Legalização do aborto na Irlanda termina em festa: ‘por Savita!’

Mais de um milhão de pessoas disseram sim à legalização!

Por Isabella Otto Atualizado em 29 Maio 2018, 09h35 - Publicado em 28 Maio 2018, 11h08

Não é exagero dizer que ninguém estava esperando por isso. Até mesmo os grupos que trabalhavam a favor do sim estavam receosos e imaginando que o aborto não seria legalizado. Mas a Irlanda surpreendeu a todos! No último sábado, 26, 66,4% dos irlandeses votaram pela legalização do aborto. Mais de um milhão de pessoas pediram mudanças na constituição e foram atendidas de prontidão. Assim que todos os votos foram contabilizados e o resultado oficial foi divulgado, a 8ª Emenda da Constituição, que proibia o aborto no país, foi destruída.

Charles McQuillan/Getty Images

O que mais impressionou a população e os ativistas foi que, dos 40 colégios eleitorais irlandeses, apenas um voltou contra a legalização – provavelmente, algum colégio rural mais conservador. A decisão não muda apenas a realidade de muitas mulheres, mas a realidade da própria Irlanda, vista até então como um país conservador ao extremo. Não dá para dizer mais isso, né?

Estima-se que a maioria favorável ao aborto foi impactada pela história de Savita Halappanavar, que, em 2012, estava tendo um aborto espontâneo quando teve ajuda negada dos médicos e hospitais. Naquela época, o aborto era considerado um crime. A imigrante morreu quatro dias após a morte da sua filha prematura. Savita podia ter sido salva, mas “o direito à vida” o tirou o direito à própria vida. “Sobre a Oitava Emenda, a única coisa que podíamos dizer às mulheres era: ‘pegue um avião ou um barco.’ Agora, o país está dizendo: ‘não, pegue a nossa mão'”, disse o Ministro da Saúde Simon Harris, referindo-se àquelas que desejavam recorrer ao aborto ou estavam passando por um espontâneo.

Charles McQuillan/Getty Images

A legalização do aborto foi comemorada em peso e rolaram até festas improvisadas. Sob um mural de Halappanavar, centenas de flores e cartões foram depositados para homenagear a memória da imigrante. O resultado do referendo muda a história da Irlanda e também sua relação com a Igreja Católica. Apesar de, em novembro de 2016, o Papa Francisco ter autorizado que padres perdoassem aquelas que tivessem abortado, algumas ONGs católicas se posicionam e se contra a fala do Sumo Pontífice. Além de social, a legalização ou não do aborto envolve questões políticas e religiosas. O plebiscito da Irlanda? Ah, ele já se transformou em um dos mais importantes da história…

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