á percebeu que, por mais que tentemos fugir de conversas difíceis, a vida não para de nos exigir coragem para enfrentar assuntos delicados? Seja no trabalho, para pedir um aumento de salário ao chefe, ou quando chega a hora de terminar um relacionamento. O diálogo, por mais desconfortável que pareça ser, é inevitável e essencial para o nosso crescimento.
Sendo assim, cabe a nos encontrar maneiras de nos fortalecer diante de conversas difíceis e encontrar ferramentas e técnicas para desenvolver uma comunicação cada vez mais empática e respeitosa. Mesmo que não dê para se livrar do medo e da ansiedade totalmente, é possível deixar esse processo de enfrentamento menos doloroso.
A vulnerabilidade faz parte de uma conversa difícil
A pesquisadora norte-americana Brené Brown escreve, no livro ‘A coragem de ser imperfeito’*, que, muitas vezes, quando nos sentimos vulneráveis tendemos a “ziguezaguear”. Ou seja, tentamos “controlar uma situação dando as costas para ela, fingindo que não está acontecendo, ou até mesmo fingindo que não se importa”. Aí ficamos dando voltas, indo e voltando, na tentativa de desviar do conflito, do desconforto, da possível confrontação, do potencial de passar vergonha ou de ser magoado e da crítica.
Isso explica porque, muitas vezes, quando precisamos fazer uma ligação difícil, examinamos todos ângulos possíveis, ou quando precisamos mandar um e-mail decisivo, procrastinamos, buscando outras tarefas para fazer antes, só para adiar o envio.
Ziguezanguear, além de ser cansativo, não é uma boa maneira de viver. Para ser autêntico e viver com ousadia, segundo Brown, é preciso parar de correr de um lado para o outro, estar presente, vulnerável, atento e seguir em frente. E, muitas vezes, uma conversa difícil é a única forma de fechar um capítulo, garantir um direito, fazer uma mudança significativa e de seguir em frente.
Como lidar melhor com conversas difíceis
Três pesquisadores membros do Projeto de Negociação de Harvard reuniram suas pesquisas e montaram uma espécie de guia para ter conversas difíceis. No livro intitulado ‘Conversas difíceis: Como discutir o que é mais importante’*,
Segundo os autores, transmitir uma mensagem difícil é como jogar uma granada. “Não importa se foi pintada de ouro ou se foi atirada com ou sem força, uma granada sempre provoca danos”, faz a analogia. Só que, apesar das consequências, guardá-la para si também não é a melhor escolha, já que é como ficar “segurando a granada depois de puxar o pino”.
Para escapar desse impasse da granada, de ficar entre evitar e enfrentar, os pesquisadores propõem novas abordagens. Uma delas é reconhecer que uma conversa difícil, na verdade, são três, segund0 os autores:
- A conversa sobre o que aconteceu: a maioria das conversas difíceis gira em torno de divergências entre o que aconteceu e o que deveria ter acontecido;
- A conversa sobre os sentimentos: toda conversa difícil provoca e responde perguntas sobre sentimentos;
- A conversa sobre a identidade: essa é a conversa que cada um de nós tem sobre o impacto da situação em nós e se ela significa que somos uma pessoa boa ou má, por exemplo.
Ao considerar todos os três níveis da conversa, podemos ter uma noção melhor do porquê ela parece complicada ou ameaçadora, e, assim, evitar erros comuns em cada um deles.
Paramos de achar, por exemplo, que a conversa impacta apenas como nos vemos, e consideramos que o mesmo acontece com a outra pessoa, que também terá a forma que se vê impactada. Quando entendemos a perspectiva da outra pessoa também, fica mais fácil de criar abordagens melhores e lidar com a situação.
E aí, preparados para enfrentar aquela conversa difícil que tem sido adiada?
* As compras feitas através deste link podem render algum tipo de remuneração para a Editora Abril.