A costa da Austrália queima há quase quatro meses. O primeiro incêndio ocorreu na região montanhosa de Binna Nurra, em Queensland, no dia 9 de setembro. Em novembro, o fogo já havia chegado à Nova Gales do Sul, estado que inclui a famosa Sydney. Estima-se que, até esta segunda semana de janeiro, mais de 6 milhões de hectares de terra tenham sido devastados, isso inclui sua flora e sua fauna.
Não é incomum incêndios nessa época do ano no país, por causa das altas temperaturas. Desta vez, contudo, a situação é classificada como uma das piores de todos os tempos. O motivo é a combinação do longo período de seca, dos fortes ventos e do recorde de temperatura (2019 foi o ano mais quente da Austrália, com a temperatura atingindo 1,52ºC acima da média). Para a professora Sarah Legge, da Universidade Nacional da Austrália, o país agora se encontra “em território desconhecido”.
Cientistas e ambientalistas já unem esforços para tentar quantificar em números o tamanho do estrago, que continua a ser feito. Determinar com certeza como ele impactará no futuro do meio ambiente e dos humanos, entretanto, não é tarefa simples, já que, segundo Brendan Wintle, ecologista de conservação da Universidade de Melbourne, “é uma transição para algo que nunca experimentamos antes”, disse em entrevista para o jornal The Guardian.
Sarah Legge garante que muitas dezenas de espécies foram afetadas pelo fogo e podem inclusive ficar ameaçadas de extinção. Além disso, o fogo desestrutura toda a cadeia alimentar. Predadores podem ter sido salvos ou conseguirem escapar dos focos de fogo, contudo, com a vegetação sendo devastada e animais menores da cadeia sendo mortos, eles ficam sem ter o que comer, morrendo de fome e, consequentemente, causando ainda mais estrago no ciclo natural da cadeia.
Em números, é possível falar até agora em 480 milhões de animais mortos, sem contar a devastação da flora. Os principais focos de incêndios estão localizados em Port Macquarie, Newcastle, Sydney, Mallacoota e Melbourne. Até a última segunda-feira, 6, 25 pessoas também haviam morrido em decorrência do fogo. A poluição do ar também deve ser levada em conta e a fumaça tóxica também já faz muitas vítimas.
Tratados da ONU estabelecem que, até 2030, o aquecimento da Terra seja restringido a 0,5°C. Além disso, as emissões de Carbono devem cair em até 7,6%. Quantas Amazônias, Austrálias e Califórnias precisarão queimar para que as mudanças climáticas sejam levadas a sério e tratadas com seriedade?