Quando o lugar onde você mora enfrenta temperaturas mais baixas que -20°C, sair na rua pode ficar um pouco complicado. Não só pelo frio, mas pelo tanto de neve que atrapalha os carros e pedestres. Então, qual é a solução para viver e fazer as atividades do dia-a-dia sem congelar? Uma cidade subterrânea. A que tem aqui em Montréal é a maior do mundo!
Não é que existe uma cidade com ruas, apartamentos e tudo mais sob a terra. Na verdade, o que acontece é que uma boa parte da cidade está conectada por baixo. São 33km de túneis que ligam o metrô, escritórios, centros de compras, hotéis, museus, uma arena e até mesmo a residência estudantil onde eu moro – tudo aquecidinho e livre de neve!
Chamado de RÉSO (homófono da palavra “réseau” em francês, que significa rede), o conjunto de complexos daqui engloba 9 hotéis, 2.000 comércios, 200 restaurantes, 43 estacionamentos internos, 190 portas para a rua e, durante o inverno, recebe cerca de meio milhão de pessoas por dia. Muito legal, né?
A parte principal, que fica no centro, mais parece um grande shopping – e, na verdade, é quase isso mesmo. Cours Mont-Royal, Place Montréal-Trust, Promenades Cathédrale e Centre Eaton se conectam e oferecem uma infinidade de lojas, praças de alimentação e até cinema. Por ali você ainda tem acesso às estações McGill e Peel, que são da linha verde do metrô, e aí fica fácil para acessar outras linhas e ir parar em outros cantos dessa cidade ~underground~. É uma loucura!
No começo, eu obviamente me perdia o tempo todo. Você entra em um lugar, anda, anda, anda, sai em outro e não entende mais nada. Contudo, conforme você vai se habituando, é uma mão na roda. Quando preciso ir ao mercado, por exemplo, não tenho nem que me agasalhar muito já que não piso na rua: pego o metrô que é conectado à residência e saio dentro do Complexo Desjardins, onde tem um mercadinho.
Para muita gente, pode parecer normal e até sem graça, mas para mim é um lugar que faz toda a diferença aqui em Montréal. Ainda mais se você considerar que o friozão mesmo dura do fim de novembro até meados de abril. É bastante tempo! Além de tudo, é meio que uma viagem cultural, já que você passa por diversas partes da cidade que têm uma atmosfera diferente. Acho que minha parte preferida fica ali perto da Place des Arts, também conhecida como praça dos festivais, porque tem galeria, museu, restaurantes e vira e mexe, algum artista de metrô.
Se algum dia vier a Montréal, vale a pena se aventurar um pouco por esse mundo subterrâneo – o que, na verdade, acaba sendo inevitável já que liga tanta coisa a taaaantas outras. (risos)
Salut!
Ma Bonafé