paixão e o respeito pela televisão e por quem a apresenta são visíveis na admiração com que Rodrigo Apresentador deposita sobre o assunto ao conversar com a CAPRICHO. “Eu sempre me senti muito seduzido pela câmera e pelo microfone, eu gosto de estar em contato com o público e com a plateia”, diz com orgulho
O sonho de trabalhar com a TV e com a comunicação foram despertados nele logo cedo, que afirma ser, desde sempre “enlouquecido pelo universo da televisão”. Dá para sentir essa emoção toda vez que ela fala dos ícones que o motivaram e inspiraram tanto, como Angélica, Xuxa, Sandy e a própria Revista Capricho, presente na versão impressa por tantos anos da vida dele.
Foi a Xuxa, inclusive, a escolhida para sua inspiração como cover, em apresentações que o fizeram ser reconhecido pela primeira vez para o público virtual como ‘Rodrigo Xuxa’. Apesar da felicidade em alegrar as pessoas com seu cover, o sonho de menino de Rodrigo ainda batia constantemente dentro dele e, em 2016, ele decidiu levar toda sua alegria e entretenimento a outro patamar, com um programa nos moldes da televisão.
Mesmo fora de uma emissora física e de um canal na TV, Rodrigo surge com o ‘Rodrigo Show’, programa com plateia virtual no YouTube – um modelo ainda pouco visto e, na época, muito descredibilizado. “Eu lembro que as pessoas me chamaram de doido, diziam ‘como assim fazer uma televisão no YouTube, não funciona, YouTube é vídeos curtos, não vai dar certo'”, afirma. Independente da descrença alheia, ele acreditou no projeto e depositou a mesma confiança e seriedade que qualquer outro programa de TV precisa ter.
“Eu entendo que o YouTube é minha emissora, e quem me assiste é o público, eu tenho um compromisso com eles. Imagina um dia a Globo ou o SBT falarem ‘não vou fazer o programa hoje?’. Não tem essa, e eu lido da mesma forma, as pessoas estão esperando pelo programa”. A espera também é ansiada por ele e não só para ver o resultado final ou respirar tranquilo porque tudo deu certo.
Quando eu estou com o microfone e com a câmera ligada, me sinto importante e não mais que qualquer um, mas me sinto importante para mim mesmo
Rodrigo Apresentador
Na frente da câmera, ele brinca que é como “uma entidade que vem. Seu eu tô com dor, a dor passa, se a garganta tá ruim, melhora, se eu tô triste, eu fico feliz na hora”.
A transformação entre o antes e depois da gravação representa como, enquanto é o Apresentador, Rodrigo se esforça para ser pontual, carismático e acessível, fora de cena, ele é na dele e quieto, o que pode ser confundido com mau-humor. “As pessoas quando me conhecem esperam uma explosão de alegria, mas sou mais quietinho, e até acham que sou mau-humorado, mas sou assim mesmo”, brinca.
De duas versões tão distintas, pode parecer difícil haver algo que dialogue entre as duas e as une, mas Rodrigo sabe a resposta para essa questão e responde sem demora. “O que une os dois? Uma vontade louca de vencer. De levar o seu trabalho para mais pessoas, de levar alegria e entretenimento para a vida das pessoa”.
A dualidade da exposição virtual
É na internet que Rodrigo ficou conhecido como cover, como meme e agora como apresentador. É no meio da rede que ele encontrou o seu espaço próprio onde pode desenvolver sua criatividade e ser quem é. Mas mesmo com todos os privilégios e possibilidades garantidos, além do carinho e amor recebido dos fãs a partir de toda essa exposição, Rodrigo não esconde que a outra face de reações exista, muito menos da gravidade delas ou da fonte que surgem.
“Se você tá exposto e começa a ganhar relevância, você não vai ouvir só elogios, e eu vejo gente que eu nem conheço, não sei quem é, onde mora e falam mal de mim com uma propriedade tão grande como se fosse meu vizinho de apartamento, e isso meio que me assusta um pouco“, explica. A hostilização direcionada a seu trabalho, por exemplo em vídeos onde reagem ao seu programa, são uma das formas em que, segundo ele, as pessoas “falam coisas que não são muito legais de ouvir”.
Entretanto, mesmo os comentários hostis não alcançam a posição de responsável por todos os desafios que Rodrigo enfrenta e já enfrentou, reservado pela questão da sexualidade. “O desafio maior é o fato de você ser um LGBTQIPA+, você já é muito é apontado, tem que se esforçar o dobro, provar para as pessoas o dobro que você é bom”, afirma.
Em especial dentro da televisão, Rodrigo reconhece como a pessoa LGBTQIAP+ ocupou o espaço da chacota, “para ser o engraçado, o momento de humor de um programa“, o que para ele também reflete uma cultura social de menosprezar qualquer pessoa que pertença à comunidade. Mesmo com os avanços em garantir espaço e oportunidade a todas as pessoas da sigla, Rodrigo sabe que o caminho até o tratamento igualitário é longo.
“Temos que deixar palpável para as pessoas que a gente não quer direito maior do que ninguém, a gente só quer ser igual, quer ter os mesmos direitos”, pontua. Em seu programa, Rodrigo busca trazer pessoas diversas para o centro e garantir que ocupem espaços que são delas por direito, mesmo negligenciadas por tanto tempo.