos vestibulares, é comum que os estudantes passem mal e tenha reações físicas. “Meu corpo recebeu o mesmo comando que receberia frente a um leão selvagem, só que na prova não tem como eu sair correndo ou eu fingir de morto. Então eu posso ter um branco na prova, posso querer resolver as questões rapidamente e ir embora logo“, diz.
Ficar sentado na cadeira é o oposto do que o cérebro está mandando (que é sair correndo), e, por isso, o corpo começa a ficar energizado e esquentado pela adrenalina. “Aí o meu cérebro diz assim: ‘Opa, meu corpo esquentou demais, não pode esquentar, vamos refrigerar’. Aí os nervos parassimpáticos vão lá e refrigeram o corpo e eu começo a transpirar. Por isso é comum chegar para o vestibular com as mãos geladas ou transpirando“, explica a neuropsicóloga.
Certo, CH, mas como evito essas reações?
Primeiro de tudo, Lilian lembra que esse ciclo não é comum a todas as pessoas e depende de como o seu cérebro reage ao medo. Outro fator que impacta muito em como essas reações serão acionadas é o seu próprio pensamento e controle mental. No fim das contas, tudo é medo, independente de qual seja o motivador do sentimento.
“Costumo falar que o que você pensou, para o seu cérebro, é verdade. Quando você pensa ‘Vou me ferrar no vestibular’, seu cérebro acredita naquilo e, claro, tem pessoas que têm a maior tendência a acreditar nos pensamentos, outras conseguem lidar melhor”, diz. Importante lembrar que isso não é uma competição e a forma que você lida com essa questão depende muito das suas experiências anteriores, como essas emoções foram sentidas em situações intensas e ameaçadoras e com a sua personalidade – fatores esses que, para a neuropsicóloga, devem ser respeitados.
E você, já tinha pensado em como você reage em situações de medo ou a estes pensamentos?