Na última sexta-feira (25/6), o tribunal de Chalon-sur-Saône, na França, concedeu liberdade a Valérie Bacot, que havia sido condenada a 4 anos de prisão por matar o ex-marido, Daniel Polette, que a violentava física e psicologicamente, com um tiro em 2016.
A francesa já havia cumprido um ano da pena quando foi enfim solta com a ajuda da advogada Nathalie Tomasini. Durante audiência, Bacot chegou a desmaiar de emoção quando sua liberdade foi anunciada. De acordo com Tomasini, apesar da condenação inicial de 4 anos, a mulher corria o risco de pegar uma prisão perpétua pelo que havia feito. “Agora é a hora de uma nova luta por todas as outras mulheres e por todos os maus-tratos”, disse Bacot em entrevista a jornalistas na saída do Chalon-sur-Saône.
Daniel Polette era 25 anos mais velho que Valérie e começou a estuprá-la quando eles eram ainda namorados e ela tinha 12 anos. Aos 17, a vítima engravidou pela primeira vez. Os dois ficaram 18 anos juntos e a mulher contou que ele continuou violentando-a durante todo esse tempo. Polette era um conhecido da família, que sempre deixava as portas da casa abertas para ele. Para a vítima, todo mundo sabia o que acontecia, apesar de familiares, como a própria mãe de Bacot, dizerem que não.
Em seu livro, publicado no último mês de maio, Tout Le Monde Savait (Todo mundo sabia, em tradução livre), Valérie narrou os anos de terror que passou ao lado do companheiro, com quem teve quatro filhos. Ela relata ainda que acredita que deveria ser punida pelo que fez, mas que matar Polette era a única forma de acabar com o tormento psicológico e físico que vivia. “Eu não sou apenas uma vítima. Eu o matei. É normal que eu seja punida. Mas se minha sentença for pesada, isso significará para mim que ele tinha o direito de se comportar da maneira como se comportou comigo“, escreveu na obra, lançada pouco tempo antes de a francesa ser libertada pela Justiça.
Além das violências dentro de casa, Daniel Polette, que era caminhoneiro, obrigava Valérie Bacot a se prostituir na parte de trás do seu veículo. Hoje, apesar de ser uma mulher livre, a francesa continua lutando diariamente contra o transtorno de estresse pós-traumático grave que desenvolveu após os anos de violência sofrida.