Mais uma vez, a internet surpreende um total de zero pessoas e com mais uma trend problemática. Não que não tenha conteúdo legal online. Tem muita! Mas tem uma galera que insiste em viralizar coisa sem noção.
Recentemente, o TikTok foi tomado por dois virais: “Coisas que têm energia de pobre” e “coisas que passam vibe de sujo”. Ambas, apesar do título diferente, se assemelham muito por atacarem os mesmos grupos sociaiculturas: aqueles pertencentes à periferia, com estéticas relacionadas.
“Não tem nada a ver… As pessoas se ofendem por pouco hoje em dia. É só meme”, disse um usuário na rede. Será mesmo? Para tirar a teima, a seguir, você confere uma lista com as principais coisas que a galera anda citando como ser “de pobre/suja” – em tom pejorativo, vale frisar.
- aparelho metálico;
- bijuterias;
- frizz de cabelo;
- ter espinha;
- ter pele seca;
- pelos no corpo;
- unhas de fibra decoradas;
- apliques de cabelo;
- sair de casa com cabelo molhado;
- uma imensa lista de coisas que fazem parte da estética preta e periférica.
Não precisa de muito esforço para ver que esse tipo de “brincadeira” é extremamente ofensiva. Acessórios de bijuteria e aparelho metálico, por exemplo, são opções mais acessíveis para a maioria das pessoas – e rir disso, é, sim, elitista. Unhas de fibra e apliques de cabelo são outro exemplo de coisas que fazem parte da estética nascida nas periferias.
“Essa trend está me mostrando que não importa o que eu faça, sempre vou parecer suja por simplesmente ser pobre“, desabafou uma usuária no Twitter. “Aquela trend da vibe de sujo do TikTok acabou com o meu resquício de autoestima, porque me encaixo em varias coisas que falaram“, escreveu outra.
A internet costuma ser uma montanha-russa difícil de acompanhar. O que as redes amam hoje, pode ser considerado horrível amanhã. Então, vale lembrar que, apesar de ser complicado e problemático em diversos sentidos, não dá para se deixar avaliar por elas. Espinha, pele seca, frizz, cabelo crespo ou cacheado são simplesmente características humanas.
E vamos combinar?! Até quando iremos permitir e ajudar a viralizar trends como esta em questão? Vale seguir com uma “brincadeira” que ridiculariza as características de outra pessoa – e pode soar racista em alguns momentos – em troca de uma falsa sensação de pertencimento? Esse tipo de posicionamento reforça ainda mais um padrão social inatingível para a maioria das pessoas (se é que alguém consegue realmente atingi-lo) e contribui ainda mais com estigmas relacionados à desigualdade social.
O elitismo, como bem pontua o Emicida, nunca está na moda: