Enem 2023: 8 temas que podem cair na redação do exame deste ano
Inteligência artificial, evasão escolar e desarmamento são algumas das apostas. Entenda melhor o que o Enem pode cobrar
O Enem 2023 está cada vez mais perto! Os vestibulandos que acompanham a CAPRICHO sabem que uma das maiores ansiedades é saber qual será o tema da redação, né? Afinal, o desempenho no texto tem um peso muito grande na nota final.
Acontece que as possibilidades de temáticas são infinitas – por isso, a ideia aqui não é tentar adivinhar. Mas observando a tradição do exame e os temas dos anos anteriores, dá para pensar em caminhos possíveis que a banca examinadora pode seguir neste ano.
A equipe de redação do Colégio Poliedro destaca que os recortes temáticos do Enem costumam ser questões relacionadas à vida cidadã, com ênfase em problemas sociais brasileiros – o que evidencia o papel importante que a redação do Enem tem em trazer à tona, a nível nacional, os problemas que precisam ser solucionados (e muitas vezes até mesmo reconhecidos) em nossa sociedade pela intervenção de diferentes agentes sociais públicos ou privados.
Considerando o perfil da prova e o contexto social brasileiro atual, Rafaella Carvalho, coordenadora de Redação do Colégio de São José dos Campos, Fabiula Neubern, coordenadora de Redação do Curso de São José dos Campos e, Gabrielle Cavalin, coordenadora de Redação de Unidades Escolares destacam à CAPRICHO temas como:
Inteligência artificial
O avanço de ferramentas que usam inteligência artificial, como o Chat GPT, tem marcado discussões em diferentes áreas do conhecimento, algumas delas são: será que as IAs podem substituir pessoas no design, na educação ou em qualquer outra área? Quais são os limites éticos do uso da IA quando pensamos em direitos autorais? Quais os benefícios que a IA pode trazer para a área da medicina e/ou desenvolvimento social? Segundo as especialistas, a banca do Enem pode direcionar o tema a um problema ou impacto específico do uso dessa tecnologia no dia a dia da sociedade brasileira como um todo, por exemplo: “ameaça para o mundo de trabalho” ou “impactos para o ensino”.
Escalada da violência escolar
Como mostramos na cobertura aqui da CAPRICHO, o início deste ano foi marcado por uma série de ataques violentos a escolas brasileiras. Após os casos, pesquisas sobre o contexto da violência e o perfil dos agressores foram divulgadas, chamando a atenção da comunidade escolar e da sociedade em geral para pensar as causas desses ataques e como evitá-los. As coordenadoras acreditam que o Enem pode abordar essa temática de modo que o aluno precise apontar quais são os motivos possíveis para o aumento desses episódios especificamente nos últimos anos.
Abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes
A agência de desenvolvimento social, Child Fund, divulgou dados que mostram que o Brasil ocupa o 2º lugar no ranking de exploração sexual de crianças e adolescentes, perdendo apenas para Tailândia. Como já discutimos por aqui também: o silêncio que ainda existe sobre a violência sexual não ajuda no combate. É necessário e com urgência discutir o tema no país, pensar causas e consequências dessa exploração e definir o que pode ser feito para proteger as crianças e os adolescentes desses abusos. A equipe do Poliedro acredita que o tema pode ser cobrado de forma ampla – nesse contexto o uso da internet sem a devida orientação ou supervisão de um adulto pode entrar como uma das causas para o agravamento do problema.
Como explica a Cartilha do Participante do Enem, a prova de redação exige do candidato a produção de um texto
em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, sobre um tema
de ordem social, científica, cultural ou política. No
texto, é necessário defender um ponto de vista, apoiado em argumentos consistentes. No final da redação, o aluno deve apresentar uma proposta de intervenção social para o problema apresentado no desenvolvimento do texto.
Felipe Leal, professor do Curso Anglo, aconselha que os estudantes não fiquem apegados nas apostas, mas pensem sobre as competências que são cobradas, as especificidades da redação em termos de estrutura, de exigência, de proposta de intervenção, de exploração de repertório externo. Para este ano, o professor lista três temas que valem ficar de olho e serem usados para treinamento, por serem temáticas importantes, algumas que faz tempo que não aparecem na prova e são a cara do exame.
Saneamento básico
Saneamento básico é um tema muito relevante em vários eixos, porque tem a ver com acesso a direitos básicos, com direito a habitação – já que normalmente a falta de saneamento tem a ver com a não realização do direito à habitação –, então tem a ver com pobreza, desigualdade e tem muito a ver também com o direito à saúde. “Portanto, se você pensa que os números no Brasil ainda são bastante ruins de saneamento básico, esse é um problema estrutural brasileiro, que é algo que o Enem pode fazer o candidato analisar”, explica o professor.
Evasão escolar
Leal destaca que última vez que a prova principal do Enem trouxe uma questão relacionada à educação foi em 2017. “Então, já tem algum tempo e é um eixo bastante importante para ser tratado. Já se falava bastante sobre evasão escolar, porque temos esse problema, principalmente no ensino médio, mas isso acabou sendo acentuado pelas crises econômicas que o Brasil vem passando e também pela pandemia”, diz. O conselho do professor é o aluno pensar na questão social por trás da evasão escolar, que é de pobreza, de desigualdade e de que a solução tem que passar também por tratar a queda de renda das famílias, ou promover algum tipo de bolsa auxílio a mais, além do que já é vinculado ali no Bolsa Família, enfim, pensar em questões econômicas.
Poluição plástica
Outro eixo temático que Leal chama atenção, já que faz muito tempo que o Enem não cobra é meio ambiente. Mas ele já adianta que dificilmente a prova trará aspectos normalmente debatido, como queimadas ou desmatamento da Amazônia. “O tema da poluição plástica parece mais a cara do que a prova traria, porque é um problema sério do mundo atual, tem a ver com a questão do consumismo e com a questão da não sustentabilidade”, sugere o professor, que explica que há uma produção grande de lixo plástico que não é reciclada, o que provoca vários danos para o meio ambiente, tanto em aterros quanto, principalmente, no oceano.
A CAPRICHO ainda conversou com Larissa Souza, supervisora do laboratório de redação do Colégio Ari de Sá e ouviu as apostas da especialista, que têm como base temas muito abordados pelo recente governo e que fazem muito sentido em uma prova como o Enem. Confira dois exemplos!
Analfabetismo
De acordo com dados do IBGE, em 2022, analfabetismo cai, mas continua mais alto entre idosos, pretos e pardos e no Nordeste. A pandemia, segundo Larissa, trouxe mais obstáculos para mudar esse cenário. Ela destaca que a repercussão da aprendizagem tem sido assim um foco grande das ações do atual governo. “No início do ano, tivemos aumento de verbas para o desenvolvimento de programas que façam essa recuperação da alfabetização”, observa.
Desarmamento
Outra questão que é muito forte no atual governo, apontada por Larissa, é o desarmamento, que tem impacto em diversas discussões. Vimos aqui na CH que o acesso às armas é um dos pontos centrais para discutir ataques em escolas, por exemplo. “Não podemos esquecer que o Estatuto do Desarmamento foi assinado em 2003, no governo Lula. Então está fazendo 20 anos, sendo uma espécie de efeméride”, diz Larissa, indicando que esse seria um bom gancho para o exame.