Microplástico é encontrado em placenta humana pela primeira vez

Cientistas que descobriram a presença do material temem que microplástico possa interferir no sistema imunológico

Por Gabriela Junqueira Atualizado em 21 dez 2020, 21h06 - Publicado em 21 dez 2020, 17h28

Cientistas encontraram pela primeira vez a presença de microplástico na placenta humana. O caso, estudado por um grupo de pesquisadores italianos, foi publicado na revista cientifíca Environment Internacional no começo de dezembro. Vale lembrar que  os microplásticos, maiores poluentes dos ocenaos, são pequenos fragmentos de plástico com medida inferior a 5mm originados de resíduos industriais ou do processo de degradação de pedaços maiores.

Microplástico é encontrado em placenta humana pela primeira vez
Jose Luis Pelaez Inc/Getty Images

A equipe que realizou o estudo, formada por profissionais do hospital Fatebenefratelli, de Roma, e do hospital Politécnico da região de Marcas, acompanhou seis mil mulheres com gestações saúdaveis. Para procurar as partículas de microplástico os pesquisadores utilizaram um espectrômetro, um aparelho óptico para medir propriedades de luz. De 12 fragmentos encontrados, os cientistas identificaram que 3 se tratavam de polipropileno e 9 de material sintético pintado, possivelmente vindos de produtos como cosméticos, pasta de dente ou garrafas PET.

“É como ter um bebê ciborgue: não é mais composto só de células humanas, mas uma mistura entre a entidade biológica e entidades não orgânicas. As mães ficaram chocadas”, disse um dos pesquisadores que liderou o estudo, Antonio Ragusa, para o jornal Corriere.

A pesquisa tem dois próximos desafios: descobrir como o material chegou até a placenta e entender quais os riscos da presença desses microplásticos. Uma das possibilidades analisadas pelos pesquisadores é que o material tenha chegado ao organismo ou por via respiratória ou através de alimentos e água. “Acreditamos que é provável que, na presença de fragmentos de microplásticos no interior do organismo, a resposta do corpo, do sistema imunológico, possa mudar e ser diferente do padrão”, disse Ragusa.

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