Marie Laguerre, de 22 anos, estava caminhando pela calçada perto de um café em Paris, na França, quando recebeu comentários ofensivos e barulhos obscenos de conotação sexual de um homem que passava ao lado dela. Em entrevista à imprensa local, a estudante disse que não era a primeira vez que algo do tipo acontecia com ela naquele dia, semana ou mês. “Eu fiquei com raiva e gritei: ‘cala a boca!'”, ela disse para uma emissora de televisão. Em resposta, o homem jogou um cinzeiro nela, mas não acertou a mira. Por isso, voltou até onde a garota estava e deu um golpe no rosto dela. As câmeras de segurança do café gravaram toda a cena.
Os clientes que estavam no café e assistiram a tudo repreenderam o homem no momento da agressão, mas ele não chegou a ser detido. Embora tenha ido embora logo após o golpe, Marie decidiu voltar ao local para pegar depoimentos das testemunhas e registrar o ocorrido na polícia. Promotores estão investigando o ataque com a ajuda do vídeo para encontrar o agressor.
Em março deste ano, o governo francês anunciou uma lei que prevê uma multa de € 750 (cerca de R$ 3 mil), por assédio nas ruas. Entretanto, o que gerou discussão na época foi que o projeto de lei determinava a necessidade de um flagrante policial para que a multa fosse aplicada. Após o ataque sofrido por Marie, que gerou revolta no país, os parlamentares decidiram aprovar a lei em uma segunda leitura na última quarta-feira, 01. “Antes o assédio nas ruas não era punido. Daqui em diante, será”, afirmou Marlene Schiappa, ministra da igualdade de gêneros, em entrevista à rádio Europe 1. Mulheres ativistas, no entanto, seguem argumentando que os agressores não cometem assédio na frente de policiais, o que dificulta a existência de um flagrante.
Para ajudar a dar voz às mulheres, Marie criou uma plataforma online para que outras vítimas de assédio compartilhem seus relatos e histórias, de forma anônima. “O objetivo do site Nous Toutes Harcèlement é coletar testemunhos de assédio na rua, no trabalho, na esfera privada. O assédio é um fenômeno sistemático que afeta todas as mulheres ao redor do mundo“, ela disse à AFP. Segundo a estudante, a ideia de criar o site surgiu depois que ela entrou em contato com ativistas feministas.
Que a iniciativa de Marie seja um passo importante para que mais mulheres tenham coragem de levantar a voz contra o assédio. E o agressor dela? Esperamos e torcemos que ele não seja esquecido pela justiça e pague pelo que fez. #MexeuComUmaMexeuComTodas