Duda Reis e Izabella Borges criam projeto de combate à violência doméstica
Uma das missões do instituto Survivior é fazer com que as mulheres saiam desse lugar de vítimas apenas e se enxerguem como sobreviventes
A influenciadora Duda Reis e a advogada e psicanalista Izabella Borges criaram o Survivor, instituto que presta suporte às vítimas de violência doméstica. Ele contará com a participação do projeto Justiceiras, da Promotora Gabriela Manssur, e com uma rede de apoio de profissionais qualificados para atender as mulheres. Em entrevista para a CAPRICHO, as fundadoras dão mais detalhes sobre a novidade.
Izabella explica que sua carreira já é voltada para casos de violência doméstica e sexual contra mulheres e crianças, e que a criação do instituto surge com um propósito a mais dentro do seu trabalho. A advogada, além de atuar em casos midiáticos (como de Duda Reis, Luisa Mell e Francine Andrade), também já foi uma vítima no passado.
Duda, que sofreu violência doméstica de Nego do Borel, fala um pouco sobre isso: “O projeto é fruto da nossa experiência. Tanto eu, como vocês sabem, quanto a Izabella somos sobreviventes. Tudo o que passei no último ano fez crescer uma vontade muito forte dentro de mim de ajudar as mulheres em situação de violência. Eu tenho a oportunidade de poder contratar uma equipe multidisciplinar, como psicóloga e psiquiatra, mas quantas mulheres não tem?”, questiona.
“A maior parte das mulheres em situação de violência hoje se encontra em situação de vulnerabilidade econômica, para além da vulnerabilidade de gênero. Então, são mulheres que vivem em isolamento e não têm como contar com apoio familiar ou rede de suporte especializado. Às vezes, elas acabam ficando presas a um relacionamento até pela dependência financeira com relação ao parceiro”, explica a advogada.
Segundo uma pesquisa do Datafolha, além da dependência emocional e outros aspectos de um relacionamento abusivo, grande parte das mulheres não consegue sair desse ciclo por depender do dinheiro do homem. Para as criadoras do Survivor, o instituto tem justamente o objetivo de ajudar essas mulheres a se empoderarem e buscarem indepedência, e saírem do lugar de vítimas aoenas para enfim se enxergarem como sobreviventes.
“Essas mulheres precisam resgatar que são protagonistas de suas próprias vidas. Muitas vezes elas estão conseguindo enfrentar a situação e seguindo a rotina, mas recuam por serem questionadas. As pessoas têm um arquétipo de vítima ideal e precisamos quebrar essa ideia“, alerta Izabella, que lembra que a própria Duda Reis sofreu com ataques e idealizações sobre como uma vítima deve agir.
O instituto, além da ajuda judicial, pretende dar suporte para que as mulheres recuperem sua autoestima e autonomia: “A gente está organizando uma série de ações que englobam psicólogas, professoras de ioga e mindfulness também, porque é importante que a mulher consiga ter acesso a ferramentas que impactam o seu sistema nervoso central e, portanto, suas emoções”, esclarece a psicanalista. Além disso, Iza e Duda pretendem fazer parcerias com empresas para possíveis oportunidades de emprego destinadas às sobreviventes.
“Sabemos que enfrentar o sistema e denunciar a violência doméstica exige muito de nós. O machismo estrutural, os atendimentos que revitimizam, a opinião pública ou de familiares e amigos que ainda replicam a lógica patriarcal, já são causas suficientes para a mulher se sentir perdida, insegura e sem perspectiva de se ver livre desse capítulo de sua vida”, desabafa a influenciadora e atriz.
Ver essa foto no Instagram
Duda Reis também alerta todas as meninas: “Fiquem atentas aos sinais. Somos facilmente confundidas no ciclo da violência doméstica. Se mantenham próximas de sua família e suas amigas. Conversem, pesquisem sobre o assunto, fiquem atentas sempre para não perderem a autonomia. Nossa base é a rede de apoio. Conversar e trocar com pessoas que estão fora do relacionamento traz para a mulher a possibilidade de perceber, ainda que aos poucos, o que está realmente acontecendo”.
Izabella aproveita para incentivar as sobreviventes a denunciarem nos canais oficias, como no 180, e também a contarem com alguma rede próxima de apoio, como o Survivior, que pretende oferecer atendimento gratuito e/ou a baixo custo para quem buscar ajuda.