“Doença do beijo”: o que é, como pega, quais são os sintomas e tratamentos

Será que beijar muitas bocas na mesma festa pode fazer mal à saúde? Saiba mais sobre o vírus Epstein-Barr, causador da mononucleose

Por Isabella Otto 3 mar 2025, 17h00

É hora de responder uma dúvida muito comum dos solteiros: beijar muuuuito em micaretas e festas pode ser perigoso? Uma das grandes preocupações é em relação ao vírus Epstein-Barr, causador da mononucleose, popularmente conhecida como “doença do beijo”.

A resposta é: depende. Quanto mais saliva trocada em um mesmo dia, mais chances de você cruzar com alguma contaminada. Mas também pode não acontecer nada.

Para esclarecermos as principais dúvidas sobre a mononucleose, contamos com a ajuda dos doutores Tasso Carvalho, médico Nutrólogo e Mestre em Ciências da Saúde, e Karen Mirna Loro Morejón, diretora da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI).

1. O que é a mononucleose?

É uma doença infecciosa causada pelo vírus Epstein-Barr, que acomete principalmente indivíduos entre 15 e 25 anos.

2. Como o vírus é transmitido?

O vírus da mononucleose infecciosa é chamado Epstein-Barr e, de acordo com o Ministério da Saúde, a infecção por ele é muito comum. Uma variação do herpesvírus, o VEB é transmitido pelo beijo, pelo contato com objetos contaminados e por transfusão de sangue. O vírus também pode ser encontrado em secreções vaginais e no sêmen, podendo haver transmissão por via sexual.

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Na maioria das vezes, a pessoa infectada não apresenta os sintomas da doença ou acha que está com alguma síndrome respiratória típica do Inverno. A transmissão ocorre principalmente no período de incubação do vírus, que varia muito de quadro para quando, mas tende a durar de 30 a 45 dias.

Em alguns casos, o Epstein-Barr pode ficar inativo durante anos e acabar sendo despertado por uma queda de imunidade, por exemplo.

3. Quais são os sintomas?

O diagnóstico é feito através de exames de sangue (IGG e IGM), quando há suspeita por parte do médico. Os principais sintomas são dor de garganta, gânglios aumentados no pescoço, dor no corpo, febre alta, tosse e irritação na pele. Eventualmente, alguns pacientes podem ter comprometimento do fígado e do baço.

O vírus alojado na orofaringe
O vírus alojado na orofaringe ttsz/Getty Images
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4. Qual é o tratamento indicado?

O vírus Epstein-Barr atinge primeiro a orofaringe e depois contamina os linfócitos, conhecidos como glóbulos brancos, responsáveis pela produção de anticorpos. É por isso que rola aquela derrubada geral, sabe? Sensação de cansaço, dores no corpo, etc.

Não existe nenhum medicamente específico contra a mononucleose. O médico normalmente administra remédicos que combatem os sintomas, como antitérmicos, analgésicos e anti-inflamatórios. Como no caso da gripe, repouso é indicado, assim como a ingestão de muita água.

5. Existe alguma vacina contra a doença?

Não. Por isso, a prevenção é a melhor saída.

6. A “doença do beijo” pode mesmo dar esclerose multipla?

A princípio, a mononucleose é uma doença benigna, autolimitada e que não requer tratamento específico. Contudo, alguns estudos mostram que, por se tratar de uma variação do herpesvírus, alguns pacientes com predisposição a desenvolver esclerose múltipla podem apresentar a mononucleose como fator de risco.

Contudo, atualmente, não há estudos científicos significativos que relacionem diretamente a “doença do beijo” com a doença autoimune neurológica.

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